Por Paulo Roberto Alves Teles
Doutorando em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
Integrande do Grupo de Estudos do Tempo Presente – GET/UFS
pauloteles_aju@hotmail.com
O alvorecer de 2017 e o prenúncio de um cenário eleitoral extremamente conturbado para 2018 demonstram que as agitações iniciadas em junho de 2013 não só ainda estão distantes de quaisquer entendimentos como a compreensão sobre a conjuntura sociopolítica ainda é turva e perigosamente arriscada.
Uma vez o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff (2010-2014 / 2014-2016) consolidado, o cenário político brasileiro continua sendo uma arena de disputas entre as mais diferentes forças políticas. Se por um lado o Partido dos Trabalhadores assiste atônito a sangria feita pela Lavajato e pelos numerosos escândalos no qual os seus correligionários estiveram envolvidos, por outro o PMDB e as suas alianças com grupos políticos consolidados como o PSDB se digladiam pela consolidação no Palácio do Planalto. O ambiente político é incerto e o futuro 2018 ainda se apresenta nublado.
No entanto, a História nos ensina que não devemos analisar os eventos políticos em si, mas sim inseri-los em seus devidos processos históricos. 2013, ainda não compreendido, pode ter sido um sintoma e até mesmo o início do fim de um grande pacto político firmado ao final da Ditadura Militar (1964-1985). Naquela ocasião, as novas forças políticas que se apresentavam ao país aceitaram firmar um pacto com as antigas e carcomidas forças políticas impregnadas no Regime em prol do retorno de uma Democracia ou de uma pseudodemocratização.
O que fora feito disso? Uma anomalia política digna de admiração do Doutor Viktor Frankstein, isto é, um sistema político que apontava para o novo, mas no entanto, era composto por vícios, elementos e personagens que reforçavam o que havia de pior na política brasileira. Acordos escusos, alianças duvidosas, autoritarismo, moralismo de conveniência e é claro, corrupção.
O resultado dessa metamorfose foi um Estado de economia pujante somado a instituições e serviços sociais decrépitos que grupo político algum conseguiu solucionar, seja o Neoliberalismo tucano, ou a Social-democracia petista (se é que podemos chamar esse modelo governamental assim). Ambos os modelos e até mesmo a união desses, esbarraram em obstáculos monumentais na resolução dos problemas infraestruturais brasileiros. E assim, passados quase 30 anos de promessa democrática, a sociedade brasileira explodiu em 2013 e os estilhaços dessa explosão ainda não cessaram. Ao final de 2016, o país apresentou quase 12 milhões de desempregados de acordo com o IBGE e PNAD .
Alguns cenários apontam para 2018. O primeiro: Lula preso.
Diante da possibilidade real de um forte candidato como Lula impossibilitado de disputar as eleições, setores da esquerda e anti-neoliberais serão expugnados de quaisquer possibilidades reais de vitória no pleito eleitoral, o qual será disputado entre segmentos da Direita (PSDB e DEM) e da Extrema Direita (Eleitores de Bolsonaro e fundamentalistas cristãos); Segundo cenário: Lula candidato e PSDB em disputa. Diante da luta aberta pela candidatura presidencial entre os membros do PSDB (Alckmin, após a vitória de Dória, o mais forte. Serra, o mais articulado e Aécio, o mais carismático) o caminho para o Planalto se torna real para o candidato petista, o 3º candidato, no cenário atual, Bolsonaro, será disputado com unhas e dentes pelo 2º candidato e aí teremos que assistir a uma possibilidade clara de termos Bolsonaro cada vez mais forte no cenário político nacional.
Por fim, um terceiro cenário não pode ser descartado: Lula preso e Marina candidata. Contando com o apoio de segmentos cristãos e de uma enorme insatisfação de parte da sociedade perante a conjuntura política atual, teremos uma Marina forte embasada no discurso de ser o novo, que em momentos de crise se torna extremamente atrativo para ouvidos em desespero. PSDB e DEM se articularão com o PMDB e os setores progressistas, de esquerda e de centro-esquerda terão que deixar de ser viúva de Lula e aceitar que diante do exposto Marina pode ser uma realidade plausível, obviamente que existem outros tantos cenários, as possibilidades são extensas. Enfim, o Brasil, assim como teria dito Tom Jobim, não é e nem será para principiantes, 2018 não será diferente, a névoa ainda está longe de se desfazer.