“Não faço oposição por oposição”. Entrevista deputado Marcos Oliveira

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“Não faço oposição por oposição. A minha posição é o que for melhor para Sergipe”.

No Sabadão com Cláudio Nunes entrevista com o deputado estadual Marcos Oliveira, sobre o primeiro ano do mandato dele. Marcos Oliveira destaca o papel da oposição no legislativo estadual, das proposituras apresentadas por ele, como por exemplo, o projeto que cria a Região Metropolitana do Agreste, que visa reunir soluções em infraestrutura, abastecimento, coleta de lixo, soluções energéticas, pra 14 municípios agresteiros. Sobre as eleições do próximo ano ele destaca a liderança do ex-prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho.

Blog Cláudio Nunes – O ano legislativo está quase no seu final. Como o deputado Marcos Oliveira, que é oposição, avalia o papel oposicionista em Sergipe?

Marcos Oliveira – Tem uma frase que eu usei numa das muitas votações que o governo aprovou na Alese que é a seguinte: lutamos como nunca, perdemos como sempre! Mas eu não falo isso com mágoa ou qualquer sentimento negativo, a verdade é que estamos numa democracia e é a maioria quem vence, temos que respeitar. E o governo do estado tem a maioria na casa. E justamente por isso que vejo o papel da oposição como sendo da máxima importância. Porque nós fazemos o contraponto, nós levamos à população aquilo que o governo preferia esconder. Vou dar um exemplo: na votação do projeto das Organizações Sociais, as OS’s e das PPE’s, se a oposição não alertasse, os sergipanos não perceberiam que se trata de uma privatização ampla dos serviços essenciais, como a distribuição da água, a saúde, a educação, enfim, tudo que o governo deveria assumir pra si, mas quer se livrar a custo e interesses que não se sabe. Se oposição não fizesse o alarde que fez, o alerta que fez, a população não estaria ciente de que o que é direito do povo e obrigação do governo. Por isso que, mesmo perdendo as votações na Alese, a luta não vai parar em nenhum momento do nosso mandato.

BCN – Nesse caso, a sua luta e posicionamentos sobre a concessão da Deso estaria nesse escopo oposicionista?

M.O.  – Nesse caso, creio que não se trata de ser oposição ou situação, a defesa da Deso é suprapartidária, conta com gente da oposição, mas também vemos figuras da situação se posicionando contrários a venda da Deso, porque essa concessão é, na verdade, uma privatização com outro nome. Mas a questão a ser discutida é sobre a essencialidade dos serviços públicos. Aquilo que é essencial para a vida da população também deveria ser encarado como essencial para o governo. A distribuição da água e a coleta de esgoto podem ser objeto de lucratividade? Evidente que não, água se não ofertar a população que mais precisa é uma tragédia. Só no caso na tarifa social, dobra o preço. Agora, os serviços da Deso estão sendo precarizados? Isso está ocorrendo de forma proposital, para que as pessoas aceitem a privatização sem questionar? São esses debates que temos proposto na Alese, nas ruas e que queremos ver a população engajada, porque é a vida das pessoas que está em jogo. Essa bandeira não é de Marcos Oliveira. Ela é de Sergipe!

BCN – Uma reclamação comum entre os deputados de oposição é o fato de seus projetos não serem pautados na Alese. Isso procede?

M.O. – Olha, nesse sentido acho que podemos dizer que o atual presidente da Alese, deputado Jeferson Andrade, deu uma avançada, além de outras agendas como a qualificação permanente dos deputados, independentemente do seu posicionamento político. O que a gente sabe que pela presidência anterior tínhamos simplesmente uma ditadura da maioria, sem dúvida. Oposição não tinha projeto pautado de jeito nenhum. Eu, por exemplo, tive alguns projetos pautados e aprovados, dentre os quais eu destaco a concessão do título de Capital Sergipana do Comércio e dos Comerciantes para Itabaiana. Mas, por exemplo, eu já protocolei o projeto que cria a Região Metropolitana do Agreste, que visa reunir soluções em infraestrutura, abastecimento, coleta de lixo, soluções energéticas, pra 14 municípios agresteiros. E esse projeto incentivaria outras regiões do estado a se mobilizarem no mesmo sentido. É evidente que há um controle pelo presidente da comissão de constituição e justiça quando se trata de projetos que possam “interessar” o Governo, mas sigamos na luta!

BCN – Uma outra bandeira sua diz respeito as altas alíquotas de impostos, segundo seu mandato vem denunciando. Essa situação persiste?

M.O. – E como persiste! Veja, a alíquota do etanol em Sergipe, no caso do ICMS que incide sobre esse combustível, se enquadra num absurdo que é reservar mais 1% para o Fundo de Combate a Pobreza sobre os produtos supérfluos. Nada contra esse fundo, mas desde quando etanol é um produto supérfluo? Aí o preço do álcool pros carros, pra ser bem claro, aqui em Sergipe é um dos mais altos do Brasil porque o governo cobra 19% mais 1% do fundo. E isso se repete em pasta de dente, papel higiênico e até carne. Esses produtos são supérfluos? Na verdade, o governo atual de Sergipe faz um liberalismo as avessas: quer privatizar tudo, mas só pensa em aumentar impostos e cargos comissionados. Ou seja: incha o estado, cobra mais impostos para pagar esse inchaço, e depois vem dizer que é liberal querendo vender uma Deso, por exemplo. É contradição em cima de contradição!

BCN – E quanto a sua análise sobre o governo de Fábio Mitidieri?

M.O. – Já disse e repito: não faço oposição por oposição. A minha posição é o que for melhor para Sergipe. Mas temos um fato aí: Fábio já está completando seu primeiro ano de mandato e, até agora, nada marcante em seu governo. Porque fazer um programa para levar serviços às cidades sendo que esses serviços deveriam estar disponíveis na internet e nos próprios municípios todos os dias, não é inovação. Na verdade, João Alves já fazia isso nos anos 1980 e 1990 de forma muito melhor, com nossa eterna senadora Maria do Carmo na linha de frente. Outra coisa: Fábio só “inaugurou” obras que foram feitas por Belivaldo. As poucas que o ex-governador deixou são as que ele inaugurou. Aí lança edital pra ponte, pra isso, pra quilo, mas de efetivo, nada! Agora, vamos reconhecer, o cabra é bom de festa e disso ele entende. E é claro que isso ajuda no turismo. Muita viagem e pouco resultado também, se pegarmos os valores das passagens e diárias pagas nesse Governo, sem medo de errar, não existe precedente. O resultado dessa gastança veremos em breve. O que mudou pra melhor na vida do sergipano? Nada! O pequeno empresário está sangrando com a diminuição das vendas e a política de incentivo do Governo é colocar uma balança em sua porta.  Veja: eu não tenho má vontade com o governo. o problema é que o governo tá que tá devendo o cumprimento de suas promessas. E eu estou aqui para cobrar, pois foi o que a população me incumbiu.

BCN – E o governador não pode reclamar de falta de apoio no Legislativo, não é verdade?

M.O. – Exatamente. Tudo o que ele mandou, foi aprovado. E eu votei favorável em projetos como o Prato do Povo e o Primeiro Emprego, por exemplo. Mas esses programas, quase um ano depois de começado o governo, não decolara, ainda. O Primeiro Emprego iniciou uma turma pequena, o Prato do Povo ninguém comeu ainda. A gente está torcendo que deem certo, que a vida do povo melhore. Mas, até agora, tá que tá devagar, essa é a verdade!

BCN – O líder da oposição na Alese, deputado Georgeo Passos, pode ser candidato a prefeito de Ribeirópolis. A discussão sobre a liderança da oposição para o ano que vem já teve início?

M.O. – Não, ainda não discutimos sobre isso. Na verdade, esse debate pode vir a ser necessário caso Georgeo seja mesmo candidato a prefeito, mas isso é algo com que não me preocupo, pois temos nomes muito bons, como Linda Brasil, Paulo Junior e eu, inclusive. Mas não é algo que se faz urgente, visto que temos tempo para esse debate internamente. E, como já dito, o importante é manter uma oposição propositiva e que fique em alerta, levando esse mesmo alerta para toda a população como nos casos de votações que prejudicarão o povo sergipano. A gente pode até perder a votação na Alese, mas, enquanto oposição, a luta não para e a transparência dos fatos é uma prioridade de todos da oposição.

BCN – Pra fecharmos, ano que vem teremos eleições municipais. Qual será o posicionamento do deputado Marcos Oliveira?

M.O. – Nosso posicionamento será o de seguir as orientações e interesses de nosso grupo político, liderado por Valmir de Francisquinho. Então, na hora de ajudarmos nossos amigos nos mais diversos municípios, seguiremos a agenda e as determinações do nosso partido e de Valmir e que emergiu das eleições do ano passado como a maior liderança popular de Sergipe. Teremos, sem dúvida, uma inserção forte e firme nas eleições municipais, levando para todas as cidades a mensagem que se pode fazer gestão e trabalhar para mudar a realidade social, como fizemos em Itabaiana. Quem quiser que sua cidade tenha vez e melhore os seus indicadores estará colada com a turma do PATO.

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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