Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sempre foi muito bem recebido em Sergipe, principalmente em sua capital, Aracaju, que tem uma tendência à esquerda. Todas as vezes que Lula da Silva disputou a Presidência da República, ganhou as eleições em Sergipe que, influenciado pela capital, demonstrava uma vocação contrária ao comando da elite política que dominava o país. Lula sempre foi a esperança da mudança. O sonho de uma melhor distribuição de renda, a redução das desigualdades sociais e de uma política voltada para amenizar as disparidades regionais. A eterna luta pela diminuição do distanciamento sócio-econômico entre o Sul maravilha e o Nordeste miserável, sedento e faminto. As condições do Nordeste continuam a mesma, esquecidas pelo Planalto, mesmo com um presidente da região, que sofreu com a seca, mas se mantém insensível aos problemas que afetam o Nordeste, protegendo os estados eleitoralmente mais fortes, bandeando para uma política dominada pelas elites e o aprofundamento do fosso social e regional.
Não foi esse Luiz Inácio Lula da Silva que o sergipano elegeu presidente. O eleito por Sergipe foi o Lula que bradava contra o desemprego no campo e nos centros urbanos, que garantiu a reforma agrária, que pregava a igualdade regional, que combatia o capitalismo perverso e que prometia uma melhor situação de vida para o trabalhador brasileiro. O voto foi para o Lula que rebateu a hipocrisia de acabar com a seca, mas que garantiu realizar um projeto que levasse o nordestino a conviver com ela, “assim como os canadenses sabem suportar a neve e outros fenômenos naturais” como disse em um discurso fazendo campanha em Aracaju. O Lula presidente que desembarcou ontem em Aracaju é o que favorece aos banqueiros, que administra para os estados industrializados e que não cria opção para um crescimento sustentável do Nordeste brasileiro. E foi esse outro Lula, hoje de cabelos cuidadosamente pintados, de barba bem tratada, de gestos estudados, mas de um discurso que leva a desejar, que desembarcou ontem em Aracaju e sumiu da descida do avião, para não encontrar o povo que antes o aplaudia e que hoje lhe vaia,
A transposição das águas do rio São Francisco para o Nordeste Setentrional, é uma decisão irrevogável do presidente Lula da Silva. Essa obra, de todos os estados que o rio atravessa, Sergipe será o mais prejudicado, inclusive em termos de utilização humana, porque ele serve para abastecer Aracaju e a maioria das cidades que está em seu leito. Com o rio da forma que está, já trás graves problemas para a região, porque é nela onde se concentram os bolsões de pobreza. Com a transposição, mesmo que se faça uma revitalização de médio porte, a situação se agravará e as conseqüências não são fáceis de avaliar. Ontem, em Aracaju, Lula disse que a transposição “é um projeto polêmico, mas é necessário que seja implantado”. A justificativa, como sempre, recai nas famílias que supostamente seriam beneficiadas nas áreas de seca do Nordeste Setentrional. O presidente está convicto que “a transposição é um projeto que vai mudar a face do Brasil, porque beneficiará cerca de 12 milhões de pessoas, dando a elas água”.
Na realidade trata-se de uma obra absolutamente eleitoreira, de dimensões faraônicas que dificilmente chegará ao fim. É a síndrome do gigantismo, adquirida pelo que viu na ditadura militar e mantida por um forte lobby de empreiteiras. Ontem, meio descrente, um parlamentar aliado do presidente perguntou ao repórter: “será que ele se reelege?” É uma dúvida que começa a incomodar aos políticos que lhe dão apoio…
DECEPÇÃO
A recepção do presidente Lula em Aracaju foi uma decepção. Com uma multidão preparada para vaiá-lo, um carro foi pegá-lo na escada do avião, na pista. O presidente teve que sair pelos fundos, para não encontrar com os manifestantes. Já o governador João Alves Filho saiu pela frente, passou pelo pessoal e foi muito aplaudido.
FONTES
Para o deputado federal João Fontes (PDT), não houve surpresa numa manifestação de repúdio ao presidente, feita em Aracaju. João não esteve lá, mas admitiu que o sergipano está decepcionado com o presidente, pelo tratamento que ele dá a Sergipe e ao Nordeste.
MACHADO
O deputado federal José Carlos Machado (PFL) considerou a manifestação justa: “não conheço presidente, de Floriano para cá, que tenha prejudicado mais Sergipe”. Machado considera que a transposição do rio São Francisco vai acabar com o Estado e a reação da população está sendo demonstrada.
IRRESPONSÁVEL
José Carlos Machado classificou o projeto de transposição como “irresponsável, porque o volume das águas do rio não dá para resolver o problema da bacia”. Segundo Machado, existem muitas obras paralisadas, que precisam ser concluídas. Mas o Governo está preferindo iniciar uma outra que vai prejudicar Sergipe.
VALADARES
O senador Antônio Carlos Valadares (PSB) ficou ausente de todas as comemorações dos 150 anos de Aracaju e das solenidades com o presidente Lula. Uma virose, adquirida ao entrar no avião em Brasília, quarta-feira, o deixou de cama. O médico que o atendeu aconselho repouso absoluto, com receio de uma pneumonia.
TELEFONEMA
Ontem, por volta das 16:30 horas, o presidente Lula deu um telefonema para o senador Valadares. Quis saber se ele estava bem e desejou-lhe melhoras. O senador agradeceu a atenção, disse que estava melhor e lamentou não está participando da visita de Lula a Aracaju.
ALMEIDA
O senador José Almeida Lima (PSDB) participou de reunião da bancada de senadores do PSDB, ocorrida ontem pela manhã, em Recife, na Assembléia Legislativa. A bancada almoçou com o governado Jarbas Vasconcelos (PMDB) em busca de uma aliança para candidatura do senador Sérgio Guerra ao Governo do Estado.
ENGAJAMENTO
No período da tarde houveram duas plenárias. O trabalho do partido é de engajamento no projeto de eleição para governador nos demais Estados, visando o fortalecimento à candidatura a presidente. O senador Almeida Lima disse que dentro de alguns dias haverá reunião idêntica em Aracaju e o seu nome será posto como candidato ao Governo do Estado.
ALMOÇO
O deputado federal José Carlos Machado participou, sábado, do almoço e comemoração ao aniversário do prefeito Marcelo Déda (PT). Quarta-feira almoçou com o senador Albano Franco (PSDB), em Brasília, e ouviu do secretário geral dos tucanos, Bismarck Maia, que não haveria intervenção em Sergipe.
COMUNICADO
Os parlamentares da área federal receberam um comunicado do cerimonial da presidência, avisando que o presidente Lula viria a Aracaju. Não havia convite e nem programação. Dizia: “Levo ao conhecimento de V. Exa., que o senhor presidente da República estará na cidade de Aracaju, dia 18, onde cumprirá programa oficial”. Quem assina é Paulo Campos
EVITOU
João Alves Filho evitou falar sobre a questão da transposição do rio São Francisco, durante a reunião que teve com o presidente Lula, para não criar constrangimento. “Não sou contra a transposição, sou contra a idéia desse projeto errado”, disse João e deu exemplo: “é como se quisessem construir um prédio de 20 andares começando pelo 20º”.
BANESE
João Alves Filho sugeriu ao presidente Lula que o Banese administrasse parte do dinheiro do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) em Sergipe. João explicou que o Banese tem mais condições de chegar aos agricultores do que os dois bancos que atualmente gerem a verba do Pronaf: BNB e BB.
CONCORDA
O prefeito Marcelo Déda interferiu e disse que o Banese está acima das questões políticas e concordou com a idéia de que ele administrasse o Pronaf em Sergipe. O presidente Lula ficou de consultar a equipe que administra o programa, para ver se é possível o Banese operar o Pronaf.
DÓLAR
O deputado Heleno Silva (PL) transmitiu um recado enviado por um pequeno pecuarista de Santa Rosa do Ermírio, para o presidente: “não permita que o dólar suba”. O pecuarista mandou dizer que está comprando a soja por um preço menor e tem algum lucro. O presidente Lula sorriu.
Notas
CLEONÂNCIO
O deputado Cleonâncio Fonseca (PP) comprou a briga pela derrubada da resolução que reduziu o número de vagas nas Câmaras Municipais. O deputado teve audiência com o ministro Marco Aurélio de Mello, do STF, com quem discutiu, em Brasília, a possibilidade da revogação da resolução do TSE. Cleonâncio deixou o gabinete muito satisfeito e estava sorridente ao lado do ex-deputado Euclides Mello, primo de Marco Aurélio, que é também ministro do STF. Os dois preferiram não dar entrevistas à imprensa.
PROVEITOSO
Mesmo evitando os jornalistas, o deputado Cleonâncio Fonseca disse que “a justiça tarda, mas não falha”. Acrescentou que, o que podia dizer era apenas que o encontro foi muito proveitoso. Cleonâncio anunciou que fará um pronunciamento na Câmara, confiante na sensibilidade da justiça brasileira. Ele conta que muitos municípios grandes foram penalizados e tiveram o número de vereadores igualado aos das cidades pequenas. Segundo Cleonâncio, “em Sergipe as reclamações da classe política são generalizadas”.
AMARELO
As salas de aula das escolas municipais de Capela ganharam nova cor, mas os alunos e professores estão incomodados com a tonalidade. A opção da administração municipal pelo amarelo forte está prejudicando o trabalho dos educadores, a aprendizagem dos alunos e pode causar dano à visão pela pouca luminosidade. Professores denunciam que o prefeito escolheu a mesma tonalidade da cor amarela utilizada em seu material de campanha eleitoral. O Sintese enviou ofício à Secretaria Municipal, solicitando a substituição da tonalidade da cor.
É fogo
O deputado Cleonâncio Fonseca animado com a possibilidade de retornar o número de vereadores às Câmaras Municipais.
Todos os deputados federais e senadores fizeram pronunciamentos sobre os 150 anos de Aracaju.
Durou aproximadamente 30 minutos o tempo do show pirotécnico oferecido pela Prefeitura de Aracaju, no início do show na área do mercado.
Também na Colina do Santo Antônio, à meia noite, houve um pequeno show pirotécnico, em homenagem aos 150 anos.
O deputado federal João Fontes (PDT) não participou do movimento contra o presidente Lula da Silva, no aeroporto.
O deputado Mardoqueu Bodano (PL) apela para que o coordenador da Defesa Civil, Adalberto Figueiredo, inclua vários municípios do agreste na lista de emergência.
O deputado federal Heleno Silva (PL) está mesmo disposto a chegar ao Senado e tem dito que não abre mão disso.
Os deputados estaduais deverão ouvir, segunda-feira, na Sala das Comissões, o secretário da Fazenda, Gilmar Mendes, que fará um relato das finanças do Estado.
Além de estarem mais caros neste ano, os produtos de chocolate para a Páscoa apresentam diferenças de quase 85% no preço.
No caso dos ovos de chocolates, a variação chega a 81%, o equivalente a R$ 8,88. Os dados fazem parte de um levantamento feito pelo Procon.
A colheita de grãos e cereais do Brasil cairá neste ano em vários estados do sul do país, onde a seca destruiu plantações.
As vendas de automóveis populares na primeira quinzena de março totalizaram 25.593 unidades, volume 32,9% inferior ao registrado em igual período do ano passado.