Domingos Pascoal
– Professor, você se incomoda que eu faça uma crítica construtiva?
– Incomodo-me sim! Por favor, aguardemos que eu conclua.
Depois, se você quiser, conversaremos, somente nós dois e,
aí o senhor poderá fazer a sua “crítica construtiva”.
Diálogo durante uma apresentação que eu fazia.
Toda crítica deverá ser feita no particular. E, todo elogio, de preferência no público.
Quantas ideias fantásticas, sonhos não realizados, interrompidos, anulados, impedidos de nascer ou nascidos natimortos, simplesmente pelo temor de uma observação maldosa, de um cerceamento, de uma crítica gratuita, chamada erroneamente “critica construtiva”?
O estrago que uma crítica, sobretudo, uma crítica ácida – e, toda crítica acaba sendo ácida, – pode fazer com a autoestima de uma pessoa é incalculável.
No entanto, olhando pelo mesmo viés, o bem que uma validação sincera poderá operar na autoestima dessa mesma pessoa é, também, incontável.
A escolha é sempre daquele que, tendo o poder, age de forma sensata, influenciando positivamente, construindo com seu “mel”, sua boa vontade e sua compreensão; ou violentamente destruindo com o seu fel – com a sua pseuda autossuficiência destrutiva – a intenção, o sonho ou os propósitos de outro.
Às vezes, há quem diga que existe uma crítica imune a esta depreciação que ora falo. Afirmam tratar-se de propalada “crítica construtiva”. Não! Não existe crítica construtiva. Quando se observa um equívoco, ou uma proposta inadequada num projeto e, quer de fato, que a pessoa não prossiga ou não venha a repetir, se for o caso.
Não é criticando que se resolve. É aconselhando é orientando é oferecendo a forma correta de fazer! E, isso tem que ser feito com respeito e, sobretudo, no particular para não humilhar e destruir a ideia ou a tentativa de acerto. Ninguém faz errado por deliberação própria. Erra, porque acertar e errar faz parte do fazer. Só não erra quem não faz.
Com toda a isenção, sobretudo, de autocrítica, pensem comigo: existe a censura construtiva? Aquela que edifica, transforma para melhor, para maior, para cima? Será
que a crítica, mesmo a considerada “crítica construtiva”, constrói?
Antes de dar a sua opinião, faça uma avaliação criteriosa, isenta, sem unilateralismo. Avalie com calma, não responda por responder. O que realmente constrói: crítica ácida ou elogio sincero?
Para não correr o risco do elogio irresponsável nem da crítica destrutiva, seria ideal pensar bem na hora de fazer certas observações e procurar ver mais o lado bom daquilo ou daquele que, naquele instante, está a carecer de nossas observações, extraindo, em primeiro lugar, o que há de melhor, elevando as virtudes e, se possível, minimizando, dentro da ordem de prioridades, os defeitos. Pois, muitas vezes, tais distorções em nada contribuem ou interferem no todo.
Portanto, para que se importar com as críticas? Por que e para que criticar inconsequentemente as pessoas? A lei de ouro do comportamento é o equilíbrio. No entanto, se não tiver jeito e você achar que é necessário criticar, pois assim agindo colaborará para o engrandecimento do outro, seja caridoso e pratique outra regra de ouro: elogie em público e critique em particular. Não se esqueça: críticas adoecem, elogios curam.