MUSIQUALIDADE

M U S I Q U A L I D A D E

 

 

R E S E N H A

 

Cantor: ANTONIO VILLEROY

CD: “JOSÉ”

Gravadora: BISCOITO FINO

 

O gaúcho Antonio Villeroy já se chamou artisticamente Totonho Villeroy e foi assim que começou a ficar famoso com a explosão da canção “Garganta”, de sua autoria, a responsável por catapultar a cantora mineira Ana Carolina às paradas de sucesso. De lá para cá (e já se vão dez anos!), ele vem colecionando vários outros hits, tais como “Da Laia do Lama”, “Sinais de Fogo” e “Pra Rua Me Levar”, gravadas respectivamente por Eliana Printes, Preta Gil e Maria Bethânia.

Depois de pôr no mercado seis discos, ele acaba de lançar um novo CD, através da gravadora Biscoito Fino. Intitulado “José” e produzido por ele próprio ao lado do experiente Torcuato Mariano, o álbum é composto por doze faixas autorais que comprovam se estar diante de um compositor realmente inspirado.

Villeroy é daquele tipo de criador de quem se pode sempre esperar coisas boas. Suas melodias são, via de regra, fáceis de serem assimiladas e se fixam no ouvido do consumidor médio sem grandes dificuldades sem, no entanto, se encaixar no rótulo de “descartáveis”. Como cantor, não é possuidor de uma grande voz, mas sabe compensar os limites naturalmente impostos com doses de sinceridade e criatividade ímpares. Embalado por um trabalho gráfico simples, porém muito bonito (de aspecto clean chique), o disco apresenta uma sonoridade que tende para o lado acústico, mas em nenhum momento se faz linear pois entremeia momentos suaves com outros de apropriados arroubos estéticos.

Já na faixa de abertura, a inspirada “Ouro” (parceria dele com Bebeto Alves, Jorge Mautner e Nelson Coelho de Castro), o artista mostra seu faro radiofônico: a canção vai crescendo aos poucos até chegar ao clímax com um refrão que conta com a sutil intervenção da já citada Ana Carolina.

Os anos de estrada decerto contribuíram para um constatável amadurecimento na obra de Villeroy. Os temas hoje não se restringem às dores de paixão e desencontros amorosos e os ritmos apresentados no recém-lançado trabalho vão desde um convincente samba (“A Flor Que Eu Te Dei”, que conta com a participação especial de Teresa Cristina na voz e de Gabriel Grossi na gaita) a uma contagiante milonga, gênero característico dos pampas (a contagiante “Velas Pra Todos os Santos”).

Majoritariamente inédito, o repertório contempla algumas releituras: uma delas é a da balada “Aqui” que surge com um arranjo bem mais leve que o adotado por Ana Carolina em seu disco duplo “Dois Quartos”, lançado em 2006. Outra é a divertida “Gramado Suplementar”, agregada como faixa bônus, já gravada pelo próprio Villeroy em álbum lançado em 2000. De lavra alheia, ele pinçou “Felicidade”, velho tema de autoria do conterrâneo Lupicínio Rodrigues que ficou conhecida nacionalmente na voz de Caetano Veloso.

Dentre os melhores momentos desse bem-vindo álbum destacam-se a delicadeza de “Um e Dois” e a ambiência bossa-novista de “Recomeço” (que tem como convidada especial Maria Gadu, a cantora da moda). Já o título do CD conversa com o poema de Carlos Drummond de Andrade na música “E Agora Você?”, a qual fecha com elegância ímpar o trabalho.

Aliando a tradição da canção “clássica” com as ferramentas da música pop de qualidade e cercado de muito cuidado e boas ideias, Antonio Villeroy construiu um CD bem legal onde a simplicidade e a nobreza caminham de mãos dadas. Vale super a pena conhecer!

 

 

N O V I D A D E S

 

 

· Tatiana Parra é nome que vem se firmando no mercado fonográfico, muito pelas diversas participações que costuma fazer em trabalhos alheios. Cantora de irretocável técnica e dona de bela voz (afinada e de timbre agradabilíssimo), ela acaba de lançar, através do selo Borandá, o seu primeiro aguardado CD que recebeu o título de “Inteira”. A impressão que fica, no entanto, é de que a artista é bem maior do que o produto lançado. Produzido por Marcelo Mariano e composto por onze faixas, o disco alterna medianas canções inéditas com algumas razoáveis regravações. A artista se aventura como compositora em dois momentos (“Depois” e a faixa-título), mas deixa claro que o seu talento reside mesmo no ato de cantar. Os melhores momentos do trabalho ficam por conta de “Oração” (de Dani Black), “Choro das Águas” (de Ivan Lins e Vitor Martins) e “Testamento” (de Nelson Ângelo e Milton Nascimento). César Camargo Mariano é o responsável pelo arranjo de “Bandeira” (de Sérgio Santos e Paulo César Pinheiro) e o grupo vocal e de percussão corporal Barbatuques ajuda a equilibrar a inusitadamente moderna “Amor de Parceria” (de Noel Rosa).

 

· “Dois É Show”, o novo espetáculo de Adriana Partimpim (heterônimo de Calcanhotto) voltado para o público infantil, vai ganhar registro em DVD. Além das músicas de seus dois álbuns de estúdio, ela incluiu no roteiro a canção “Um Leão Está Solto nas Ruas”, rock de Rossini Pinto lançado em 1964 por Roberto Carlos.

 

· “No Coração da Gente” é o titulo do CD que homenageia o cantor e compositor alagoano (mas que morou grande parte de sua vida em Pernambuco) Jacinto Silva. Admirador de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, ele chegou a lançar vinte LP’s e dois CD’s, sempre priorizando os ritmos nordestinos. O disco-tributo é composto por dezesseis faixas e conta com as participações de Elba Ramalho, Spok, Tom Zé, Margareth Menezes, Xangai e Isaar França, entre outros.

 

· A cantora Érika Martins está lançando, através da gravadora Discobertas, o CD “Curriculum”. Trata-se de uma coletânea composta por dezoito faixas que, fazendo um apanhado geral de sua carreira, cobre desde o período em que ela era a vocalista da banda Penélope (“Holiday”, “Namorinho de Portão” e “Caixa de Bombom”) até os dias atuais (a inédita “Waiting For My Song”). Entre os melhores momentos estão algumas participações em trabalhos alheios como, por exemplo, as faixas “Inbetween Days” (com Herbert Vianna), “A Mais Pedida” (com os Raimundos) e “A Fórmula do Amor” (com o Avellar Love).  

 

· Depois de lançar dois bons CD’s (“Sobre a Paixão” e “Pulsar”), a cantora Regina Machado faz chegar às lojas o seu novo trabalho. Intitulado “Agora o Céu Vai Ficando Claro”, é composto por nove faixas e nele Regina mostra que sua voz grave e afinada encontra-se no auge, combinando com destreza técnica e emoção. Urdido apenas com os violões de Ítalo Peron e Norberto Vinhas, o disco atinge momentos magistrais nas três primeiras canções apresentadas: “O Samba Me Diz” (de Fred Martins e Marcelo Diniz), “Costume” (de Chico Saraiva e Celso Viáfora) e “Olhos em Chamas” (outra de Fred Martins, agora em parceria com Manoel Gomes). Só por elas, esse trabalho já merece ser conhecido.

 

· João Sabiá, cantor revelado na terceira edição do programinha “Fama” da Rede Globo (e que também é ator) acaba de pôr nas lojas, de maneira independente, o seu segundo CD. Intitulado “My Black My Nega”, o trabalho é composto por doze faixas autorais (algumas delas compostas com o irmão Guiga Sabiá), mais a bônus “You Should Ask Me”, e foi produzido pelo próprio artista ao lado do baixista Léo Guimarães. Sabiá tem ginga, canta muito bem e mergulha com talento nos universos do samba-rock, do funk e do soul, mostrando uma black music de qualidade. Dentre os melhores momentos estão “Coisinha Danada”, “Vai Ser Mole, Não”, “Melhor Me Garantir” e “Black Samba Baby”. O álbum tem como ponto forte os arranjos que não economizam nos grooves e no calor dos metais.

 

· A banda mineira Skank realizou recentemente um mega show no Estádio do Mineirão, na Pampulha, em Belo Horizonte, o qual, devidamente registrado, servirá de base para dar origem ao terceiro DVD da carreira. O projeto sairá também nos formatos CD e blu-ray e chegará ao mercado no segundo semestre através da gravadora Sony Music em parceria com o canal de TV Multishow. Os maiores sucessos – é claro! – estarão presentes no set list, mas haverá também a inclusão de duas canções inéditas.

 

 

RUBENS LISBOA é compositor e cantor

Quaisquer críticas e/ou sugestões serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br   

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