Criminosos sedutores aplicam golpes

A mulher manteve contato por telefone e através da internet com um homem que se dizia empresário e morava na Europa. “Ele contou que morava fora do país, mas que sempre vinha ao Brasil fechar negócios. Em menos de um mês que estávamos conversando ele veio me visitar, conheceu minha família e falou que era separado e que tinha intenção de levar o relacionamento a sério. Para mim estava tudo bem, até que um dia saímos e ele esqueceu a carteira e

“O estelionatário utiliza o meio virtual para contatar as vitimas”

“De repente todo aquele amor desapareceu, ele simplesmente sumiu. O prejuízo financeiro é o mínimo. O pior é a vergonha e a humilhação que você passa, porque tive que inventar para a minha família e amigos que tinha terminado, porque achava que ele havia me traído. Mas na verdade ele sumiu do mapa”, fala a mulher, que por medo e vergonha nunca procurou a polícia para relatar o crime.

A delegada da Delegacia de Defraudações, Maria Pureza M. Soares, explica que uma das principais características do estelionatário é criar um vínculo afetivo com a vítima. “Todo estelionatário é muito inteligente, ele se aproxima  criando um vinculo afetivo tratando a mulher do jeito que ela quer ser tratada, ou seja, fazendo promessas de projetos de vida. Muitos falam até que vão pagar as contas, que vai morar em um local melhor. A partir daí usam cartão de crédito, pedem dinheiro e até carro emprestado”, alerta.

A delegada ressalta ainda que para enganar as mulheres, o golpista procura pistas sobre o perfil das

A delegada Maria Pureza incentiva as vítimas a procurar a delegacia

Casos famosos

Em Sergipe, dois casos desse tipo de golpe chamaram a atenção da polícia. O primeiro um senhor com aparência de pai de família e uma conversa muito articulada que abordava as vítimas até mesmo em pontos de ônibus foi preso no ano passado. O homem identificado como Carlos Alberto Cardoso de Melo, de 53 anos, aplicou vários golpes em diversas regiões do País.

O outro caso foi registrado em janeiro desse ano, após ter desaparecido com o veículo da vítima. Segundo a polícia, Samuel Vasconcelos Falcão Sobrinho pediu emprestado o veículo da então namorada, e desapareceu.

Casos distintos, mas com muita semelhança explica a delegada. “Se você for perceber não tem

“Quando notar que essa pessoa veio do nada, é a hora de desconfiar”

Destruindo o amor

A psicóloga Edel Ferreira analisa que o maior prejuízo das vítimas é o emocional. “O maior prejuízo, nesse caso, nem é o financeiro. É exatamente o psíquico. À mulher é dada a ilusão de ter encontrado um companheiro que a ama verdadeiramente, um companheiro gentil, amoroso, atencioso e ela passa a confiar nesse homem como se ele fora. Enfim, o tão esperado príncipe

” A felicidade não está em encontrar um parceiro”, diz a psicóloga Edel Ferreira

A psicóloga afirma que para não cair nesse golpe, é preciso que a mulher use a razão. Ele alerta que é importante que a vítima tenha consciência de duas coisas. “A primeira, é que a felicidade não está em encontrar um parceiro; não se vive sozinho quando se tem amigos, familiares e filhos. Então, não se deve jamais investir cegamente numa relação (mesmo que real!), esperando que isso seja a fonte de toda a sua felicidade. A segunda coisa é desconfiar do que virtualmente parece perfeito. É só pensar assim: se é tão perfeito, porque já não está bem acompanhado? E aí já se diminui bastante o risco de ser enganada. Se, no entanto, a mulher já foi vítima de um crime dessa natureza, vale a pena buscar ajuda psicológica”, recomenda.

Recomeço

Edel Ferreira lembra que precisa de tempo para se livrar do sofrimento causado para quem é vítima de um golpista. “Leva-se tempo para livrar dessa dor sozinha, mas o pensamento deve ser sempre positivo, o que vai ajudar muito na recuperação psíquica dessa mulher vitimada. O pensamento deve ser aquele de superação e de alívio. E, se o rombo financeiro foi grande, deve-se pensar tão somente que é possível recomeçar. Dá mais trabalho, é cansativo, é mais difícil, pode não acontecer muito rápido, mas é sempre possível recomeçar”, incentiva.