
A reposição hormonal masculina é um tema que tem ganhado destaque nos consultórios e na rotina de homens que buscam melhorar a qualidade de vida, energia e saúde. Apesar de ser frequentemente associada à estética, o tratamento tem indicação médica específica e pode transformar a rotina de quem apresenta deficiência de testosterona.
Para esclarecer dúvidas e reduzir tabus, o Portal Infonet conversou com o urologista e andrologista Breno Amaral, especialista em saúde do homem e coordenador da Andros – Centro de Saúde do Homem, em Aracaju. Durante a entrevista, o médico explicou quando a reposição masculina é realmente necessária, quais são os benefícios, os riscos e como funciona o tratamento.
Segundo Breno Amaral, o primeiro passo é entender que nem todo homem precisa repor hormônios. “A reposição só é indicada quando existe uma condição médica chamada hipogonadismo, que é a deficiência na produção de testosterona”, afirma.
O especialista destaca que, com o envelhecimento, a produção hormonal naturalmente diminui, mas apenas a queda associada a sintomas característicos, indica a necessidade de tratamento. “A reposição não é um recurso para estética ou performance. É um tratamento para uma doença”, reforça.
Quando a reposição é necessária
O hipogonadismo é identificado quando exames laboratoriais mostram testosterona baixa associada a sintomas como:
– Queda de libido
– Dificuldade de ereção
– Menos energia e disposição
– Humor mais irritadiço
– Perda de massa muscular
– Aumento de gordura corporal
De acordo com Amaral, esses sinais costumam aparecer principalmente após os 50 anos e são frequentemente confundidos com “coisa da idade”. “Muitos pacientes chegam dizendo que é normal sentir cansaço e desânimo. Mas quando existe deficiência hormonal, isso não é normal. E a reposição bem indicada muda a vida do paciente da água para o vinho”, afirma.
Para o médico, o objetivo não é apenas tratar sintomas, mas devolver qualidade de vida. “A energia melhora, o ânimo volta, a composição corporal melhora e a vida sexual acompanha tudo isso. O paciente volta a ter disposição para a família, para atividades físicas e para o dia a dia”, orienta.
Benefícios e riscos
Assim como todo tratamento médico, a reposição hormonal apresenta benefícios e riscos. Quando bem indicada e acompanhada, os resultados são amplamente positivos, segundo o especialista.
Entre os benefícios, Amaral destaca:
– Mais energia e vitalidade
– Melhora da libido e da função erétil
– Aumento da disposição
– Melhora do humor
– Ganho de massa muscular e redução de gordura
Por outro lado, os riscos aparecem principalmente quando o hormônio é usado de forma inadequada, em doses acima do que o corpo necessita. Nesses casos, podem ocorrer:
– Problemas cardíacos
– Risco aumentado de trombose
– Elevação excessiva das células sanguíneas
– Acne
– Queda de cabelo
O médico faz um alerta importante: é preciso separar reposição hormonal de uso estético. “O Conselho Federal de Medicina proíbe a prescrição de testosterona em doses suprafisiológicas para fins estéticos. Quando o paciente usa hormônio sem indicação, o risco é muito maior do que o benefício”, explica.
Como funciona o tratamento
No Brasil, existem diferentes formas de administrar testosterona:
– Implantes hormonais subcutâneos
– Injeções de curta ou longa duração
– Gel transdérmico
A escolha depende da preferência do paciente e do acompanhamento médico. “A melhor forma é a que o paciente consegue usar corretamente e com acompanhamento regular. É o acompanhamento que garante segurança e eficácia”, afirma Amaral.
Contraindicações e cuidados essenciais
Nem todos os homens podem realizar a reposição. A principal contraindicação é câncer de próstata ativo. Casos de câncer de mama masculino, embora raros, também impedem o tratamento.
O especialista reforça que o acompanhamento médico contínuo é indispensável, tanto antes quanto durante o uso do hormônio. “É o acompanhamento que permite colher benefícios e evitar riscos.”
A importância de separar reposição e uso estético
Para Amaral, existe ainda uma missão educacional importante. Ele destaca que muitas confusões surgem porque parte da população, e até alguns profissionais, não diferencia reposição adequada de uso para performance. “A testosterona não é vilã. O problema é o uso inadequado, em doses altas e sem indicação. Reposição é tratamento; uso estético é doping”.
Por fim, Amaral reforça que buscar avaliação não deve ser motivo de vergonha. “O cuidado com a saúde faz parte da responsabilidade com a própria vida. Quando a reposição é bem indicada, o paciente ganha bem-estar, qualidade de vida e saúde”.
por Marina de Sena e Aisla Vasconcelos
