O brasileiro, de um modo geral, notabilizou-se por querer levar vantagem em tudo. Quase sempre não importa o “Ele” ou “Eles”, o que vale é o “Eu” ou “Nós”. Não importa se é justo ou ético e nem o quanto eles vão pagar, se eu ou nós ganhamos. Às vezes, os caminhoneiros quase param o país. Suas principais reivindicações são, menores taxas de pedágios, melhores estradas, mais segurança, manutenção do preço do óleo diesel e alterações no Código de Trânsito.
Existe uma associação muito grande entre taxa de pedágio e melhor estrada, porque, em geral, as estradas que foram privatizadas encontram-se em melhores condições de tráfego do que aquelas que não o foram. Este melhoramento foi realizado graças ao pedágio recebido, ou seja, o custo da melhoria foi pago diretamente por quem a utilizou, o que não ocorre numa estrada estatal, onde todos, mesmo aqueles que não a utilizam, pagam pelas obras que se fazem necessárias. No caso da manutenção do preço do óleo diesel, é preciso considerar que uma parcela muito grande do combustível que é consumido no país é importada e isto significa que qualquer aumento do barril do petróleo no mercado internacional e/ou a desvalorização do real frente ao dólar refletem internamente nos preços dos combustíveis. Atender, portanto, a reivindicação dos caminhoneiros, é fazer com que os futuros aumentos do óleo diesel sejam pagos pelo resto da sociedade. Outra reivindicação, alterar o Código de Trânsito, para que a essa categoria possa cometer um número maior de infrações sem o risco de perder a carteira de habilitação. Com este beneplácito e a lerdeza da justiça é muito provável, que ocorra um aumento de acidentes e de mortes nas estradas brasileiras.
Outras vezes são os ruralistas querendo transferir para a sociedade parte de suas dívidas. Segundo consta, a maioria destas dívidas pertence a um número reduzido de ruralistas, ou seja, como sempre, os grandes empresários são os maiores beneficiados. O que confirma, mais ainda, o interesse de poucos em detrimento de muitos, é o aparato utilizado. São caminhões e máquinas, que evidentemente não pertencem a pequenos agricultores e a utilização de grandes hotéis. Importante, também, é observar que estes mesmos ruralistas vêm constantemente conseguindo o perdão de suas dívidas, ou seja, estão securitizando as suas dívidas, transferindo o ônus para o resto de sociedade.
Ainda, com referência às reivindicações dos ruralistas,vemos o PT virando as costas ao MST?
E por falar em políticos, nunca é demais registrar o casuísmo dos mesmos. A eleição para presidente da Câmara dos Deputados em fevereiro, o aumento da verba de gabinetes dos deputados, o nepotismo daqueles que ocupam cargo público. O pior, ainda acham que a imprensa não tem o direito de comentar tais fatos.
Mudar tudo isto é possível, mas não é fácil. É um processo demorado e que depende, basicamente, de cada um de nós, pois como vimos, todos os dias, recebemos os piores exemplos de egoísmo e egocentrismo daqueles que, em função de suas posições ou do poder que possuem, muito poderiam contribuir para que houvesse na sociedade brasileira, como um todo, um maior grau de solidariedade e de patriotismo.