Carta para Raissa

Domingo, 04 de julho de 2010

 

 

 

Sei que não nos conhecemos. Mas sei muito sobre sua vida! Desde domingo acabei entrando nos detalhes de seu “namoro” e me vi entre a chateação e a vontade de conhecer você pessoalmente. Explico:

 

Estava jantando quando, inevitavelmente, acabei ouvindo a conversa de seu suposto namorado, ou ficante, ao celular. Não sou do tipo que presta atenção na vida alheia assim, mas o volume da conversa era muito alto e se ele não estava se importando com o conteúdo da história quem seria eu para não escutá-lo. Raissa, minha querida desconhecida, o rapaz parece mesmo gostar de você e isso me permito atestar depois de vê-lo desolado no canto da mesa, quase em gestos de humilhação PÚBLICA para tentar tocar seu coração.

 

Só existe uma coisa pior do que uma mulher rejeitada: Um homem rejeitado! Nós não fomos alfabetizados, sentimentalmente falando, para lidarmos com certos sentimentos e principalmente com um amor não aceito! Tive pena do cara, mas ao mesmo tempo tive vontade de rir dele, porque se existe um momento para chorarmos ou cobrarmos atenção do ser-amado, este momento não seria um restaurante, uma lanchonete.

 

Quer chorar? Fica em casa, né? Acho que você pensa assim, porque ele descreveu categoricamente suas atitudes Raissa e percebi que você é uma jovem mulher sem coração. Dessas que destrói os sentimentos da gente e saí com as amigas para curtir uma baladinha vulgar e sem expressão, tudo pelo simples fato de que não estar nem aí para o outro (o ser-deixado-de-escanteio). O que tem de mulher assim no mundo e confesso que essas são as mais felizes, arranjam sempre os melhores casamentos, quando não engravidam de cantores sertanejos ou jogadores de futebol. É uma fauna, certamente!

 

Raissa, por que você não encarou este pobre coitado e lhe disse as verdades que você mascarou? Quer dizer, você mascarou mesmo ou ele que pensou ter encontrado a mulher da vida dele? Digo isso, porque ele bradou em seu discurso algo do tipo: “Nunca me vi assim tão ligado em uma mulher” e “não sei o que está acontecendo comigo, você só quer saber de curtição e eu fico em casa pensando em você. Esta noite não consegui dormir pensando em você”. Ah Raissa, o que uma mulher quer da vida? O cara se declara pra você enquanto aguarda o pedido de seu jantar chegar, deixa todos nós ouvirmos seu discurso desesperado e você não tem nenhuma reação positiva? Você é mesmo culpada ou ele é um idiota cego que não viu os sinais? (quantas perguntas ficaram em minha cabeça…).

 

Na verdade me desculpe, mas é que se tem uma coisa que entendo é de coração partido. E talvez por isso esteja aqui lhe escrevendo tentando mobilizá-la e impeli-la de deixar esse pobre coitado que tanto lhe suplicou atenção. Raissa, nós os garotos de corações partidos sempre nos mobiliamos e nos ajudamos, por isso esta comoção de minha parte. Ali não era apenas ele, éramos todos nós. Bom, sei que talvez você tenha seu motivo para esnobar o desgraçado. Sei lá quisesse apenas uma curtição com ele, mas, acho que não foi assim que ele compreendeu a história de vocês dois. E daí veio a dor do amor se instalar no peito do condenado. Todo mundo que já amou sem ser correspondido é condenado a pelo menos lidar com seu sofrimento, com todo o sangue derramado. Às vezes precisamos que vocês mulheres nos direcione até o precipício porque mesmo sabendo o caminho, temos problemas de direção quando o assunto é amor. Coloque um mapa em nossas mãos e descobrimos tesouros, mas dê um fora num homem e verá um cego tateando num labirinto de graxa.  É uma coisa ridícula. Que horror!

 

No decorrer de seu chororó, ele nos deixou ouvir que a sua própria irmã já tinha o alertado que você “era muito independente, do mundo”, mas talvez ele desejasse ouvir isso de você e pelo que notei você estava “cozinhando” essa frágil relação talvez por capricho. Mulher quando inventar de fuder a cabeça de um homem, ela pode fazê-lo cometer desgraças em nome do que ela o convenceu ser certo. Sei que nas relações, um precisa amar mais o outro, só assim a ligação será mantida. Sempre vejo os relacionamentos como dois laços, um mais forte que o outro, mas interdependentes e co-participantes. E isso poderá ser alternado. É a vida.

 

Provavelmente a gente nunca se conheça pessoalmente ou você leia esta carta aqui publicada e saiba que é para você que escrevo, mas quero lhe aconselhar uma coisa assim mesmo:

 

Da próxima vez que você perceber um babaca se aproximar de você, e gradativamente perder o chão ao amá-la, vá com calma!  Deixe-o ciente. Seja sincera e não o faça desperdiçar seu tempo com um quase amor ridículo, que o levará a te ligar no meio da noite, de um restaurante público, com um desrespeitado público constrangido por ouvir tanta tristeza. Raissa, talvez você não seja a última mulher que destruirá o coração do idiota. Sei que ele ainda encontrará outras pessoas em seu caminho que o farão lembrar de você como a primeira desgraça de sua vida.Você foi a primeira, mas não será a última. Tenho certeza disso!

 

Um abraço!

 

 

Jaime Neto.

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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