O médico André Sotero, ex-secretário municipal de Saúde, responsabilizou o Governo do Estado pelo caos na saúde pública. Segundo o ex-secretário, a qualidade na prestação de atendimento à saúde na rede pública degringolou em decorrência de medida adotada pelo Governo Estadual que retirou a certificação de alta complexidade do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) para os setores de ortopedia e neurologia e transferiu este certificado para o Hospital de Cirurgia, criando uma verdadeira dependência junto ao hospital filantrópico para a prestação de atendimento aos pacientes.
Mais grave, segundo o ex-secretário municipal, é que o Estado faz compensações, repassando ao Hospital de Cirurgia valores equivalentes a cinco vezes e chegando até a dez vezes superiores aos valores previstos na tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) para estes procedimentos. “Se o Huse fizer estes procedimentos não recebe a verba do SUS porque não tem a certificação de alta complexidade”, explicou o ex-secretário.
Como consequência, conforme frisou, os pacientes formam grandes filas nas macas do Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), aguardando vagas no Hospital de Cirurgia para a realização dos procedimentos. Como secretário, ele pretendia modificar esta prática. “Minha missão era diminuir nossa dependência do Hospital de Cirurgia, era acabar com o absurdo de contar pacientes que estavam morrendo por falta de serviços de hemodinâmica e de cirurgia cardíaca”, destacou Sotero.
Desvio de finalidade
De acordo com o ex-secretário, o Hospital de Cirurgia chegou ao caos na prestação de atendimento a pacientes oncológicos por ter promovido desvio de finalidade das verbas carimbadas que recebeu do Ministério da Saúde para a prestação destes serviços. Sotero revelou que o Cirurgia teria utilizado a verba carimbada para pagar salários e outros fornecedores, deixando de repassar os recursos para outras clínicas que o hospital filantrópico teria “quarterizado” para prestar os serviços oncológicos.
André Sotero revelou que os seis meses que passou exercendo o cargo de secretário de saúde de Aracaju foram os melhores de sua vida e saiu frustrado porque sua meta era permanecer um ano na pasta. “Mas fui forçado a sair”, destacou, fazendo referência à falta de autonomia para fazer as contratações dos assessores na pasta.
As revelações foram feitas na tarde desta segunda-feira, 20, ao prestar depoimento aos vereadores que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, instaurada pela Câmara Municipal de Aracaju para apurar os contratos firmados pela Prefeitura com os hospitais filantrópicos.
O Portal Infonet tentou ouvir representantes do Governo Estadual e também gestores que tiveram recentemente à frente do Hospital de Cirurgia, mas não obteve êxito. O Portal Infonet permanece à disposição de todos os envolvidos. Informações podem ser enviadas por e-mail jornalismo@infonet.com.br ou por telefone (79) 2106 – 8000.
Por Cassia Santana
Portal Infonet no WhatsApp
Receba no celular notícias de Sergipe
Acesse o link abaixo, ou escanei o QRCODE, para ter acesso a variados conteúdos.
https://whatsapp.com/channel/
0029Va6S7EtDJ6H43
FcFzQ0B