Maestro completa cinco anos à frente da ORSSE

Guilherme Mannis: amor à música clássia (Foto: Portal Infonet)

O amor pela música, acima de tudo.  Após cinco anos à frente da Orquestra Sinfônica de Sergipe (ORSSE), o músico Guilherme Mannis tem o que comemorar.  Diretor Artístico  e Regente Titular da ORSSE desde 2006, Guilherme vem desenvolvendo um  projeto de inserção da orquestra no cenário artístico nacional e de formação de plateia, despertando a admiração de todos que acompanham esse trabalho.

Com 31 anos, Guilherme Mannis já esteve à frente de importantes grupos orquestrais brasileiros como a Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), a Orquestra de Câmara do Amazonas e Petrobras Sinfônica.

Nesta entrevista, que o leitor terá acesso abaixo, ele fala um pouco da sua trajetória.

Portal Infonet – Como surgiu o convite para reger a ORSSE?
Guilherme Mannis
– O convite surgiu em 2006. Na época, era assistente na Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto e pensei: "Se há uma hora em minha vida para assumir um desafio desses, essa hora é agora." Na época, tinha 26 anos, e Sergipe não tinha nenhuma relevância na música clássica nacional.

Infonet – Qual foi o principal desafio à época?
GM
– O primeiro desafio foi colocar a orquestra pra funcionar, de forma profissional. O grupo tinha deficiências numéricas de instrumentistas, pessoal inexperiente e estava, na área administrativa, completamente desorganizado. A partir de 2007, com muito trabalho, fomos conseguindo dar forma ao trabalho que imaginávamos.

Infonet – Na sua visão, o que mais mudou na orquestra durante esses cinco anos?
GM –
A maneira de encarar as coisas. A ORSSE é elogiada por ser uma orquestra que quer estudar, quer melhorar, quer fazer bonito. O músico aqui, quando erra, fica decepcionado, chateado. Temos todos aqui a intenção de sempre fazer o melhor. Além disso, hoje é uma orquestra respeitada, terminará esse ano sua quinta temporada anual, tem grandes músicos em seu quadro. Enfim, é um grupo que nos enche de orgulho.

Infonet – Nessa trajetória, quais foram os momentos mais especiais?
GM
– O Governo de Sergipe proporcionou momentos fantásticos à ORSSE, nos quais destaco a primeira viagem do grupo a São Paulo, em 2008, a vinda de Nelson Freire e Maria João Pires a Aracaju, a realização da turnê Brasil em 2009, a realização das óperas e inúmeros concertos, alguns dos quais marcaram nossas vidas e nossas corações.

Infonet – O senhor constantemente é convidado para apresentar-se com orquestra de outros Estados e até de fora do país. Quais as semelhanças e diferenças que apontaria entre a ORSSE e as demais?
GM
– A ORSSE é jovem, e como tal tem suas belezas e suas deficiências. Sua principal virtude é a garra, o brilho, a energia, e sua principal defasagem é a falta de experiência. A diferença principal é que a ORSSE, diferentemente de qualquer outra orquestra no mundo, tem a cara de Sergipe, e sabe se comunicar com seu povo e expressar o sentimento de sua terra como nenhum outro grupo. Isso para mim é a mais pura expressão da "Sergipanidade", conceito tão difundido em nossa sociedade atual.

Infonet – De que forma o Governo do Estado incentiva os músicos da orquestra a se capacitarem? Isso acontece?
GM
– Sem dúvida. Nós temos uma política de realização de masterclasses com os solistas convidados. Sempre que vêm tais músicos, eles passam as tardes capacitando nossos profissionais. Além disso, concedemos, sempre que possível, períodos de folga para aperfeiçoamento e incentivamos os músicos a participarem de festivais por todo o Brasil.

Infonet – Quem, na verdade, são responsáveis pelos instrumentos? Os músicos recebem algum abono salarial para usar o instrumento deles (de uso pessoal)?
GM
– Os instrumentos são pessoais, com exceção do instrumental de percussão, que pertence à orquestra. A manutenção, como acontece em outras orquestras, está a cargo de cada músico. Abono seria uma boa solução, mas creio que o cerne da questão consiste na defasagem salarial dos músicos da ORSSE em relação a outras orquestras análogas. Estamos conversando internamente para resolver esse problema. De qualquer forma, trabalhamos com músicos de grande senso de responsabilidade, e, mesmo com a defasagem, a qualidade de seus instrumentos e também de sua atuação, individualmente, melhora a olhos vistos, ano a ano. São guerreiros.

Infonet – Quais os critérios para o processo de seleção dos músicos? Pelo que sei a ORSSE atualmente têm mais músicos de outros estados do que sergipanos.
GM
– Os critérios são simples. Todos os ingressantes na ORSSE passam por uma prova, constituída por uma banca, que analisa currículo e performance dos candidatos. Os que demonstram proficiência são aceitos e passam a compor o grupo orquestral. Em relação ao número de sergipanos, felizmente ele vem aumentando: os músicos que trouxemos para o projeto já estão lecionando e formando alunos capazes para ingressar na orquestra e ali fazer a sua carreira. Entre as orquestras profissionais, posso dizer que a nossa, se não for a que possui maior número de músicos locais, é uma das primeiras.

Infonet – Qual a sua análise da qualidade de ensino do Conservatório de Música? O que acha da crítica comum entre alguns professores de “que o local tem tudo para ser um grande centro desta arte e também de formação de grandes músicos", mas está ‘abandonado’?
GM
– Para sua atual estrutura, o conservatório faz muito. Tem um número grande de alunos, alguns bons professores, instiga bom número de jovens para a arte. É óbvio que ele pode fazer muito mais, sobretudo se, no quadro de professores, tivéssemos os talentos presentes na ORSSE. No momento, por impedimentos legais, nenhum músico da orquestra pode dar aulas no conservatório. Essa questão precisa ser sanada para que Sergipe possa edificar um grande projeto pedagógico-musical capaz de abranger não só a área de performance, que é a nossa, mas também a área do ensino universitário e infantil.

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