Apesar de ser uma Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL) que presta assistência especializada a mulheres, ela também atende homens em situação de violência sexual por 24h, de domingo a domingo. Gerenciada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), a unidade conta com uma equipe multiprofissional, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, auxiliares de enfermagem, assistentes sociais e demais membros de apoio assistencial que disponibiliza acompanhamento as vitimas de violência sexual, durante um ano e acompanhamento com o psicólogo por tempo indeterminado.
O serviço de atendimento às vítimas de violência sexual provido pela Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL) é referência no Estado. A unidade fica localizada na Avenida Tancredo Neves, 5700, o telefone de contato para o Serviço de Atendimento a vitimas de Violência Sexual da MNSL é (79) 3225.8679.
De Janeiro a agosto de 2018 a unidade contabilizou 154 casos de vítimas de violência sexual, destas 117 da maior idade e 37 da menor de idade. Esse número pode ser ainda maior, já que alguns casos, não são notificados. Informou a coordenadora do Serviço de Atendimento a Vítimas de Violência Sexual, Lourivânia Prado.
Ela disse que é importante ressaltar que a vítima deve ser atendida até 72h, período que os profissionais da unidade conseguem realizar os procedimentos para preservação de doenças sexualmente transmissíveis. “É oferecido o coquetel retroviral do HIV e das hepatites, e a pílula do dia seguinte”, explicou Lourivânia. .A coordenadora informou que a paciente chega na unidade com um boletim de ocorrência, na maioria dos casos, e é acolhida pela equipe do Pronto Socorro.
Lourivânia esclareceu que o enfermeiro acolhe a vítima e direciona de imediato para o atendimento médico. “Se o caso for agudo precisará de medicamentos e testes de doenças transmissíveis. Nos casos de emergência é aplicado todo o procedimento do protocolo e direcionamos para o ambulatório – que atende por cerca de 1 ano, com acompanhamento médico, realização de exames laboratoriais, atendimento psicológico e do assistente social”, informou. Lourivânia explicou também que a maioria das pacientes ainda são mulheres e 90%, com faixa etária entre 10 e 12 anos de idade.
Confiança quebrada
“A maioria dos agressores são conhecidos do âmbito familiar, como pai, padrasto, tio e primo, isso restringe a confiança mesmo em família. Já as vítimas do sexo masculino que mais dão entrada aqui, possuem faixa etária entre os 7 e 10 anos”, disse. Lourivânia ressaltou que é muito importante o acompanhamento da psicologia, já que a vítima sofre o trauma físico e psicológico. “A pessoa agredida passa a ter comportamentos diferentes. O ideal é procurar atendimento, mesmo que não tenha sido feito o boletim de ocorrência ou exame no IML”, advertiu.
Lourivânia Prado, ressaltou que o abuso sexual praticado contra crianças pode ocorrer na família, através do pai, padrasto, irmão ou outro parente qualquer. Explicou também que o índice de violência se acentua na faixa etária de 2 a 10 anos de idade, sendo que, na maior parte dos casos, a agressão é praticada por familiares. disse Lourivânia.
Ela informou, ainda, que em 2017, (de janeiro a dezembro) foram registrados 288 atendimentos desse tipo, sendo 266 a menores de idade. “A violência é um crime. Nenhuma vítima é capaz de esquecer disso, mas um atendimento acolhedor, receptivo e, acima de tudo, humano pode ajudá-la a superar’’, atentou Lourivânia.
Conselho Tutelar
Marleide Batista de Farias, conselheira tutelar do município de Tobias Barreto, comentou que os casos de estupro de vulnerável têm crescido no país. “Quando ocorre esse fato o conselho tutelar é acionado e imediatamente procuramos o hospital para que a criança ou o adolescente realize exame para diagnosticar alguma doença sexualmente transmissível. A vítima pode ser atendida tanto pelo conselho tutelar como pelo plantão que presta serviço 24h, após isso a família e vítima são transferidas para um hospital, logo em seguida para uma delegacia, depois MNSL e por fim para um IML”, informou. A conselheira.
Segundo a conselheira tutelar, a maioria dos agressores são conhecidos da vítima e em muitos casos, são familiares. Ela destacou que mais de 90% dos acontecimentos são gerados pelo padrasto. “Deve-se prestar atenção nas pessoas de convívio próximo”, observou.
Olhos abertos
Ainda visando orientar as vítimas de violência sexual e na tentativa de evitar novos casos, Lourivania aconselha as pessoas a não se envolverem com estranhos. Que evitem andar em locais que sugerem falta de segurança. Ficar atento a sinais de mudança de comportamento em crianças e evitar deixar crianças sozinhas sem a proteção de uma pessoa adulta de confiança.
Quando o paciente recebe alta, ele passa a ser acompanhado por um profissional, no caso, um psicólogo, que passa a ser referência para esse paciente. “É importante entender que esse profissional acompanha a vítima de violência dentro e fora da unidade, através das consultas de retorno. Buscamos atender de forma mais prolongada aos que precisam de um apoio mais especifico. O atendimento acontece em um período de seis meses a um ano”, concluiu.
“A maioria das crianças não tem consciência de que uma atividade sexual entre adulto e criança é errada. Quem vai ensinar isso são os pais. Por isso, a educação sexual precisa deixar de ser tabu na família e na sociedade e fazer parte da vida da criança. Isso não quer dizer que os pais devem falar especificamente sobre o ato sexual ou estimulá-lo. Porém, devem orientar os filhos durante o banho, por exemplo, que ninguém pode tocá-la fora desse contexto”, disse Lourivânia.
Fonte: SES
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