A ação de Ricardo

O empresário Ricardo Franco (PSDB) declarou ontem que não pensou em entrar na política. A sua atividade é outra. Foi despertado por uma conversa entre o secretário de Articulação Política, José Alves Neto (PFL), e o seu pai, ex-governador Albano Franco (PSDB). No momento foi dada a sugestão para ele ser vice de João. Ricardo disse que se animou e, diante do impasse com o PFL, agora pensa seriamente em disputar o governo do estado pelos tucanos, desde que agregue o partido. Não entrará na disputa trocando bicoradas em seu ninho. Deixou claro ontem que a aliança com o PFL pode não estar afastada e mantém a mesma proposta anterior. Apenas não quer servir como um instrumento de negociação para aliança: “tem que ser discutida a nova forma de fazer política, porque minha geração está em busca de mudanças reais para conquistar o poder”.

 

Ontem à tarde, através de uma conversa por telefone, Ricardo demonstrou maior euforia com a candidatura ao governo do estado, de forma independente, do que quando anunciou pela primeira vez que poderia ser o vice na chapa do PFL. Dentro de mais dez dias está marcada uma reunião dele com o deputado federal Bosco Costa, para tratar do assunto. Costa é um dos maiores defensores de candidatura própria e incentiva Ricardo a entrar na disputa. Ele já passou a ver essa possibilidade com outros olhos: “é preciso mostrar que na política sergipana não existem apenas o Planeta Déda, o Planeta João e uma infinidade de pequenos astros em órbita deles: há vida além dos dois planetas que neste momento polarizam a disputa eleitoral de 2006”. Ricardo diz que não tem ouvido o pai, ex-governador Albano Franco, sobre esse assunto e suas posições estão sendo tomadas através de contatos com lideranças importantes do PSDB: “existe respeito, amor, fraternidade, mas na hora da política a gente se entende no decorrer dos acontecimentos”, disse.

 

As divergências para formação de aliança acontecem em todos os partidos e, mesmo que caia a verticalização, como está sinalizando o TSE para fevereiro, ficará difícil juntar retalhos de cores diferentes. Sexta-feira passada, por volta das 18 horas, um expressivo líder do Partido dos Trabalhadores ligou para Plenário. Apesar de receber a informação que a coluna só voltaria a circular hoje, antecipou o motivo do telefonema: “uma boa parte do Partido dos Trabalhadores não vai aceitar um acordo com o ex-governador Albano Franco (PSDB) como quer o prefeito Marcelo Déda e membros dos partidos aliados”. Acrescentou que se aliar a Albano Franco tira o discurso de combate à mesmice e lembrou que, no entender da vanguarda petista, o ex-governador também representa o atraso e é membro do partido que faz mais oposição ao presidente Lula a nível nacional. Certamente o prefeito Marcelo Déda terá que fazer muitos encontros com a militância, porque tem gente consciente de que o PT, “para parar de sangrar”, como disse Lula, “terá que expurgar quem sempre promoveu o atraso no estado e não aceitar composições meramente eleitoreiras com o objetivo exclusivo de chegar ao poder. Esse erro não pode se repetir”.

 

O governador João Alves Filho viaja hoje para arejar a cabeça. Passa alguns dias distante do burburinho político-administrativo para pensar composições futuras, sem influências de terceiros. Sua candidatura à reeleição está confirmada e há necessidade de se preparar um grupo de apoio forte, coeso e que tenha objetivos comuns. Está contando com as mesmas legendas de 2002 e tem ouvido dos seus aliados a necessidade de uma composição com o PSDB do ex-governador Albano Franco. Assim como acontece com o seu adversário pontual, prefeito Marcelo Déda, o governador vai enfrentar barreiras densas dentro do PFL, que repudiam uma aliança com os tucanos, mesmo que a nível nacional o seu partido certamente vai integrar a chapa majoritária para presidente da república, apresentando o vice de um candidato do PSDB. A partir de agora há muito que trabalhar, porque dentro do PSDB também tem quem não queira compor com João e Déda. As eleições vão começar a se movimentar e, como uma espécie de rally, terão muitos obstáculos a vencer.

 

VERTICALIZAÇÃO

Em fevereiro a verticalização deve cair, quando o TSE responderá a uma consulta sobre o assunto do PSL. O relator será o ministro Marco Aurélio Mello.

O ministro já disse que está com o voto pronto: “na eleição presidencial poderemos ter certas coligações e no âmbito estadual, outras. A realidade política de estado para estado não é a mesma”.

 

VOTAÇÃO

O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), presidente da Câmara, quer por em pauta para votação, nos próximos dias o fim da verticalização.

Mas não haverá votos suficientes para acabar com ela – como não houve em dezembro último. Então espera que o TSE faça o serviço.

 

PANFLETO

O secretário de Comunicação César Gama reconhece que Uno placa HZY 9644 pertence a sua Pasta. Ele foi citado pelo secretário Milton Alves, como usado para distribuir panfletos.

César diz que não seria “imbecil” para colocar um carro de uso da sua Secretaria, para panfletar contra adversários: “Isso está cheirando a armação baixa para atingir o Governo”.

 

PRÁTICA

César Gama acrescenta que não é prática do governo usar do anonimato para denegrir imagens de adversários: “João Alves sempre fez política limpa”, disse.

Setores da oposição é que se utilizam da velha prática de fazer panfletos atacando até pessoalmente os aliados, com o objetivo de culpar os adversários junto à sociedade.

 

VIAGEM

O governador João Alves Filho (PFL) viaja amanhã para um período de descanso, mas não deixará o Brasil. Sua viagem estava prevista para a Espanha.

João Alves passou todo o dia de ontem despachando com secretários e parlamentares sobre as emendas que foram liberadas.

 

BNDES

Quanto ao empréstimo contraído por Sergipe ao BNDES, para a ponte que liga Aracaju a Barra dos Coqueiros, o governador só vai assiná-lo quando retornar de viagem.

Está faltando concluir documentações exigidas, como o convênio para liberação de recursos para a Prefeitura executar o projeto viário da cabeceira da ponte.

 

JABÁ

O “jabá com abóbora”, uma confraternização entre políticos e jornalistas, não teve o êxito das anteriores. Talvez por ter sido a primeira depois de 13 anos de ausência.

Rosalvo Alexandre recebeu a todos com o mesmo vozeirão, mas haviam poucos jornalistas e poucos políticos.

 

PRESENÇAS

Foi uma festa petista, sim senhor. Lá estavam o prefeito Marcelo Déda e seus auxiliares, além do aliado Jackson Barreto, Edvaldo Nogueira e Emanuel Nascimento.

Da oposição, Almeida Lima (PMDB), Mendonça Prado e José Carlos Machado (PFL), Elber Filho (PDT) e Luiz Garibalde (PMDB).

 

ITABAIANA

A prefeita Maria Mendonça (PSDB), com ou sem aliança com o PFL, votará em Marcelo Déda (PT) para governador. É uma decisão firmada…

Maria tem compromissos em votar no médico Eduardo Amorim para deputado federal. Só nele. Caso haja mudança, Maria vota em Jackson Barreto (PTB).

 

DETRAN

Uma liderança de Itabaiana, ligada a Maria, fez uma revelação: apesar de ter os votos, a prefeita ainda ouve o pai, ex-deputado Chico de Miguel.

Caso acenem com o Detran para um vereador diretamente ligado a José Teles de Mendonça, é possível que mude o quadro.

 

INDEPENDENTE

O empresário Ricardo Franco (PSDB) acha que o seu partido tem que sair independente e mantém seu nome à disposição para ser o candidato ao governo do estado.

Disse que tem recebido convite e estímulo do deputado federal Bosco Costa para candidatar-se, mas só topa se houver um consenso em torno do seu nome.

 

COM PFL

Ricardo Franco disse que um acordo com o PFL pode até existir, “mas tem que ser uma coisa que se justifique. É preciso que tenha uma razão”.

Adverte que se houve algum entendimento ele não pretende tapar buraco: “quero debater idéias e ajudar a modificar a forma de fazer política”.

 

MUDANÇA

Um assessor mais próximo do governo insiste que João Alves Filho, ao retorna da viagem que se inicia hoje, fará mudanças em sua equipe de governo.

Considera que algumas áreas precisam ser agilizadas e vai se preparar para a disputa eleitoral. Haverá mudanças em áreas políticas.

 

OPINIÃO

Plenário tentou ouvir o prefeito Marcelo Déda (PT) sobre a entrevista concedida pelo presidente Lula (PT), domingo, no Fantástico.

Várias ligações o telefone chamou e em uma delas Déda desligou acintosamente. Sinal de chateação, assim como fez com o repórter na festa do Jabá. É o clima de campanha…

 

 

Notas

 

JORNALISTA-1

A Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público aprovou Projeto de Lei, da deputada Maninha (Psol-DF), que garante ao jornalista o direito de autor sobre obra produzida. O projeto altera o Decreto-lei 972/69, que regula o exercício da profissão de jornalista e dá mais autonomia profissional.
Pelo texto, o jornalista poderá se recusar a cumprir tarefas profissionais que considerar antiéticas, discordar de revisões que desfigurem seu texto, e até mesmo, por ação judicial, interditar a publicação ou veiculação da matéria.

 

JORNALISTA-2

A relatora, deputada Lúcia Braga (PTB-PB), modificou a proposta com uma emenda que condiciona o reconhecimento do direito de autor ao registro, em contrato, das responsabilidades do veículo de comunicação, do empregador e do autor. Lúcia Braga afirma, que não há dúvidas quanto à oportunidade do projeto.

“Ele chega em boa hora, corrigindo injustiças perpetradas nos meios jornalísticos. Entretanto é necessária a alteração para tornar o direito de autor uma opção dos contratantes”, explica a relatora.

PROPAGANDA

O Projeto de Lei do deputado Mário Heringer (PDT-MG), proíbe os governos federal, estaduais e municipais, autarquias e empresas estatais de realizar propaganda em qualquer veículo de comunicação, no Brasil ou no exterior, que tenha como objetivo a autopromoção ou a promoção governamental ou partidária.
Excetuam-se as campanhas de esclarecimento e promoção da saúde e da educação e as de relevância e interesse público. O custo dessas campanhas, não poderá ultrapassar 1% do total de despesas obrigatórias.

 

 

É fogo

 

O engenheiro Jonas Aguiar, fundador do PMDB, faleceu ontem. O seu sepultamento acontecerá hoje em Boquim.

 

O primeiro dia do ano teve um movimento fraco nas repartições, comércio, indústrias. Era o dia da ressaca dos festejos do final de ano.

 

Os bancos, entretanto, tiveram um movimento regular, pois quem não pagou conta vencida até o dia 30 de dezembro, só teve ontem para fazê-lo sem juros.

 

A festa de reveillon na orla foi uma das mais concorridas dos últimos anos, inclusive com um número maior de atrações e show pirotécnico.

 

O grande problema do reveillon ainda é a falta de transporte coletivo para atender a multidão que se desloca até a praia para curtir a passagem do ano.

 

O ano novo amanheceu com as tarifas dos transportes municipais mais caras. O valor foi acrescentado em R$ 0,10.

 

A passagem passou de R$ 1,45 para R$ 1,55 a contragosto dos empresários do transporte público, que pleitearam a passagens para R$ 1,80.

 

Quem foi para a orla ver a passagem do ano pagou 10 centavos a menos do que quando retornou para casa. Foi uma confusão.

 

Já estão abertas as inscrições para barracas comerciais no Pré-Caju. Cerca de 600 delas vão funcionar no percurso dos blocos.

 

Este ano, por determinação do Ministério Público, estão proibidas barracas nas calçadas dos prédios no espaço em que acontece o Pré-Caju.

 

Os preparativos para o Pré-Caju estão intensos e os camarotes devem estar prontos dia 16, para que os seus usuários façam as decorações.

 

O ministro Carlos Ayres Britto, do STF, passou o reveillon em Sergipe, entre Aracaju e Própria, onde residem seus familiares.

 

brayner@infonet.com.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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