Secult apresenta obelisco em homenagem Hermes Fontes

(Foto: Divulgação)

Oferecer um tributo a um ícone da literatura sergipana através de um monumento em sua cidade natal. Essa é a proposta do projeto de obelisco desenvolvido pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult) em homenagem ao poeta e jornalista Hermes Fontes e que foi apresentado no município de Boquim nesta quinta-feira, 28.

O obelisco, cuja obra está orçada em R$ 50 mil, deverá ter cerca de cinco metros quando finalizado, será erguido na Praça Hermes Fontes, localizada na cidade de Boquim. A escolha não se dá por acaso – além de levar o nome do escritor, o local possuía um busto com sua imagem, construído em 1943. Anos mais tarde, porém, a escultura foi removida da praça, restando apenas a pedra que lhe servia de base.

Para o secretário-adjunto da Secult, Wellington Mangueira, que apresentou o novo obelisco aos boquinhenses, a importância da figura de Hermes Fontes estará representada pelo marco. “Era um homem fluente e influente. Era um homem que escrevia com muita capacidade literária e que impressionou muito as pessoas do seu tempo. No plano político, Hermes Fontes se antepôs a visão militarista, tendo participado ativamente da campanha civilista comandada por Rui Barbosa”, explicou.

Também segundo Mangueira, as contribuições de Fontes ao cenário cultural brasileiro podem ser vista como um exemplo – e ajudar no desenvolvimento do município. “A cidade de Boquim, o Estado de Sergipe e o Brasil têm muito que se orgulhar desse homem. O obelisco é algo que nos ajuda a buscar o processo civilizatório. A Secult concluiu que o povo de Boquim ansiava por esse resgate histórico”, disse o secretário-adjunto.
A apresentação do projeto ocorreu durante o Festival Cultural e Literário Hermes Fontes, que celebra o dia de nascimento do escritor com apresentações musicais, lançamento de projeto e de livro, premiação de concurso literário e uma exposição. A obra de execução do obelisco ficará sob  responsabilidade da Prefeitura Municipal de Boquim.
Hermes Fontes: brilhantismo e tragédia

Nascido em Boquim em 28 de agosto de 1888, o literato sergipano Hermes Floro Bartolomeu Martins de Araújo Fontes teve uma carreira de ascensão acelerada. Aos oito anos, mudou-se para Aracaju, onde impressionou os professores pela precocidade. A fama chegou até o presidente do Estado, Martinho Garcez, que o levou ao Rio de Janeiro e custeou seus estudos na então capital federal. Fontes tinha apenas dez anos.

Aos 15 anos, o escritor passou já a colaborar com o jornal O Fluminense, e com a Rua do Ouvidor em seguida. Um ano depois, em 1904, fundou A Estreia com Júlio Surkhow e Armando Mota. Daí em diante os nomes da trajetória jornalística se acumulariam aos montes: Fontes passou pelas redações diversas ao longo de sua vida, como a do Correio da Manhã e de Fon-Fon. Também trabalhou com caricaturas e charges. Em 1911, formou-se em Direito na Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais, mas não exerceu a profissão.

Além da atuação jornalística, Hermes Fontes se destacou em outra área das letras: a poesia. Seu primeiro livro foi Apoteoses, de 1908. Em seguida, vieram Gêneses, de 1913, Ciclo da Perfeição, de 1914, Miragem do Deserto e Epopeia da Vida – ambos de 1917 –, Microcosmo, de 1919, A Lâmpada Velada e Despertar – ambos de 1922 –, e A Fonte da Mata, de 1930. Também compôs, em parceria com Freire Júnior, os versos de Luar de Paquetá e A Beira Mar, modinhas que ficaram famosas nas gravações de Orlando Silva e Carlos Galhardo.

Apesar da mudança para o Rio de Janeiro, o escritor mantinha uma relação especial com sua terra, a quem dedicou o livro Despertar. Fez parte da criação da Academia Sergipana de Letras, em 1929, recebendo o título de fundador da cadeira 16 da instituição.

A vida de Hermes Fontes teve, entretanto, vários insucessos e angústias que possivelmente culminaram no seu suicídio, em 1930. Dentre eles, estão as decepções amorosas e as contínuas tentativas mal-sucedidas de adentrar a Academia Brasileira de Letras. O autor faleceu no Rio de Janeiro.

Fonte: Secult