Quem conhece o mercado de capitais sabe que, normalmente, as empresas não adotam a política de anteciparem o pagamento dos dividendos, até porque podem sofrer prejuízos, inicialmente não previstos. Quando muito, fazem o pagamento aos acionistas de Juros sobre o Capital, beneficiando-se do tratamento tributário que é dado a esta operação. A quase totalidade das empresas distribui os dividendos anualmente, após a apuração dos lucros do exercício e na faixa de 25% a 50% dos mesmos. A outra parte dos lucros da empresa é reservada para investimentos, contingências futuras ou aumento de capital (fortalecendo o seu patrimônio). Qualquer leigo, que não entenda muito de economia, basta analisar os arquivos dos resumos das deliberações do Conselho de Administração do Banese, relativos à distribuição de Dividendos Antecipados e Juros sobre o Capital aos acionistas da empresa – que estão disponíveis para consulta no site da Bovespa, onde o banco tem ações em negociação – que chama a atenção a distribuição de dividendos antecipados do banco. No comunicado mais recente ao mercado, o Banese informa a última distribuição de dividendos antecipados, cujo pagamento está previsto para a próxima sexta-feira, 27. Em apenas um mês o Banco está destinando aos acionistas a importância superior a R$ 19 milhões, próximo de todo o lucro declarado pelo Banco no primeiro semestre de 2006, que foi de R$ 21,3 milhões. Se for somado a este, os valores informados nos meses de julho/06, agosto/06 e setembro/06, o montante ultrapassa a cifra de R$ 35 milhões, em apenas 4 meses, somente a títulos de “Dividendos Antecipados”. Este é o mecanismo que o Governo do Estado tem se utilizado para sacar vultosas somas de recursos do banco ao longo da atual administração – distribuir aos acionistas 95% do resultado auferido. Em 2003 foi distribuído aos acionistas R$ 15,8 milhões; em 2004, R$ 20,2 milhões; em 2005, R$ 29,4 milhões; e em 2006, até o mês de outubro, R$ 50,5 milhões, totalizando R$ 116 milhões, no período de quase 4 anos. Considerando que o Governo do Estado é detentor de 90% das ações do Banese, tem-se que cerca de R$ 104 milhões foram creditados ao Estado nesse período. Estes dados estão disponíveis nos sites da Bovespa e do próprio Banese (este um pouco defasado). Para se ter uma idéia do volume de recursos recebidos pelo Estado, este valor é superior ao capital do Banco, que é de R$ 101 milhões. Também supera os R$ 82 milhões que o Bradesco pagou, em fevereiro/04, pelo Banco do Estado do Maranhão – BEM, no leilão de privatização daquele Banco, sem considerar a diferença dos mercados onde os dois Bancos atuam. A situação é ainda mais grave, vez que boa parte desses recursos são oriundos de resultados meramente contábeis, via realização de Créditos Tributários. Não se constituem em lucros obtidos das operações normais do Banco, e sim de valores contabilizados como receitas e que somente serão efetivadas ao longo de vários anos, através da compensação de parte dos impostos federais que o Banco teria que pagar no futuro. Inclusive, alguns desses créditos tributários, já contabilizados, estão sendo contestados na Justiça pela Receita Federal (Processo 200685000002222). Isto representa uma enorme descapitalização do Banco, vez que estão sendo pagas elevadas somas de recursos, sem a contrapartida da entrada de valores correspondentes no seu Caixa. Aliado a isso existem outros fatores preocupantes.A falsa ilusão que está sendo passada para o mercado de ações sobre a elevadíssima rentabilidade das ações do Banese, decorrentes da agressiva e inédita política de distribuição de resultados praticada atualmente pelo banco, apenas para atender aos interesses do acionista majoritário. Cerca de 9% das ações do banco estão com os acionistas minoritários, que operam na Bovespa diariamente. Vários destes acionistas minoritários estão sendo atraídos por essa rentabilidade e pela propaganda oficial do banco, e poderão sofrer pesados prejuízos quando este quadro irreal deixar de ocorrer. Basta ver que, no momento, as ações preferenciais do Banese (BGIP4) estão sendo comercializadas por R$ 620,00 por lote de mil ações, quando o valor patrimonial das mesmas é em torno de R$ 200,00 por lote de mil ações; Outro fator é o não crescimento do Patrimônio Líquido do Banco, vez que, apesar do Banese ter auferido, na atual gestão, lucros acumulados superiores ao seu próprio Patrimônio (se bem que boa parte contábil), praticamente nada foi incorporado ao Capital, sem considerar que no período a inflação foi da ordem de 26%, provocando uma desvalorização real. Uma empresa que não cresce seu Patrimônio, pela acumulação de parte dos seus resultados, está fadada a ter problemas no futuro, especialmente quando se trata de uma Instituição Financeira, que tem neste item, a principal referência para avaliação de sua capacidade de fazer negócios e suportar os riscos inerentes a própria atividade. Se no futuro o Banese precisar aumentar seu Capital, por determinação do BACEN, para suportar o crescimento de seus negócios e do risco intrínseco, será que o Estado terá a capacidade financeira de fazer este aporte de recursos? O certo é que não existirá mais a possibilidade de um novo PROES, onde o Estado em 1998 tomou dinheiro emprestado ao Tesouro Nacional para salvar o Banese que estava a beira da falência, por práticas passadas de má gestão. Caro leitor, observe que nesta análise – cujos números foram mostrados a um economista para tirar qualquer dúvida – não está sendo considerada o aumento das despesas administrativas via elevados gastos com publicidade e patrocínios (já denunciados neste espaço) abertura de novas agências em cidades sem o menor potencial econômico, contratação de novos funcionários, grande número de estagiários e várias outras despesas desnecessárias, bem como a simultânea diminuição das receitas oriundas das operações bancárias, decorrente da queda contínua nas taxas de juros e do aumento da competitividade do setor. A conclusão é que o governo Deda herdará um grande problema, face a importância do Banese para a comunidade sergipana, que atualmente tem mais de mais de R$ 1,0 bilhão depositados na Instituição. Mas, com certeza, com a ajuda de técnicos competentes o problema poderá ser superado. Porém os números não mentem e mostram uma realidade: o Banese não agüentaria um outro mandato do atual governo. A coluna avisou, ninguém acreditou A coluna já tinha avisado que a Operação Fox não tinha parado e que muita gente teria que tomar lexotan por vários meses. Não deu outra, agora seis prefeitos de Sergipe podem perder seus mandatos. É uma pena que a Polícia Federal não divulgou os nomes de todos os 48 indiciados, para que fossem publicados pela imprensa. Reis da cocada Deu ontem na coluna Painel da Folha de São Paulo, com o título “Reis da cocada”: “Um petista explica o prestígio dos governadores eleitos Jaques Wagner (BA) e Marcelo Déda (SE) com Lula: “Pense em dois cabras que nunca deram trabalho a ele. São esses aí”. Será mais um tucano voando do ninho? Ontem no aconchego do Ferreiro Café batiam um papo descontraído os deputados Bosco Costa, Jorge Araújo e Ulices Andrade ao lado do empresário que foi candidato a deputado federal pelo PSDB, Laércio Oliveira. Bosco e Jorge já voaram do ninho tucano. Ulices Andrade deve esperar apenas a diplomação. Já Laércio Oliveira, que obteve uma boa votação deve tentar vôos mais altos deixando o ninho tucano. Últimos nomeados ao apagar das luzes O Ipes agora está dividido de fato. O Ipes Saúde continua com o atual presidente Massashi Morita e toda diretoria antiga. Já no Ipes Previdência tomou posse ontem como presidente o economista Dílson Barreto e vários outros diretores, entre eles, Jorge Prata, indicado pelo deputado Walmir Monteiro. Os novos diretores terão uma tarefa gigantesca nesse final de governo que é a de cuidar da política previdenciária do Estado. Detalhe: por conta da nova estrutura, todos os chefes foram demitidos na última sexta-feira. Ou seja, os diretores não têm para quem dar ordens. Chiquinho deixa assessoria de André O radialista Chiquinho Ferreira comunicou ontem aos colegas de imprensa que não faz mais assessoria para o deputado eleito André Moura. Chiquinho trabalhava na assessoria do deputado eleito ao lado do jornalista Sales Neto.O radialista não entrou em detalhes, mas disse que foram questões pessoais. Criticas ao artigo “Samu Estadual: caso de polícia” I Dois leitores enviaram e-mails quase semelhantes criticando o artigo de ontem. O que está sendo publicado foi enviado por Luis Antônio: “É com muito pesar que vejo jornalistas do seu calibre, com 13 anos de carreira, divulgando uma matéria tão sem propósito, aliás, com o propósito somente de denegrir a imagem de um serviço que fora implantado em setembro de 2006, e que se encontra em pleno funcionamento, apesar de forças Municipal(Aracaju) e Federal, estarem tentando derrubar. É com muito esforço e dedicação, que nós servidores públicos Estaduais, estamos implantando o Samu Estadual, e que publicar uma matéria simplesmente falando que não funciona, é no mínimo irresponsável, pois o senhor precisaria primeiro visitar a Central do Samu, no anexo do Hospital João Alves, visitar também algum Hospital do interior do Estado, para verificar pessoalmente que o Samu Estadual não só é uma realidade, como também já salvou e com certeza salvará muitas vidas. Sou funcionário público há 23 anos, não sou partidário, trabalho com quem estiver no poder, porque sou técnico, porém nunca vi uma perseguição tão implacável a um governo Estadual vigente, como estou presenciando agora, e não é só com o Samu, no campo da saúde as perseguições e impedimentos para que possamos trazer o melhor para a população do nosso Estado de Sergipe são tantas que essa seria uma outra matéria ou até mesmo um livro a ser publicado. Espero que agora com o PT no poder as coisas melhorem para nossa população, principalmente a mais carente, que é a que mais utiliza o SUS, agora dizer que o SAMU Estadual não está implantado e que vai ser Marcelo Déda quem vai implantar, isso foi na campanha, para impressionar o eleitorado, porque o SAMU Estadual hoje é uma realidade, e que é só o senhor visitar as suas instalações para ver. Faça como São Tomé, veja para crer, e aí depois sim, faça a sua crítica, construtiva é lógico”. Criticas ao artigo do “Samu Estadual: caso de polícia” II Mais uma vez a coluna respeita o direito do leitor de se manifestar, porém reafirma tudo que escreveu no artigo de ontem. Primeiro porque o crime eleitoral existe e está sendo apurado pela Procuradoria Federal; segundo porque o depoimento da enfermeira que prestou socorro é real e os policiais federais que estavam no local são testemunhas. Por fim, o Samu Estadual tem que virar realidade de fato. Quando tiver funcionando de verdade, a coluna fará os elogios. Mas, por enquanto, é apenas mais “engodo” do atual governo. Detalhe: no programa Fala Sergipe da segunda-feira, um ouvinte ligou e cobrou no ar o pagamento pelos dias que trabalhou dirigindo ambulâncias do Samu estadual em várias cidades do interior e aqui em Aracaju.Segundo ele até hoje nada recebeu pelo trabalho. Então era trabalho temporário, apenas para o período eleitoral? Resposta ao artigo “Turismo x inversão de valores” I O deputado Fabiano Oliveira, enviou o seguinte e-mail sobre o comentário “Turismo x inversão de valores”: 1 – Você afirma que nosso grupo “Sempre programa um evento próximo ou no mesmo dia para prejudicar o grupo”, no caso o promotor do Odonto Fantasy. A bem da verdade, informo que a data de realização do Coco Folia foi anunciada no início de setembro, quando da publicidade da Festa do Mole, que aconteceu no dia 24 daquele mês. A Odonto Fantasy anualmente é realizada no mês de outubro, portanto, o Coco Folia que aconteceria de 3 a 5 de novembro, na Atalaia Nova, não teve sua data definida com o propósito de “prejudicar” a festa de Aracaju; 2 – Você estende a afirmação em relação ao pessoal da Heatmus, da Fênix Produções e alguns outros produtores e conclui: “No discurso Fabiano defende o turismo, mas na prática tenta monopolizar o setor de eventos”. Discordo da parte final. O grupo Augustu’s mantém com os demais empresários do setor relações de parceria e companheirismo, centradas no respeito e no profissionalismo, mas, sem descuidar de que, felizmente, no Brasil a livre iniciativa e a livre concorrência são fundamento e princípio constitucionais. Portanto, não há espaço para monopólios, existe sim, espaço para todos. Resposta ao artigo “Turismo x inversão de valores” II Continua Fabiano: “3 – Você ainda recomenda que “o grupo liderado por Fabiano Oliveira faça a opção pelo trabalho profissional, onde todos têm seu espaço garantido”. Agradeço a recomendação, pois, ao fazê-la você termina por exaltar aquilo que tem sido a missão do grupo Augustu’s, afinal, por agirmos sempre com profissionalismo é que estamos no mercado há 16 anos, respeitando e sendo respeitado pelos parceiros, patrocinadores, artistas nacionais e internacionais e, principalmente, pelo público sergipano. Ninguém aqui, no Rio de Janeiro, Goiás ou em qualquer outro estado onde atuamos, até hoje tomou conhecimento de qualquer crítica ao comportamento ético e profissional do nosso grupo. É assim que temos atuado e assim, com fé em Deus, continuaremos marcar nossa caminhada como grupo sergipano que acredita e aposta na potencialidade turística de Sergipe e na dignidade da sua gente. Por fim, registro nosso agradecimento especial pelas referências elogiosas sobre nossa atuação como empresário e homem público no incremento do turismo em Sergipe, notadamente em relação ao Pré-Caju, que você reconhece “que hoje está consolidado no calendário nacional”. Lembro ainda que o Coco Folia também faz parte do nosso calendário anual e também dos eventos da Barra dos Coqueiros. Resposta ao artigo “Turismo x inversão de valores” III Quem leu todo o artigo percebeu claramente que a intenção deste colunista não foi denegrir a imagem de ninguém – pelo contrário, o próprio Fabiano reconheceu os elogios – mas analisar o fato real que vem acontecendo nos bastidores da realização de shows em Sergipe. O jornalista volta a lembrar o conselho que escreveu no artigo, que, não só Fabiano, mas todos os produtores locais, sentem e fechem um calendário anual de eventos. Assim, ganham não apenas eles, mas o Estado. Zoroastro responde e-mail de leitor Do jornalista Zoroastro Sant`Anna sobre o e-mail do leitor Carlos Curvelo publicado ontem nesta coluna: “Não consigo entender o objetivo do “leitor” Carlos Curvelo ao escrever para sua coluna me responsabilizando pelo conteúdo editorial do pasquim “Hora do Povo” no qual, como qualquer profissional, fui contratado durante cinco meses para a empreitada de montar o jornal, nada mais do que isso. Quanto a afirmação de que eu era o braço direito do senador Almeida Lima, todo mundo sabe que ninguém nunca teve essa função porque o jeito do senador não permite. O que esse “leitor” está fazendo é mais baixa queimação, tão comum ao “marronzismo” praticado pelos solertes incompetentes que se escondem atrás de outras pessoas vis para espalhar a lama na qual vivem chafurdados”. Frase do Dia “Restou do terceiro debate a impressão de que o quarto debate, marcado para a próxima sexta-feira, tende a ser ainda mais enfadonho. E a sensação de que não resta a Alckmin senão rezar pelo surgimento de outro “fato novo.” E a Lula orar para que não irrompa em cena nenhum outro petista aloprado” Do jornalista Josias de Souza,no blog da Folha Online.
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