Cordelista Gilmar Santana lança obra sobre João Sapateiro

Gilmar Santana, há cinco anos na literatura de cordel  
‘Poeta João Sapateiro – Orgulho do meu lugar’, este é o título do trabalho do cordelista sergipano Gilmar Santana, que será lançado no próximo dia 23, durante a Feia de Sergipe. A obra retrata a vida e história de um poeta popular da cidade de Laranjeiras, que por conta de seu ofício ficou conhecido como João Sapateiro. Este é o segundo volume da Série Cultura Sergipense, através da qual o cordelista pretende contar a história de personagens marcantes da cultura sergipana, o primeiro livro da série foi dedicado a Josa, sanfoneiro conhecido como o ‘Vaqueiro do Sertão’. Além de escrever seus folhetos em cordel, Gilmar Santana, mantêm um trabalho de resgate e divulgação da literatura de cordel no Estado, ele já conseguiu entre, outras coisas, criar a primeira cordelteca do Estado, localizada na Biblioteca Municipal Clodomir Silva. Para conhecer um pouco mais sobre as obras e os projetos dele, você confere agora a entrevista concedida ao Portal Infonet. 

 

Obras da série: “Poeta João Sapateiro – Orgulho do meu lugar” e “Josa, o Vaqueiro do Sertão”
Portal Infonet – Fale um pouquinho deste seu novo trabalho sobre o poeta João Sapateiro.

Gilmar Santana – Eu escrevi este trabalho João Sapateiro para dar continuidade a serie que eu me propus a escrever, que fala da cultura sergipense, principalmente sobre cultura popular. Eu conheci João Sapateiro pessoalmente há quatro anos, e fiquei encantado com a simplicidade dele. Hoje ele está com 88 anos e meio debilitado por conta da diabete, que já o deixou cego. O que me levou a escrever sobre ele foi a simplicidade, a humildade, a pureza e a riqueza que tem na poesia dele. A rima, a métrica, as figuras que ele coloca na poesia são muito interessantes. O trabalho dele é muito rico. E no cordel a gente conta toda sua história de vida, desde a saída de Riachuelo, cidade onde nasceu, a passagem por Aracaju, onde foi engraxate,  e a ida para Laranjeiras, foi lá onde ele passou a ser sapateiro e começou a escrever seus poemas. Como o normal do cordel, as histórias são pequenas, mas conta o que deveria contar sobre a vida dele.

 

 

Infonet – Qual a importância desta série para a cultura sergipana?

GS – O meu objetivo com esta série, e a importância dela, é preservar figuras que de repente possam ser esquecidas e também de divulgar o trabalho destas pessoas que fizeram tanto pela cultura de Sergipe, cada um na sua arte. Talvez só o meu trabalho não cumpra essa missão, mas é uma tentativa de não esquecer que também temos grandes talentos.

 

 

Infonet – É muito trabalhoso realizar as pesquisas e elaborar essas obras sobre esses personagens?

GS – O problema maior principalmente nestes dois primeiros e num outro que estou tentando fazer sobre Zé Peixe, foi pela questão dessas pessoas estarem muito idosas e com problemas de saúde. Tirando a dificuldade de ter o primeiro contato e chegar a

fazer a primeira entrevista, não há dificuldades. Depois disso a gente faz a seleção do que é mais interessante contar sobre aquele personagem e começa a transformar aquilo em verso. O trabalho maior é mesmo na hora de publicar, se não tivermos a contribuição de alguns conhecidos que valorizam a nossa cultura, isso não seria possível.

 

Infonet – Apesar das dificuldades é gratificante a realização deste trabalho, em termo pessoal e de retorno financeiro?

GS – E gratificante em termo pessoal, porque eu tenho isso como uma missão e não como uma profissão que eu tenho que fazer para ganhar dinheiro. Deus me deu esse dom e tenho a missão de preservar a literatura de cordel e esses nomes da nossa cultura. Financeiramente, da venda da literatura não é muito boa. Em Sergipe, eu conheço dois cordelistas que vivem de cordel, o João Firmino Cabral e o Jocelino de Alexandria, um poeta de Lagarto que anda em vários Estados,

mas ele não vive bem. O João Firmino, já está aposentado, filhos criados, e tem uma banca de cordel no mercado. Mas se fosse pra eu manter minha família não dá. Além de fazer cordel, eu coordeno um projeto de alfabetização no Estado, de uma Ong de São Paulo em parceria com a Petrobras, e sou educador popular.

 

Infonet – Como foi a implantação da cordelteca da biblioteca Clodomir Silva?

GS – Eu apresentei dois projetos à diretoria da biblioteca, um de um encontro de literatura de cordel e o da criação da cordelteca, na época só foi aprovado o segundo. Aí eu fui contratado por um período de três, renovado por mais três meses. Eu fiquei responsável pelo levantamento dos cordelistas sergipanos e das obras que já tinham em acervo, e ainda fazer uma campanha de doação de cordéis. Consegui deixar um acervo de 700 obras. Mas além deste espaço, eu também trabalhei na reabertura da sala de leitura popular da biblioteca Epiphânio Dórea, que deve ter em média 500 obras.

Por Carla Sousa

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