Desde o dia 5 de janeiro elas enfrentam uma jornada de oito horas diárias, sob um sol escaldante e nenhum material de apoio fornecido. As luvas, máscaras, bonés e viseiras foram adquiridos por elas mesmas com o salário que ganham pela função, remuneração que este mês deverá ser abaixo do mínimo. Sob olhares dos informantes Enquanto varrem as vias públicas de Malhada dos Bois, todas são observadas por cinco homens de confiança do prefeito que, segundo elas, derrubam baldes com lixo e areia recolhido por elas propositalmente. “Falam que é pra gente varrer de novo e que isso tudo é pra gente aprender a votar certo”, diz Rita de Cássia. Revoltadas com a situação, todas foram à delegacia da cidade de Cedro do São João registrar queixa por assédio moral e exploração. Depois disso a situação foi um pouco amenizada. “Foi aí que aceitaram o atestado médico dela e nos deram direito a parar 15 minutos para beber água”, conta Maria Madalena. Ao perceber a presença da equipe do Portal Infonet no local, o secretário de Obras do município mandou o motorista de um trator ligar o veículo para que o barulho interferisse na comunicação entre a reportagem e as funcionárias. Meia hora depois mandou subordinados recolherem as vassouras das garis e saiu do local sem conceder entrevista. O prefeito de Malhada dos Bois, Augusto César, não estava na cidade no horário em que a equipe da Infonet esteve lá. Por telefone, tentamos contato com o gestor, mas sem sucesso até o momento da publicação. Na manhã de sexta-feira, 23, um representante e um advogado da Central Única de Trabalhadores (CUT) estiveram no município para analisar a problemática do desvio de função. Segundo o presidente da Câmara Municipal de Vereadores, José de Iran, é necessária a promoção de um concurso para garis na cidade. Por Glauco Vinícius e Raquel Almeida
Na cidade de Malhada dos Bois, a 90 km de Aracaju, uma cena de humilhação baseada em abuso de poder e intimidação política. Um grupo de mulheres, composto por atendentes e merendeiras, por exemplo, foram retiradas de seus postos de trabalho para varrerem as ruas da cidade. “Tudo isso porque não votamos no prefeito”, explica Rita de Cássia, auxiliar de serviços que virou gari. Elas se aglomeraram no centro da cidade para reclamar
“Já tivemos quatro dias cortados. Um dia duas colegas nossas desmaiaram por causa do trabalho e cortaram nosso ponto porque fomos socorrer”, fala Gicelma, aprovada em concurso para servente que reclama da atual função. Segundo outras companheiras, certa vez o ponto chegou a ser cortado porque elas pararam para beber água. Mulheres só receberam vassouras de baixa qualidade para o trabalho
No primeiro dia de trabalho, esses informantes bebiam champagne enquanto assistiam as mulheres recolherem uma quantidade de areia que encheu três caçambas. Entre elas, nesse dia, uma merendeira recém-operada, que precisou retirar o útero há três meses, cujo atestado não foi aceito inicialmente pela prefeitura. Rita de Cássia (centro da foto): revolta com a humilhação
Intimidação à nossa equipe Gicelma e Maria Madalena; ao fundo, trator ligado para atrapalhar a reportagem
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