As minhas viagens pelas redes! (Parte 1)

No final de dezembro de 1995 estava tranquilamente sentado na minha sala de trabalho na empresa quando recebi um folheto falando de um curso de criatividade. No mesmo momento pensei: “Ah, mais um daqueles que fala de paz e amor, felicidade e coisas assim”. Passados alguns dias, outro folheto chegou à minha mão. “De novo”, pensei eu. Recebi um terceiro folder e achei que alguma coisa estava me desafinado e daí resolvi fazer o tal curso.

 

Durante o curso comecei a conversar com um colega de empresa, Gilberto Almeida que se tornou um grande amigo e aliado, e me disse que estava lendo um livro genial, que eu deveria lê-lo também. Perguntei o nome, e o Gilberto disse: “Conspiração Aquariana”. Eu pensei calado: “Credo, como vou ler um livro desses?”

 

Quando cheguei à noite em casa minha esposa me disse: “Olha fui à livraria e pensei em comprar um livro para você, na mesma hora, da maneira mais estranha possível o livro literalmente caiu na minha mão e o comprei para você”. Eu ri da sua afirmação e peguei o embrulho de presente para abrir. Literalmente, perdi a fala. Muito bem, o livro que ganhara era a “Conspiração Aquariana” da jornalista americana Marylin Ferguson e que se tornara um best-seller mundial justamente por prever as grandes transformações pessoais e sociais que afetariam o mundo na década de 80.

Nessa noite não dormi, o livro me fascinou e o pior que eu estava num momento da minha vida que queria mudar a minha carreira na empresa. Era um profissional bem sucedido, mas sentia que precisava mudar totalmente de área. Complicado para uma pessoa que anos a fio havia sido preparada para uma carreira essencialmente técnica.

 

Todavia, mais uma vez o universo conspira e alguns dias depois recebi o convite para trabalhar na área de Planejamento Estratégico. Aceitei na hora, poucos dias depois estava numa reunião de planejamento estratégico levantando as forças e fraquezas da nossa Unidade. Quando terminou a reunião o nosso Gerente Geral perguntou se eu estava gostando da nova área de trabalho. Eu respondi que sim e que também tinha uma idéia para resolver uma das nossas fraquezas relativas às pessoas. Ai, ele me pergunta: “Isto está em forma de projeto?” Eu respondi: “Sim”. Ele retruca: “Então deixa com a minha secretária”. Eu penso: “Esse cara ocupado como é nunca vai ler isto”. Passados alguns dias deixo o projeto com a secretária dele. Uma semana depois a secretária me liga e diz: “Fernando, hoje à tarde na Reunião do Comitê de Gestão está agendado para você apresentar o seu projeto”. Fiquei literalmente gelado. Morria de medo de apresentar projetos técnicos, imagine o projeto que tinha na minha cabeça e ainda para 40 gerentes: falar de criatividade para engenheiros e geólogos em 1995.

 

Comecei a falar das 15h:30 até as 19h:00 e foi uma batalha de guerra mesmo. Saio da reunião: transferido para a área de Recursos Humanos e com a missão de dentro de 6 meses realizar um projeto piloto com 20 empregados da Unidade escolhidos pelos Gerentes. Caso o piloto fosse validado teríamos verba para continuar o projeto. Bem, no dia 20/05/1996 iniciamos o projeto Piloto “Criatividade não é dom!” Um projeto com 50 horas de duração, cinco dias, totalmente experiencial, fundamentado na metodologia “Resolução Criativa de Problemas (CPS)” e que termina com aprovação total de continuidade por todos os 20 avaliadores.

 

 Sucesso! Setembro de 1996. Inicia-se formalmente em Aracaju, SE, a caminhada do Projeto Criatividade. Dela participa o grande artista Sergival e que logo em seguida nos presenteia com o belíssimo e metafórico símbolo do projeto. Pedimos autorização à Companhia para criar a rede do projeto que foi batizada pelos participantes como “Angel-Net” e foi a primeira rede de empregados do sistema Petrobras.

 

A “Angel-Net” se tornou uma poderosa ferramenta de mobilização, pois a cada turma realizada os participantes pediam para serem inseridos à rede. As ajudas eram muitas, desde apoio até troca de experiências e conhecimento. Desta forma, passo a passo o projeto “Criatividade não é dom!” continuava sua caminhada de sucesso. Uma turma por mês e ao final de cada turma, centenas de participantes iam para a sessão de encerramento e nesse dia era visível a mobilização das pessoas nas diversas áreas da Unidade SEAL.

 

A rede pipocava nesses dias! Em 1998 duas coisas maravilhosas aconteceram: 1 – O projeto é agraciado com o Prêmio Ser Humano Osvaldo Chechia, 1998, concedido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos, Nacional, SP; e 2 – A Creative Education Foundation, Buffalo, NY, USA, nos convida para apresentar o projeto no então considerado maior evento do mundo sobre o tema Criatividade e Inovação.

 

O projeto ganha visibilidade na Companhia e, no período de 1998-1999, o grupo de voluntários e parceiros era grande. Os eventos beneficentes estavam acontecendo para captar recursos para instituições e muita coisa acontecia, trabalhos para angariar fundos para instituições como: Avosos, Creche Menino Jesus e Casa do Pequenino.

 

Através da rede “Angel Net” captamos recursos para instituições carentes, ajudamos pessoas, escrevemos e definimos o nome de um pequeno livro[1] com textos colocados na rede, decidimos sobre a realização do I Fórum e nesta mesma rede, já ligada a dos participantes de Vitória, ES, foi escolhido o nome da Fundação Brasil Criativo.

 

Portanto, por todos estes motivos, considero que cada vez mais as redes tornam-se ferramentas estratégicas que poderão ser utilizadas de maneira rápida e eficaz.

Nas minhas muitas caminhadas pelas redes percebo isso nitidamente. Através delas as distâncias ficam menores, as notícias chegam na hora e se torna muito fácil compartilhar idéias e conhecimento. Todavia, a meu ver o mais importante é a sua capacidade de integrar pessoas de diferentes áreas, de diferentes culturas, mas que possuem objetivos comuns e por isto se ligam às redes.

Talvez seja este o maior poder das redes e quem ignorá-las, certamente, continuará isolado de um mundo de oportunidades, vantagens e experiências.

Essa história continua…

 

Fernando Viana

Fundação Brasil Criativo

www.fbcriativo.org.br



[1] Nas Asas da Criatividade, 2000.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais