Cartas do Apolônio Cascais, 303 de marco de 2006 Caros amigos de Sergipe A prima Vera chegou. E chegou com o maridão. Vera Lúcia d”Alencastro Sant”Anna é uma bela prima distante que mora na Ilha da Madeira e que regularmente vem a Lisboa com o intuito de fazer o seu check up procto-odontológico anual. E fica sempre aqui em casa. A prima em questão é uma libertina. Não está nem aí para os ensinamentos da Santa Madre Igreja Católica, e quer é rosetar, como se diz por aqui. Ninfomaníaca e hiperorgástica, Verinha é, porém, adepta da velha máxima de São Francisco de Assis, que diz: “É dando que se recebe”. Aproveito tanta boa vontade e, sempre que possível, exercito algumas posições do Kama Sutra como a perigosa “Provocando o Dragão de Duas Cabeças” ou a exótica “Meditando com Cenouras’. Verinha vai à loucura! Pois bem, desta feita a danada veio com o esposo, o jovem Deocleciano Bocaiúva (‘Boca’ para os íntimos), um conhecido procurador de Justiça aqui de Portugal. Aliás, bom procurador, diga-se de passagem. Pois de tanto procurar por mim, não é que o danado me achou dentro do armário do quarto de hóspedes certa noite? Não tive alternativa, a não ser sair do móvel e constrangido, confessar-lhe – pasmem os senhores – tudo o que se passara entre eu e minha querida prima Vera. Saí do armário e assumi tudo sem maiores rodeios numa inequívoca demonstração de completa insanidade mental. Lembro-me que certa feita o meu sobrinho Agripino Florêncio cometeu esta mesma idiotia e quase morreu nos cruzados de Tonhão Mão de Ferro, afamado boxer português, por coincidência, esposo da perversa periguete. Foi necessária a minha intervenção junto a milícia portuguesa, com a qual argumentei que o garoto era maníaco depressivo e ja atentara por tres vezes contra sua própria vida (o que, convenhamos, não deixa de ser verdade quando se resolve namoriscar a mulher de um verdadeiro `cinturão de ouro`). Mas Boca, homem moderno e despido de preconceitos, surpreendeu-me. Não só nos incentivou a continuar com as experiências falo-proctovaginianas de clara inspiração oriental, como também garantiu assessoria advocatícia, no caso da Zenóbia, a minha ex-patroa sexagenária, criar algum problema na Justiça já que a referida anciã resolveu não mais sair daqui de casa. Sendo assim, argumenta o Boca, ela pode muito bem ajuizar uma ação de infidelidade conjugal contra este pobre aprendiz das artes impudicas. É o chamado charme da prima Vera quebrando tabus e mudando os costumes da velha moral portuguesa. Que beleza! Um abraço do Apolônio Lisboa
Até semana que vem.
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