O consoante dissonante

Fora de Sergipe há oito anos para divulgar seu trabalho em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, Dissonância conquistou a simpatia do Sul do país e de outros países. As críticas são as mais variadas e vêm de veículos como “Jornal do Commercio”, “O Estado de Minas” e da “Universidade de Manchester”, do professor doutor Vladimir Jankovic, que diz que “ele é o mais consoante dissonante que já ouvi”.

Em Sergipe, o dissonante presta uma entrevista ao Portal InfoNet e mostra um pouco de seu trabalho antes do seu show, que acontece nos dias 15 e 16 de março, às 21 horas, no Espaço Cultural Yázigi (Rua Vereador João Calazans, 494, praia 13 de Julho).

PORTAL INFONET – Por que o nome Dissonância? Você se considera dissonante do tipo de música que é feita em Sergipe?

Jorge Dissonância – Não sou pretensioso. Dissonância é um apelido antigo dado por amigos por eu ter facilidade com os acordes dissonantes. Há um mito de que estes acordes são uma espécie de esfinge da música, que eles seriam mais difíceis de serem trabalhados.

INFONET – Você acha que seu trabalho é mais valorizado lá fora ou aqui no Estado?

JD – O trabalho está sendo bem aceito lá fora. Aqui, o pessoal não conhece muito bem o que eu faço, mas acho que é porque o público sergipano ainda não está muito aberto para o experimental. Lá fora, as pessoas já têm um desejo maior de conhecer coisas que não se encaixam muito bem em um padrão.

INFONET – Há alguma sensação de incômodo porque o povo de sua própria terra não lhe conhece muito bem?

JD – Nunca parei para pensar nisso. Estou mais preocupado em fazer música e levá-la para o maior número de pessoas do que com a questão da valorização. Ainda considero que tenho muito a fazer em minha carreira e tem mais: não costumo fazer julgamentos a respeito do assunto porque procuro entender o posicionamento das pessoas.

INFONET – E o que você levou de Sergipe e trouxe lá de fora para a nossa terra?

JD – Saí daqui com algumas coisas prontas, que precisavam ser melhoradas. Lá fora, durante as viagens, consegui ir melhorando cada uma delas. Quando você fica fora por longos períodos, vai percebendo algumas características que existiam em seu habitat natural. Então foi uma troca, o que eu levei daqui, lá eu melhorei.

INFONET – O que pode ser dito sobre o seu novo show, o Beijo-in?

JD – Eu trato das minhas raízes africanas e nordestinas. Do Nordeste, eu resgatei os ritmos, as frases, o folclore. Da música africana, eu trouxe os tambores e principalmente aquelas características desse povo que ainda estão em nossa essência. Como se tratam de ritmos fortes, junto a eles eu coloquei o jazz, que suaviza e dá leveza a ambos. Há quem diga que esta é uma nova performance musical, acho que dizem isso, principalmente, porque são trabalhos que ainda não estão definidos. Eu, como músico, espero que nunca se definam, assim, vou ter muito ainda o que trabalhar nesse campo.

INFONET – A volta para Sergipe é definitiva?

JD – Não. Só vim para fazer este show, rever os amigos, a família. Na verdade, vim por convocação dos amigos.

INFONET – Quais os novos projetos que você pretende desenvolver até a próxima volta ao Estado?