“BRINCADEIRA PERIGOSA” DO DESMAIO CHEGA A SERGIPE

Professores de algumas escolas de Aracaju estão preocupados com uma prática bastante perigosa que está sendo realizada por adolescentes: a chamada “Brincadeira do Desmaio”. Não é uma prática nova, mas, devido à facilidade de comunicação via internet, vem se disseminando no Brasil. Existem até sites “orientando” como provocar desmaio em uma pessoa ou em si mesmo.
Na França e nos Estados Unidos, uma série de mortes causadas pela “brincadeira do desmaio” fez com que criassem um grupo de alerta à população e até campanhas educativas contra tais práticas dos jovens. Segundo o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, 82 crianças e adolescentes morreram no país por causa da brincadeira do desmaio entre 1995 e 2007. Na França, segundo a Apeas, uma associação de pais de vítimas da brincadeira do desmaio, a prática causa, em média, dez óbitos por ano.

Em Sergipe, durante o nosso trabalho de prevenção às Doenças Sexualmente Transmissíveis nas escolas, soubemos, através de professores, de alguns relatos de jovens que estão realizando esta brincadeira de mau gosto. Não sabemos se há registros de mortes ou de lesões graves em consequência dessa prática aqui em nosso estado. Entretanto, decidimos alertar os pais e professores.

A “BRINCADEIRA PERIGOSA DO DESMAIO”

Trata-se de uma INDUÇÃO AO DESMAIO em que a pessoa provoca uma hiperventilação (várias inspirações por segundo), que elimina uma grande quantidade de gás carbônico e aumenta o nível de oxigênio, e por isso ela consegue prender a respiração por mais tempo. Há um acúmulo de CO2, que provoca tontura e alucinação. É esta alteração na percepção dos sentidos que os adolescentes relatam. Só que sem respirar, falta oxigênio no sangue para irrigar o cérebro e a pessoa desmaia. Além da possibilidade de se machucar com a queda, quem fica muito tempo sem respirar pode sofrer parada respiratória seguida de parada cardíaca.

AS CONSEQUÊNCIAS DA “BRINCADEIRA DO DESMAIO”

Hematomas: durante a queda, o jovem pode se machucar; Crise convulsiva: é o efeito de tremedeira, sinal de que algo está errado; Ataque epiléptico: se durar mais de 30 minutos pode prejudicar as funções cerebrais; Coma: causado pela falta de oxigenação no cérebro. Pode gerar lesões irreversíveis; Dependência: o mais preocupante é que tem gente que se vicia na tontura pós-desmaio e fica dependente dessa sensação, semelhante ao efeito das drogas; Morte: pode ocorrer devido à parada respiratória seguida da parada cardíaca.

Professores e pais de adolescentes devem ficar atentos

Cada vez mais adolescentes estão fazendo a “brincadeira do desmaio”, amplamente divulgada em vídeos no Youtube. Alguns jovens realizam em casa com outros colegas. Alegam que vão ver algum filme. Enquanto os pais dormem, eles ligam a televisão, com volume bem alto e começam a realizar a perigosa brincadeira repetidas vezes. Os pais precisam conversar com os filhos e explicar todos os riscos de se provocar a perda de consciência. É comum o adolescente querer experimentar novas sensações com o próprio corpo. Somente criticar não traz bons resultados. Falar que sabe que o jovem gosta de se divertir, mas que se informou e descobriu que a brincadeira é perigosa. Dê os argumentos e peça para ele informar os amigos. Não adianta apenas mandar o filho ou filha se afastar dos colegas que costumam realizar a brincadeira arriscada. Os professores também podem contribuir para evitar a brincadeira que pode levar à morte. Os jovens praticam em salas de aula, nos corredores da escola ou até na rua, geralmente em grupos. O objetivo é alcançar as sensações diferentes, tontura e alucinação decorrentes da perda de sentidos. É importante abordar o tema na sala de aula mostrando os riscos e destacando os casos de morte que já aconteceram em outros países e os depoimentos de jovens que correram risco de morte com essa prática. No Brasil, existem relatos de jovens que necessitaram de atendimento em unidades de urgência, pois permaneceram com perda de consciência e tiveram crises convulsivas.

Nós, aqui em Sergipe, estamos fazendo a nossa parte: divulgando na mídia os riscos da perigosa prática antes que ocorra algum óbito ou de algum relato de lesões graves. Divulgaremos uma apresentação em Power Point para que professores, principalmente de ciências e de biologia, possam utilizar nas salas de aula. Doaremos a apresentação para a Secretaria de Estado da Educação, Conselho Estadual de Educação, Sindicato das Escolas Particulares de Sergipe e Secretarias Municipais de Educação. Precisamos divulgar o assunto antes que o pior aconteça em nosso estado.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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