Superlotação de maternidade persiste e MPE cobra medidas

Audiência aconteceu na manhã desta sexta-feira, 7 na Promotoria de Saúde do MPE (Fotos: Portal Infonet)

A superlotação na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes continua na pauta do Ministério Público Estadual. Em audiência na manhã desta sexta-feira, 6, neonatologistas garantiram que o problema persiste, apenas reduzindo de 143% para 120%. Representantes da Secretaria de Estado da Saúde e da Fundação Hospitalar apresentaram aos promotores Nilzir Soares e Fábio Viegas, as medidas para minimizar a situação, como a abertura de novos dez leitos na Maternidade Santa Isabel até o dia 16 de julho. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SE) vai fazer uma fiscalização na próxima semana.

Ficou definido na reunião, o encaminhamento por parte dos representantes da SES e da Fundação, de uma solicitação ao governador Marcelo Déda, com levantamento de impacto orçamentário-financeiro, de autorização para contratação de horas extras aos médicos estatutários da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes também até o dia 16 e cópias ao MPE, do procedimento de contratação de uma empresa especializada para acelerar a realização de concurso público visando a contratação de médicos.

Nathalie Missink: "Problema é de gestão"

A médica Nathalie Missink destacou que o problema da Nossa Senhora de Lourdes é de gestão hospitalar, inexistindo fluxo regular de trabalho e desvio de profissionais para a realização de outras atividades. E que a categoria não aceita receber horas extras e continuar trabalhando sobrecarregada.

“Nós não temos interesse em horas extras, já trabalhamos muito, fazemos um esforço grande para atender várias crianças, atender telefone e providenciar materiais. O nosso interesse é que venham mais médicos e nós temos condições de treinar pediatras”, ressalta.

Sem Prescrição

A neonatologista Nathalie Missink disse que a demanda de trabalho é três vezes superior ao que se consegue fazer. “Temos uma demanda de trabalho três vezes superior ao que a gente realmente consegue. Um déficit muito grande em relação ao número de paciente e de pediatras. A Secretaria de Saúde, a Fundação Hospitalar e o Ministério da Saúde concordam que realmente é impossível. Diariamente ficam dez a 15 crianças de unidades intermediárias sem prescrição. Isso é diário, isso é crônico”, lamenta.

Angélica Resende: "Vidas sendo ceifadas por falta de atendimento"

“A superlotação diminuiu de 143% para em torno de 120%, só que ainda existe e a quantidade de crianças sem prescrição continua a mesma. Vamos deixar claro: os números de baixo risco diminuíram [as crianças que ocupam o aleitamento conjunto e a unidade intermediária], mas a ocupação da UTI Neonatal continua muito alta e quando se misturam esses números dá-se a impressão falsa de que houve uma diminuição real, quando na verdade a  superlotação na UTI Neonatal da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, continua alta”, enfatiza.

OAB

A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vai fazer uma fiscalização na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes nos próximos dias.

“São vidas que estão sendo ceifadas por falta de atendimento. Não é possível que a sociedade fique inerte esperando que as pessoas morram pra gritar depois, porque depois de morto não se resolve nada. Aqui foram citadas 16 mortes e na próxima semana vamos até lá verificar a situação. Estão improvisando em função da demanda grande, que é de responsabilidade do gestor. Tivemos mudanças nas duas secretarias de saúde em função de um gesto político e a população não tem nada a ver com isso. Paga muito caro pelo direito à saúde, que não está sendo cumprido”, desabafa a advogada Angélica Resende.

Regulação

Davi Souza: "Leitos da Santa Isabel e maternidade de Socorro vão desafogar"

O diretor Operacional da Fundação Hospitalar de Saúde, Davi Souza destacou as medidas apresentadas aos promotores Nilzir Soares e Fábio Viegas.

“Em curtíssimo prazo serão abertos 20 novos leitos na Maternidade Santa Isabel, sendo dez de UTI Neonatal e dez de cuidados intermediários [mais alto do que enfermaria e mais baixo do que UTI]. Já de cara vamos desafogar a Nossa Senhora de Lourdes”, explica.

Indagado pela reportagem do Portal Infonet se a medida não vai afogar a Santa Isabel, Davi Souza destacou: “Não afogaria porque a Santa Isabel está se organizando na elaboração de uma escala médica e de um espaço adequado para atender essas crianças. E também a gente vai iniciar o processo de regulação, quando um médico obstetra e um médico neonatologista vão receber a gestante e encaminhar para a maternidade adequada, deixando na Nossa Senhora de Lourdes apenas os partos de alto risco”.

Ele destacou também a abertura em 40 dias, da maternidade de Nossa Senhora do Socorro. “Essa maternidade vai oferecer 18 leitos e fazer cerca de 400 partos por mês, desafogando a Nossa Senhora de Lourdes e a Santa Isabel, vamos fazer a capacitação de enfermeiros e um chamamento nacional de médicos que queiram vir trabalhar em Sergipe para suprir a deficiência atualmente em torno de 35 médicos para todo o Estado”. Finaliza.

Por Aldaci de Souza

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