Saber Científico em Sergipe

Thizar Braz Petta, no centro, entre sua mãe Ana Beatriz e sua avó Josefina Braz
O pequeno e atrasado Sergipe chamou a atenção do Brasil, na segunda metade do século XIX, quando alguns dos seus filhos, em várias partes do País e até no exterior, ganharam visibilidade por conta do engajamento nas causas daquele tempo e moveram, com feitos e principalmente com suas palavras, o saber rançoso que existia, apresentando uma ciência nova, um pensamento igualmente novo, que servia, naquele instante, para fundar uma nova cultura. Uma reforma intensa, veloz, que tanto divulgou sistemas filosóficos inovadores, como descobertas científicas, introduzindo novos conceitos e interpretações, propagados nas cátedras e nos corredores das escolas superiores.marcando uma ruptura que ainda hoje repercute.

 

            Cândido Aragonês de Faria saiu de Laranjeiras para o Rio de Janeiro, onde montou jornal e fez, com seu irmão Adolfo, também de Laranjeiras, as melhores charges, seguiu para Porto Alegre, onde além da arte no jornal, ensinou desenho, fazendo mesmo em Buenos Aires, antes de ir para Paris, onde foi o principal autor dos cartazes de cinema, dos filmes dos irmãos Pathé. Tobias Barreto puxou um cordão de sergipanos para a Faculdade de Direito do Recife, fundando com eles o movimento renovador da cultura brasileira, em todos os campos, conhecido como Escola do Recife. Sergipe ficou conhecido, então, como “Pátria de Filósofos”, graças a intérpretes como João Ribeiro, Manoel Bonfim, que ao lado de outros afirmaram essa característica revolucionária que integra o perfil dos sergipanos.

 

            Superando a pobreza com a inteligência, sergipanos saíram em diásporas pelo Brasil, elevando o nível da participação intelectual, científica e política. Na Guerra do Paraguai estavam lá os irmãos que ganharam os títulos de Visconde de Maracaju e de Barão do Rio Apa, pela bravura como lutaram e como contribuíram para a vitória final. Na Proclamação da República estavam lá Ivo do Prado, José de Siqueira Menezes, Oliveira Valadão, que marcharam nos pelotões de vanguarda para vencerem o velho Império e afirmarem uma federação de Estados. Quintino, líder de escravos, estava em Santos (São Paulo) resistindo em luta. Dois membros da família Brito, de Rosário do Catete, foram trucidados em Araraquara, vítimas dos desvios republicanos. Mais tarde, Osvaldo Pacheco liderava a massa operária, no comando da CGT, elegendo-se Deputado Federal pelo Partido Comunista Brasileiro, que Silvério Fontes fundou, com outros, naquele Estado. E por aí seguem os exemplos, incorporados à história da terra e do povo sergipano.

 

            Ainda hoje emigrados de Sergipe correm o País e o mundo, revolvendo o saber, em toda a sua concepção e extensão, como é exemplo Tirzah Braz Petta, nascida em Aracaju, filha da nutricionista sergipana Ana Beatriz Braz Petta e do dr. Reinaldo Antonio Petta, neta de Pedro Braz, afamado engenheiro, diretor da velha Escola Técnica Federal de Sergipe e da professora e escritora Josefina Cardoso Braz. Bolsista do Governo francês durante 5 anos (2003-2008), na Faculte de Medicine Kremlin-Bicêtre Institut Gustave Roussy, da Universidade de Paris Tirzah Braz Petta defendeu, em outro de 2008, na capital francesa o título de Doutor em Oncologia, Biologia Celular e Genética, caracterizando a função de uma proteína (DNA polimerase), enzima que replica o genoma. Para apresentar seus estudos, resultantes de pesquisas que realizou na Universidade de Tohoku, no Japão, em colaboração com o Institut Gustave Roussy. A descoberta da médica e cientista sergipana foi publicada na EMBO – Revista Internacional do Grupo Nature, das mais conceituadas em biologia molecular, merecendo elogios do Dr. David Weedon, bem como do Dr. Alan Lehmann e sua equipe, encarregados da seleção.

 

            A jovem médica de 28 anos obteve a menção Trés Honorable, emitida pela Faculte de Medicine Paris Sud école Doctorale/PHP (Program-Cancerologie-Oncology), o que, em si, já recomenda o destaque conquistado. E como Tirzah Braz Petta, muitos outros jovens sergipanos, em universidades brasileiras e estrangeiras, aumentam o crédito cultural e científico de Sergipe, com seus destaques, merecendo todos os aplausos, extensivos às suas famílias, pelos esforços que realizam.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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