A Corrida Cidade de Aracaju tem história

O texto abaixo é resultado de uma pesquisa inicial sobre a história da Corrida Cidade de Aracaju, realizada tradicionalmente no dia 17 de Março. Trata-se, a princípio, de uma série de questionamentos que envolvem a prova, considerada a mais importante do calendário sergipano e uma das principais do país. A pesquisa foi pontual em muitas situações, mas a sugestão é que a história seja revelada e ampliada. O estudo não é fácil, considerando que os fatos, por si só, não convergem. O que sobra é a crítica e o interesse em continuar pesquisando. A primeira parte dessa história, ainda que incipiente, começa a ser contada aqui.

Capítulo I

Nos principais jornais de Aracaju, durante o início e final da década de 1980, a corrida de rua, assim como os demais esportes, não recebia o mesmo tratamento do futebol. Os cadernos esportivos tinham os holofotes direcionados somente para o “mundo da bola”. Esse fenômeno midiático conseguiu abafar muitos acontecimentos esportivos, como foi o caso da Corrida Cidade de Aracaju. A crítica, é importante ressaltar, ainda tem fundamento nos dias atuais. Mas vamos ao que interessa.

Em 1983, na edição de 17 de março, o extinto diário Gazeta de Sergipe trouxe uma pequena reportagem com o título “Prefeitura não promove Corrida Rústica”. Interessante, pois contradiz a versão oficial que assim descreve: “criada no ano de 1983, pelo então prefeito Heráclito Guimarães Rollemberg, com o intuito de percorrer o antigo trajeto da cidade história para a Capital, a Corrida Cidade de Aracaju completa em 2015, 32 anos de existência”.

Na referida reportagem da Gazeta de Sergipe, a prova, ainda chamada de “Corrida 17 de Março”, enfatizou que “a Prefeitura Municipal de Aracaju, Empresa Sergipana de Turismo não promoveram hoje, data de aniversário da capital de São Cristóvão para a Aracaju, a tradicional “Corrida 17 de Março”.

Vale ainda o registro que “no ano passado a Corrida 17 de Março foi promovida pela Associação dos Cronistas Desportivo de Sergipe e Prefeitura Municipal de Aracaju”. Por lógica, a conclusão mais óbvia é que a corrida não começou exatamente em 1983. Fato que merece uma pesquisa mais detalhada.

Ainda em 1983, em nota endereçada à Gazeta de Sergipe, a Equipe Zatopek de Atletismo afirmou que “em forma de protesto não deixará o grande evento em branco”. Ao final, após destacar a falta de empenho da prefeitura, a nota pediu “a divulgação desta para que esta corrida venha a se tornar não apenas um evento Estadual, mas Nacional”.

Já em 1984, ainda na Gazeta de Sergipe, estranhamente a prova foi organizada pela Secretaria de Estado da Educação e Cultura, através da Coordenadoria de Educação Física e Desportos e Federação Sergipana de Atletismo. Ao que parece, um problema político envolveu o período entre 1983 e 1984, pois neste último ano foi o governo estadual que assumiu o apoio da corrida, inclusive alterando o percurso.

Assim consta: “obedecerá o seguinte percurso: 28,4 km. Saída em frente ao Museu de Arte Sacra (São Cristóvão), seguindo para a BR-101, rua Mariano Salmeron, Rua Laranjeiras, Rua Capela, Parque Teófilo Dantas, com chegada na Praça Fausto Cardoso (em frente ao Palácio do Governo)”.  A reportagem termina pontuando a seguinte afirmação: “mesmo com a Prefeitura Municipal de Aracaju, não se interessando com a data histórica que ocorre hoje, a “Corrida Cidade de Aracaju” será realizada com grande sucesso”.

A crise existencial da corrida estava sendo revelada. A Prefeitura chamava de “Corrida 17 de Março”, enquanto que o Estado, quando passou a apoiar, começou a intitular de “Corrida Cidade de Aracaju”. Entre esse problema, este último título foi o que permaneceu.

Em meio à indefinição entre o nome que levaria a corrida, o Jornal da Cidade, de 18 de março de 1986, trouxe uma matéria com o título “Santana o herói da 17 de Março”. José Carlos Santana completou o percurso em 1:41:00, da equipe Issac Schuster. Na categoria feminino a vitória ficou com a atleta Maria de Lourdes, que representou a equipe da Salgema Alagoas. Não há registro de tempo.

Em 1989, por exemplo, após um salto de dois anos sem registros nos jornais (Gazeta de Sergipe e Jornal da Cidade) daquele período, a corrida começou a ser notícia, já com a indicação em números romanos. Foi a VI Corrida Cidade de Aracaju, promovida agora pela Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo do Município de Aracaju, pasta administrada pelo professor João Carlos Smith. Os registros apontam que foi em 1989 o início permanente do apoio da prefeitura.

O percurso, que antes era realizado pela BR-101, passou novamente para a rodovia João Bebe Água, seguindo pelas avenidas Desembargador Maynard e Barão de Maruim, com chegada na Praça do Mini-Golfe. Esse percurso foi mantido até os dias atuais.

Há divergências em muitos pontos na história. Uma das principais é em relação à inclusão da categoria feminino. Muito embora conste que desde 1983 as mulheres já participavam, a reportagem de 1989, publicada na edição de 17 de março da Gazeta de Sergipe, registra a seguinte passagem: “contanto pela primeira vez com a presença do sexo feminino”.

A confusão é tão grande que, pra início de debate, a corrida deveria estar em sua 33ª edição e não na 32ª, isso se levarmos em consideração que começou em 1983.  É incerto, porém, quando a prefeitura começou a numerar o evento. A questão entre o Estado e o Município pode ter interferido nessa contagem. A história, assim como a corrida, não pode parar. Continua.

Inscrições: Corrida Cidade de Aracaju I

Hoje, 10 de março, é o último dia de inscrição para a Corrida Cidade de Aracaju. Os interessados podem selecionar entre 25 km, 10 km e 5 km. Estas duas últimas distâncias são as novidades para esta 32ª edição da corrida. Dia 17 de março, data em que a capital sergipana comemora 160 anos, está chegando. A corrida, que já foi considerada, pela revista Contra Relógio, uma das 25 provas “imperdíveis”, é um grande desafio para os atletas, justamente pelo sobe e desce da rodovia João Bebe Água. Mais informações aqui.

Inscrições: Corrida Cidade de Aracaju II

A coluna vem acompanhando a “correria” de muitos atletas para registrar a inscrição. Alguns corredores estão enfrentando problemas na geração do boleto bancário. Por vezes o banco não reconhece o número do boleto no momento do pagamento. Outras, quando efetuado o pagamento, o banco faz o estorno. Não há uma explicação objetiva para esses problemas. No entanto, para cada caso, a organização vem conseguindo contornar a situação emitindo outro boleto por e-mail. Mesmo diante de algumas dificuldades neste sentido, a corrida já conta com mais de 1.500 inscritos.

Meia Maratona de Paris I

O médico otorrinolaringologista Lauro Abud participou no último domingo, 8 de março, da Meia Maratona de Paris. Lá a prova é conhecida como “Semi-Marathon de Paris”. Segundo dados da organização, 34.879 corredores de todas as partes do mundo cruzaram a linha de chegada. Em vídeo, Lauro contou como foi participar da prova. De acordo com ele foi quase impossível correr nos primeiros quilômetros devido a grande quantidade de pessoas, fato que com certeza não tirou o charme da corrida. O percurso contou com passagens em pontos importantes da história da França, a exemplo da Praça da Bastilha. Lauro é aluno da Zona Alvo, consultoria esportiva que sempre conta com a participação de alunos em provas internacionais. Sandro Holanda e Marcelo Cardoso são os próximos. Eles seguem para a Maratona de Roma, no dia 22 de março. Parabéns a Lauro e boa viagem a Sandro e Marcelo.

Meia Maratona de Paris II

O vencedor foi o queniano Vincent Yator, com o tempo de 1:00:16. Entre as mulheres, a primeira a cruzar a linha de chegada foi a etíope Ybrgual Melese, cravando o cronômetro em 1:09:54. Uma das mensagens divulgadas pela Meia Maratona de Paris foi: “A diferença entre quem você é e o que você quer ser é o que você faz!”.

Farol a farol

A Zona Alvo organizou no último sábado, 7 de março, um grande treino coletivo com a participação de 50 corredores. O percurso foi entre o farol do Mosqueiro e o farol da Coroa do Meio. O corredor tinha a opção de correr entre 5, 10, 15 e 20 km. A cada meta de chegada um ônibus passava e transportava os participantes. Para tanto foi montada um estrutura de apoio com água e repositor energético. Ao final, como opção, os alunos confraternizaram com um café da manhã e massagem relaxante. O treino fez parte da preparação para a Corrida Cidade de Aracaju.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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