Cartas do Apolônio Cascais, 17 de fevereiro de 2006 Caros amigos de Sergipe: Eu e o povo português estamos ansiosos para ver as imagens do próximo carnaval brasileiro. É que português não vê mulher pelada facilmente e o reinado de Momo no Brasil é uma festa para os olhos pudicos da nossa brava gente lusitana. Já foi melhor, é verdade. Bons tempos em que as mocinhas da classe média carioca iam brincar de puta no Cordão do Bola Preta. Agora que foram todas pra Bahia, ficaram só as profissionais. À propósito, é melhor avisar aos seguranças do presidente Lula que modelo de camiseta em camarote presidencial é um perigo. Ou os senhores não lembram daquela ex-namorada do Itamar Franco? Sugiro apalpar as partes baixas de cada convidado para ver se está tudo de acordo com o protocolo. O fato é que estamos a pouco mais de uma semana do reinado de Momo e não se ouve falar aí na terrinha, nada sobre o que vai acontecer no carnaval de Sergipe D”el Rey. Surge então a famosa pergunta que não quer calar: Quem trará de volta ao carnaval sergipano o brilho de outras décadas? Quem será o espírito empreendedor que levantará essa bola murcha tão desprezada pelos poderes constituídos? Fabiano? Lânia Duarte? João Barreto Neto? Decididamente não! Com a minha vasta experiência em fuzarcas hedonistas, só vislumbro um nome que, aliás, é um verdadeiro Viagra em forma de gente: Rôla, aquela figuraça que hoje anda esquecida mas que agitou algumas eleições da barbosópolis com sua alcunha quase impronunciável em certas rodas refinadas. Por trás daquele jeito simplório e quase bestial, meus amigos, esconde-se uma cabeça das mais brilhantes. Ou os senhores acham que a sua notável votação foi obra do acaso? É claro que não. Rôla foi buscar nas procissões dionisíacas da antiga Grécia, o apelo de marketing para a sua campanha política. E o que é o carnaval, meus amigos, senão um cortejo bacante em busca dos prazeres do falo? O homem é o rei da semiótica. Dizem que mesmo na mais tenra infância, Rôla já deixava os coleguinhas de escola cabisbaixos quando resolvia promover gozadas brincadeiras como a famosa corrida de saco ou mesmo a cansativa ‘três, três, passará’. “Trata-se de um pândega”, diria o sempre solene Almeida Lima. Acontece que daqueles vetustos tempos até os dias que correm, Rôla cresceu e penetrou firmemente em vários segmentos da sociedade sergipana, tornando-se um membro dos mais notáveis do nosso rico universo cultural. Creio pois, que é chegada a hora de botar Rola à frente da folia sergipana. É hora de injetar sangue novo nesse verdadeiro corpo cavernoso e inerte que é o sofrível carnaval da terra dos cajueiros. Por tudo isso, pugno pela sua esdrúxula figura para o importante cargo de Rei Momo. Nesse carnaval, é samba no pé e Rôla na cabeça. Até semana que vem. Um abraço do Apolônio Lisboa.
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários