Sentado no batente da porta da casa de esquina, passou durante quase toda tarde. Felício, o filho mais novo da família, tinha esse hábito, além de outros diferentes dos demais. Felício é assim mesmo, dizia a Mãe, quando começa a pensar fica distraído do Mundo e é melhor deixar ele em paz. Felício ficava feliz quando ouviu a Mãe dizer isso.
Afinal, a Mãe lhe protegia, entendia que ele não vivia ali.Felício, sentado no batente, enfrentava viagens e aventuras. Seu amor, a Fada Azul, o acompanhava em tudo. Ela tinha o rosto da menina filha do dono do armazém. Linda, mas que não lhe dava nem bom dia. Mas, nas suas aventuras, era sua namorada e viajavam pelo mundo, lutando ao lado de Simbad, o marujo e de outros heróis, combatendo dragões e bandoleiros terríveis.
Os livrinhos que ele lia, da pequena estante da escola, forneciam munição para a sua mente. Felício nem ouvia a garotada lhe chamando para o jogo. Tinha obrigações mais importantes.”Meu filho, venha merendar, dehoje que lhe chamo…” A mãe abaixara-se e seu rosto lhe tocava a testa. Arfante do cansaço das aventuras, o menino levantou-se, olhando cúmplice para a mulher.
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