O PROCESSO DE AMERICANIZAÇÃO DO BRASIL

Mônica Porto Apenburg Trindade
Graduanda em História pela UFS
Integrante do Grupo de Estudo do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)
Bolsista PIBIC do projeto “Aracaju em tempos de conflito: Estudo dos espaços de lazer na Segunda Guerra”
Email: apenburg@getempo.org
Orientador: Prof. Dr. Dilton Cândido Santos Maynard

"Quando o primeiro tabaréu, observando os aviões e os pilotos americanos com seus gestos, mimetizou o "positivo", com o dedão para cima, o Brasil já estava americanizado".
Antônio Pedro Tota

Antônio Pedro Tota nasceu em Piracicaba, São Paulo, em 1942. Doutorou-se em história na USP. É professor titular de história contemporânea na PUC e professor visitante na Pace University (Nova York). Publicou O Estado Novo (Brasiliense, 1983), A locomotiva no ar (Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, 1990) e diversos livros didáticos na área de história.

Em sua obra "O Imperialismo Sedutor: a americanização do Brasil na época da Segunda Guerra", Tota aborda o processo de americanização do Brasil sob o viés cultural, mostrando como os brasileiros deram boas vindas, usaram e reagiram à cultura de massas americana ideologizada. Entretanto, ele cita também que essa assimilação cultural se fez não por pura imitação, mas por recriação seguindo a antiga tendência de antropofagia na cultura brasileira.

Além disso, ele mostra ao longo do seu trabalho, que a receptividade por parte dos brasileiros quanto à americanização não se deu de forma uníssona. Foi um processo que gerou polêmica, resultando em argumentos contrários e a favor dele. Os contrários, afirmavam que o Brasil perderia sua identidade cultural, já os defensores, recebiam esse modelo como um ponto de partida para a modernização do país.

Apesar desse paradoxo, Tota afirma que a americanização foi quebrando possíveis resistências e assumindo um papel de paradigma, superando o lugar do tradicional afrancesamento, já desgastado desde os anos 30. Na década de 40 o modelo de modernização vinha da América do Norte, ou, para alguns, da própria Alemanha. A Europa liberal era então, relacionada com passadismos.

Mediante esse contexto, o autor aponta o caminho traçado pelos Estados Unidos a fim de conseguir "seduzir" o Brasil por vias pacíficas. Entra em cena a Política da Boa Vizinhança, implantada pelo presidente americano Franklin Delano Roosevelt (1882-1945) e materializada por meio da OCIAA (The Office o the Coordinator of Inter-American Affairs), agência de propaganda, encabeçada pelo multimilionário Nelson Rockefeller, que constituiu, segundo o historiador, numa verdadeira "fábrica de ideologias".

A propaganda da OCIAA lançou mão de vários mecanismos atrativos. Os brasileiros foram seduzidos através dos filmes, pela promessa de uma sociedade rica e democrática, pelas músicas do rádio e dos discos, pelos produtos industrializados e, principalmente, pela promessa de um mundo moderno e tecnológico que daria um ponto final na pobreza. Ou seja, a análise do funcionamento do americanismo dentro da sociedade.

Em linhas gerais, esta obra apresenta como ocorreram as trocas culturais entre Brasil e Estados Unidos, focando nos meios de comunicação enquanto instrumentos pedagógicos e colaboradores para o processo de americanização do Brasil.

Referência: TOTA, Antônio Pedro. O imperialismo sedutor: a americanização do Brasil na época da Segunda Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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