Médico do Huse denuncia caos na saúde pública

Marcos Krugger: caos instalado (Fotos: Portal Infonet)

A reunião dos médicos com o diretor clínico do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) e diretor do Hospital de Cirurgia revelou o caos instalado na prestação dos serviços nas unidades de saúde mantidas pelo poder público. O médico do Huse, Marcos Krugger, fez revelações bombásticas e denunciou que nas unidades da capital e do interior do Estado há plantões fictícios, com escalas incompletas e profissionais que cumprem carga horária reduzida.

Segundo revelou, há profissionais que passam cerca de duas horas nos plantões quando deveriam cumprir carga horária de cerca de seis horas. Para o diretor, a superlotação do Huse não é provocada por pacientes proveniente de outros Estados, mas da própria deficiência da rede que não funciona a contento nos municípios sergipanos. Ele disse que a movimentação de pacientes de outros Estados não ultrapassa a casa dos 8%. “As unidades do interior de Sergipe não funcionam a contento porque as escalas estão ruins”, enalteceu.

Há também escassez de medicamentos e de material. “Não tem roupa, nem tem sala para operar”, enalteceu. “Não dá para esconder a situação, temos um plantão desumano para qualquer equipe”, ressaltou. O diretor citou também problemas com a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Nestor Piva, onde os profissionais, segundo ressaltou, estão transferindo os pacientes para o Huse alegando falta de condições de trabalho.

Cirurgia

Gilberto fala sobre crise com a PMA

O diretor do Hospital de Cirurgia, Gilberto Santos, falou da crise daquela unidade que está de portas fechadas para o atendimento ao público. O atendimento está garantido, segundo enfatizou, para os aqueles que já estavam internados, mas a unidade não está recebendo novos pacientes.

Segundo o diretor, a Prefeitura de Aracaju possui débito superior a R$ 12 milhões , o que tem inviabilizado o funcionamento do hospital. A dívida corresponde aos serviços prestados a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) durante o período que se estende entre os meses de setembro e dezembro do ano passado.

A diretoria do Sindicato dos Médicos (Sindimed) ouviu os desabafos de ambos dos convidados e considerou a situação grave. O presidente em exercício, José Menezes, quer uma solução para todos os problemas num prazo mínimo possível e defende a reabertura imediata do Hospital de Cirurgia por entender a importância da instituição para a comunidade.

Para ouvir a versão da Prefeitura de Aracaju, o Sindimed já marcou reunião para a próxima sexta-feira, 24, às 11 horas com o secretário Luciano Paz, da Saúde, para “ouvir a versão do município”.

Médicos ouvem detalhes sobre os serviços

A diretoria do Sindimed realizou inspeção no Hospital Jessé Fontes, do município de Estância, e nesta terça divulgaou os resultados. De acordo com o relatório, a unidade não deve ser classificada como hospital em decorrência dos graves problemas detectados.

Lá, conforme o relatório do Sindimed, não possui serviço de ortopedia, está sem escalas completas, falta insumos, número de profissionais é insuficiente para prestar o atendimento, o banco de sangue está sem funcionar à noite nem nos fins de semana, não há enfermaria pediátrica, os vínculos empregatícios dos empregados são precários, falta constante de medicamento e há casos de suspensão de cirurgia por falta de enfermeiros.

O Sindimed também denuncia falta de segurança na unidade e revela que os seguranças contratados servem apenas para preservar o patrimônio da unidade. Cópia do relatório será encaminhada ao Ministério Público Estadual.

FHS

 
A Fundação Hospitalar de Saúde (FHS) informou, através de nota, que o Hospital de Urgências de Sergipe encerrou o ano de 2014 com cerca de 170 mil atendimentos e que a unidade cumpre um papel importantíssimo no atendimento das vítimas de média e alta complexidade.

A nota diz ainda que o hospital recebe muita demanda de baixa complexidade que deveria ser tratada em outras unidades de saúde, o que dificulta o planejamento de insumos e medicamentos, além de sobrecarregar a equipe. Tal fator provocaria eventuais desabastecimentos, que também podem ser relacionados com a falta de alguma substância no mercado nacional.

Sobre o hospitais do interior, a FHS afirma que eles cumprem com seu papel de atender a baixa e média complexidade e que atualmente, a taxa de transferência de todas as unidades geridas pela FHS giram em torno de 0,7% a 1.9%, o que comprava que os hospitais do interior são resolutivos.

Em relação à escala, a FHS diz que há déficit pontuais de recursos humanos em decorrência de pedido de exoneração e aposentadorias, que é corrigido com horas extras feitas pelo quadro de profissionais da unidade.

Em relação ao Hospital Regional de Estância, o serviço de ortopedia será reaberto em março deste ano. Em um primeiro momento, o hospital garantirá cirurgias de baixa e média complexidade. No momento, para ortopedia, temos o Hospital Amparo de Maria, na mesma cidade, além dos hospitais regionais de Lagarto e Itabaiana, que dão retaguarda à unidade.

No que diz respeito a escalas médicas, o hospital de Estância está com a escala praticamente completa, inclusive houve incremento de clínicos gerais de dois para três médicos por plantão. No tocante a medicamentos, a unidade é abastecida semanalmente.

SMS

A Secretaria Municipal de Saúde alegou que a informação de que as escalas nas Unidades de Pronto Atendimento de Aracaju (UPAs) são fictícias não procede e que as UPAs realizaram juntas no ano passado 227.674 atendimentos.  O coordenador da Rede de Urgência e Emergência (Reue) da Saúde de Aracaju, René Porto, afirmou que houve um aumento considerável de agosto a dezembro 2014 devido à estabilização dos estoques e dos insumos e o restabelecimento das escalas de plantões dos médicos. “Diante deste quadro, é possível presumir que tal informação acerca do não cumprimento da escala não procede”.

René Porto afirmou ainda que além de pacientes clínicos, as duas UPAs atendem casos cirúrgicos e ortopédicos,  e ainda possuem suporte diagnóstico 24hs, 7 dias por semana de laboratório, RaioX e Eletrocardiogramas, sendo que na UPA Nestor Piva possui também Ultrassom.

Outro item que merece destaque, segundo René Porto, está atrelado aos atendimentos ortopédicos que ficaram numa escala de mais 14.700 casos no último ano, e foram prestados a pacientes da capital sergipana e também de municípios.

Em relação ao Hospital de Cirurgia, a SMS informou que uma comissão formada por representantes da Saúde de Aracaju e da unidade hospitalar está fazendo aferição dos serviços que foram efetivamente realizados.

Por Cássia Santana

A matéria foi alterada às 17h10 para acréscimo de informações enviadas pela FHS e SMS.

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