2007, ainda não!

 

2007, ainda não!

 

Invento a vida para não desaparecer. A imprensa vendida foi que elegeu Lula e Bush. Mas eleger, quem?

No meu guerlain não consigo cronicar São Paulo. A cidade está cara e cada vez mais desumana. Mas Padre Marcelo Rossi vende horrores no natal e Xuxa, duplicada duas vezes, até no cartão da Telesp é o teleférico da imbecilidade crônica que a Rede Globo legou a este país de indigentes. As crianças na 7 de abril querem ver Xuxa, gêmeas. Ela, no Jô, de Armani, diz que era periférica, morou em Santa Cruz e depois fez pontas que a levou a este patamar de dinheiro e sordidez. A balada para as crianças pobres de São Paulo, não cabe no apartamento de Higienópolis, cercado por câmeras e muitos suflairs e pradas e pulseiras cartiers que se atropelam pelas escrivaninhas, como se não fizessem diferença estarem ali.

Joyce Pascowitch lança uma revista chave, clássica Morumbi-chic-casual, com Joyce adora Mont Blanch, trufas, amor aos pedaços, cine bombril e alguns móveis do Armentano, algumas agendas da Oscar Freire, alguns homens-chave-padrão-beleza(sem virilidade alguma) – grifo nosso!!! com o Fábio Assunção abrindo o seu apartamento de 300  metros quadrados e dizendo que da sala pode se ver o quarto e elenca um monte de mulheres gostosas, tipo gosta-mesmo-de-sexo, produto ganancioso do homem brasileiro que Ricardinho Mansur não dispensaria por uma foto na Caras. E são tantas! Ele(o Fábio) diz que está aberto a outras formas de amor(jamais gay – suponho) que a repórter faz questão de dizer: e quem não está, com tanta beleza e com tanto poder(financeiro, suponho).

A agonia do povo brasileiro – era Lula, Alckmin, Fernando Henrique e José Serra – é fatal. Não tem jeito. Não tem saída. Quatro mil pessoas moram no Copan, prédio construído pelo Oscar Niemeyer e que hoje tem o patrimônio, quase todo, gerido por travestis que saqueiam homens bobos na Itália e Espanha e chantageiam com fotos depois para comprar seus eco-sports e seus kits, a bem da verdade: eu venci! Ainda que não tenha um interfone para dizer quem sobe, o Copan é o coração de São Paulo, onde moram senhoras de idade, aposentados, artistas que viram o sonho acabar desde Plínio Marcos que também morou no prédio e nunca gostou dos veados que o assediavam pelo talento – até porque ele era feio, feio mesmo, demais. O que importa é saber que nada está sendo feito para levantar o astral do povo brasileiro. Até o deputado eleito, Clodovil, convida-me para um jantar no Mestiço,  mas o máximo que se consegue tirar dali, é “estou quebrando a casa toda de novo.” Não é um luxo tomar Veuve de Cliquot como água? Fatal para um poeta com seu guerlain.

A infância vista em Capão Redondo, Terra Dura de Aracaju e que Vitória de Santa Maria pode haver ali sem produção, emprego e renda? Utopia de quem acredita mesmo em Padre Antonio Maria. Mas et voilà! Só agora pude ver o quanto estão mortos amigos paulistas que ainda me davam o ar da graça, do riso, desse humor sábio que só os que padecem têm. Hilda Hilst, Vicente Cechelero, Henrique L.Alves, Orides Fontela, Caio Fernando Abreu que eu visitava na Haddock Lobo e agora – silêncio. O barco afundou. Olhar para o céu de São Paulo depois de não comer carne e ver o cheirador de cola dizendo: tio, quer sanduiche de presunto?

A Globo News exibe Paulo Autran com Shakespeare – é preciso ter noventa anos para ser alguém nesta bosta! – e Jô, o homem que nada faz por ninguém a não ser pela Companhia das Letras, que conseguiu em menos de dez anos publicar o maior número de baboseiras que um editor que se preze poderia ter botado no lixo!!! Mas não, Jô Soares, Hebe, Luciano Faccioli, Datena Gilberto Barros e uma cafonérrima chamada Ione faz um programa de natal, ao vivo, na Gazeta, que vc pensa que aquilo, não! É mentira! A Tv paulista está infestada de péssimas notícias, péssimos apresentadores, péssimas cabeças. Ninguém pensa. Passa-se receita de comida  para uma população sem dispensa, sem poder aquisitivo nenhum.

O novo governador de Sergipe, Marcelo Déda, está a tomar posse. Cargos, poderes, mesmos nomes e veja!(Rogério Carvalho terá uma Secretaria! Com muita saúde!) Glórias! Ele agora é autor de livro e pode ser nomeado para a Academia Sergipana de Letras, aquela casa que é um luxo e que a Joyce deve adorar… A Ponte do Imperador poderia ser quiosque de distribuir camisinhas.Vou sugerir. Edvaldo Nogueira quer dar “cara” ao seu Governo, anuncia nomes, mantém o jeans, abraça a gente como se fôsse íntimo de verdade, mas não pergunta nada: você precisa de alguma coisa, veado? Nada. A cidade está em festa – é bem verdade e Déda pelo menos mantém a classe, não surtou e como Governador eleito, parece até que melhorou a maneira no trato, na cordialidade, no dia-a-dia.É surpreendente.

Querem Jackson Secretário? Como? Deixe ele em Brasília. Na piscina nunca me esqueço de sua célebre frase: “eu quero é ser feliz”. Deve ser mesmo fácil querer ser feliz assim.

A criança com  a boca toda suja diz: “papai, me leva embora daqui”. A foto de Serra aparece num outdoor bem acima da cena. São Paulo está como todo lugar: esvaziado de vida. Aeroporto é conversa da carochinha. A Tam vendeu mais passagem porque nesse país não tem polícia.  É só pra rir mais um pouco. 2007, vem com sabor de gás. A vida como ela é, no dizer de Nelson Rodrigues – povo avarento esse que come a própria desgraça, com um panetoni na mão e uma bola dada pelo Ronaldinho.

Eu quero que a criança esteja certa. Ao menos seja ouvida: “Papai, me leva embora daqui.”

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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