População tem papel fundamental no combate ao Aedes aegypti

Thaíse Cavalcante reforça como é importante a colaboração das comunidades (Foto: Marco Vieira)

O último Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa) realizado em Aracaju apontou, mais uma vez, uma redução dos números relacionados à infestação do mosquito transmissor da dengue, da chikungunya e da zika. Mas, entre os pontos do levantamento, o que mais chamou a atenção foi a diminuição significante dos índices de alguns bairros que, no quarto LIRAa, realizado em julho, foram classificados como locais de alto risco e, no quinto, concluído em setembro, passaram a ser localidades de baixo risco. Isso ocorreu, entre outros fatores, dada a participação da comunidade em torno da prevenção.

O bairro Cidade Nova, localizado na zona Norte da capital, foi o que teve a mudança mais tangível. No quarto LIRAa, ele apresentou um índice de 4,4, considerado alto risco, já no quinto, surpreendentemente, foi registrado o índice de 0,3, de baixo risco. Esse acentuado registro se deu, além de um trabalho mais eficaz por parte dos agentes de saúde, devido a uma conscientização dos moradores, muitos que sentiram de perto os efeitos da falta de cuidado.
Foi o caso de dona Maria de Lourdes Costa Santos, moradora do bairro há mais de 40 anos. Em sua residência, ela mora com a mãe e uma sobrinha de 1 anos e 4 meses. Tempos atrás, ela teve dengue e chikungunya em momentos diferentes, mas, as lembranças das dores e dos constantes incômodos ainda soam forte, o que só a fez intensificar os cuidados. “Eu sempre procurei cuidar bem da minha casa. Por exemplo, eu até acumulo água na lavanderia, mas, apenas enquanto estou fazendo uso para lavar roupa. Depois, tiro toda a água e limpo o local. Sempre recebo os agentes em minha casa e eles fazem questão de me explicar como devo fazer, mas, não adianta um só fazer, todo mundo tem que ajudar”, contou.
A vizinha de dona Lourdes, Márcia São Pedro, também é outra moradora consciente do Cidade Nova e que tem atuado como uma espécie de cidadão agente. Há cinco meses, ela saiu de uma casa do bairro e se mudou para outra um pouco maior que, inclusive, possui um quintal, fonte de sua grande atenção. “Tenho o maior cuidado com qualquer coisa que deixo no quintal porque sei que pode servir de criadouro do mosquito. Me policio muito para não deixar água parada e sempre coloco areia nos vasos de planta para não juntar água. Quando os agentes de saúde chegam em minha casa, eles não têm do que reclamar, está tudo ajeitado”, garantiu.
Na casa do senhor Arnaldo Francisco Góes até as lavanderias foram trocadas. “A gente sabia que aquelas lavanderias mais antigas, que não tinham o ralo, era mais fácil de acumular água, então trocamos. Sabemos que não depende só da gente para cuidar do bairro todo, mas, fazemos a nossa parte. Eu mesmo cuido até do quintal dos meus vizinhos, justamente para diminuir o perigo de ter um foco do mosquito. Pode não ser muita coisa, mas, já fico mais tranquilo por fazer algo”, considerou.
Resultados positivos 
Nos últimos 11 anos, a preocupação com relação ao mosquito Aedes aegypti se alastrou por todo o país, assim como os casos de doenças relacionados a ele. No entanto, Aracaju tem se mantido numa crescente nos últimos anos no que tange os números positivos, graças a um trabalho ostensivo e que, sobretudo, tem contado com uma população atuante. De 2016 a 2018, por exemplo, a capital sergipana registrou uma queda de 96,6% dos casos notificados e confirmados das doenças provenientes do mosquito (dengue, chikungunya e zika) e, focando somente neste ano, dos cinco Levantamentos Rápidos de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa) realizados até o momento (são seis por ano), três deles colocaram Aracaju com baixa incidência.
De acordo com a Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS) da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), o primeiro LIRAa, de janeiro, mostrou um índice de 0,8; o segundo, em março, chegou aos 0,9; o terceiro, divulgado em maio, 1,2; o quarto, concluído em julho, 1,6; e o quinto, finalizado em setembro, 0,9, sendo que os dois mais altos, classificados como média incidência, ocorreram em período chuvosos, o que é mais propício ao aparecimento de larvas, devido ao acúmulo de água da chuva.
“Foi a primeira vez, nos últimos 11 anos, que o quinto LIRAa do ano deu de baixo risco. É importante fazer essa avaliação porque ele foi concluído depois de um período de chuva, então, tem que se destacar esse ponto que é muito positivo. Todos os anos, a média dos seis levantamentos, Aracaju termina com índice de médio risco, o que, pelo que se desenha, não acontecerá neste ano e, tudo indica, concluiremos com baixo risco. Consequentemente, a gente vê a diminuição dos casos das doenças relacionadas ao mosquito”, ressaltou a diretora da Vigilância em Saúde, Taíse Cavalcante.
A diretora destacou que um dos pontos de constante preocupação relacionado à ação da população diz respeito à maneira como se reserva água. “A cada levantamento feito, observamos os depósitos predominantes de larvas são os reservatórios de água dentro de suas casas, como lavanderias, tonéis e caixas d’água. Isso ainda é um problema, mas que, aos poucos, estamos conseguindo diminuir. Por esse e outros motivos que o levantamento é tão importe. É através dele que conseguimos saber quais os pontos mais críticos e de que maneira devemos atuar para melhorar, cada vez mais, os índices, e nesse trabalho também fortalecemos o vínculo com a população, afinal, sem a conscientização, nenhum trabalho da Saúde surtirá efeito na cidade”, reforçou.
Fonte: PMA

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