Cartas do Apolônio
Lisboa, 3 de dezembro de 2004
Caros amigos de Sergipe:
Soube que uma agenda desaparecida com nomes e telefones de políticos e empresários sergipanos está deixando os bimbosos da cidade em polvorosa. Também pudera diz que na tal relação, estão as figuras mais carimbadas das terras de Adilson Maguila. São os clientes da Venúsia, a cáften e suas meninas quase virgens.
Para quem não está por dentro do assunto, consta que há cerca de dois meses a Polícia Federal vem monitorando os telefonemas de um animado trio de exploradores de prostituição infantil, que já está atrás das grades, graças à ação da briosa corporação da Polícia Federal de Klécio Pinto, o positivo e operante.
São duas mulheres, uma alcunhada por Venúsia, (nada tendo a ver, porém com a ex-secretária da administração albanista) e mais o Dudu das Virgens, homem bem posicionado, mas com uma grande queda por garotas, digamos, invictas nas artes do Kama Sutra.
O Dudu era uma espécie de Inmetro dos hímens estreantes, cuja função era conferir diuturnamente a veracidade do suposto ineditismo sexual de cada uma das meninas. Um abnegado rufião!
Uma vez aprovada no teste, a rapariga era oferecida aos políticos e empresários que pagavam até, pasmem os senhores, cerca de mil reais por uma caliente noite de amor.
A relação dos notáveis taradões encontrava-se na tal agenda que desapareceu como que por encanto. Há gente oferecendo carros zero, cargos em comissão e até, pasmem novamente os senhores, casas na Praia do Saco, pelo famigerado rol de pervertidos. Quem viver verá, como diz a colunista.
Mas o assunto que movimentou a semana mesmo, foi a festa de inauguração das suntuosas instalações do semanário CINFORM do amigo Antônio Bomfim. Dizem que foi uma coisa de louco.
Soube que o Araripe Coutinho deu um escândalo na hora do show pirotécnico. E não era pra menos. O oxigenado poeta pensou que o mundo estava a se acabar, de tanto foguete espocando nos céus da cidade. Dizem que foi um verdadeiro armagedom em plena Rua Porto da Folha.
Depois do chamuscante foguetório vieram os discursos e a missa campal. Alguns cantores locais apressadinhos, foram logo embora em sinal de protesto só porque o padre Enaldo – imaginem os senhores – desafinou duas vezes na hora do ‘Pai Nosso’ cantado. Uns exagerados sem a menor dúvida!
Já o Antonio Leite só protestou mesmo na hora em que o referido vigário entoou o “Derrama Senhor” a plenos pulmões. Disse-lhe o ator pouca telha: “Se é pra derramar, derrame aqui no meu copo que está seco a horas”.
Finalmente chegou a hora de adentrar às nababescas salas cinformistas. Amigos, dizem que o luxo é tanto, que os probos funcionários contam até com um auditório para dar seus showzinhos particulares e – pasmem os senhores – uma sala para aconselhamento psicológico nas horas de maior estress. E os insolentes ainda reclamam do salário! Até aonde vai a ingratidão humana? É o que vos pergunto.
Até a Orquestra Sinfônica que o big black boss acabou de desmontar, foi reconstituída à prestação durante o animado rega bofes.
A cada andar se ouviam trechos de uma peça musical executada por dois violinistas do extinto grupo. É que após a extinção, formaram-se várias tendências internas e, naturalmente, algumas inimizades.
Previdente, o Bonfim separou a orquestra em duplas para evitar constrangimentos ou mesmo porradas generalizadas que poderiam advir do alto consumo do Jonnye Walker que corria à mancheia na inebriante fuzarca. Sem dúvida, uma sábia decisão deste varão (no bom sentido) da impoluta e irrefragável imprensa barbosopolitana. Tenho dito!