O então prefeito, Jorge Campos Maynard, estimulou a publicação de alguns trabalhos em torno de Aracaju, marcando o Centenário. Corinto Mendonça evocou os governantes republicanos em Contribuição ao Centenário de Aracaju (Aracaju: Escola Industrial, 1954) e Sebrão Sobrinho publicou as suas Laudas da história de Aracaju (Salvador: Editora Benedetina, 1955). Não foram os únicos livros, aos quais se juntou Aracaju, de Fernando Porto, hoje considerado um clássico da historiografia aracajuana. O Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, contando com o apoio financeiro de Humberto de Andrade Amado, promoveu um Concurso de textos sobre Aracaju, atraíndo a participação, principalmente, de sergipanos ausentes e de estudiosos de outros lugares. Os três trabalhos vencedores – Aracaju – 1855-1955, Menino de Aracaju e Coisas e Vultos de Aracaju – foram publicados, mas, lamentavelmente, circularam pouco entre os leitores e hoje são raridades bibliográficas. Aracaju – 1855-1955, premiado em 1º lugar, é de autoria do então major do Exército, Luiz Wiedmann, que concorreu com o pseudônimo de Ararigboia, nome utilizado também na capa do livro, editado em Aracaju, em 1955, pela Tipografia Democrata. Menino de Aracaju, que ficou em 2º lugar, tem como autor o jornalista sergipano, radicado no Rio de Janeiro, Mario Hora, e não há informação exata sobre a edição. É um livro que reconstitui Aracaju entre os anos de 1900 a 1906. Coisas e Vultos de Aracaju, 3º lugar entre os concorrentes, é de autoria de J. R. de Bastos Coelho, e foi publicado pelo autor, no Rio de Janeiro, em 1956. Bastos Coelho, filho do grande empreendedor – exportador de sal e armador – do mesmo nome, mescla suas lembranças de Aracaju com as atividades do seu pai, referência empresarial dos anos finais do século XIX. Um outro concurso, o do Hino do Primeiro Centenário, apresentou o seguinte resultado: 1º lugar, letra de Sales de Campos, música do professor José de A Feijó, gravado pelo selo Mocambo, do Recife (Nº P-001), na voz do cantor sergipano, radicado em Salvador, depois no Recife, Raimundo Santos (que também gravou o disco com o Hino do Clube Esportivo Sergipe). O segundo lugar teve letra do poeta João Freire Ribeiro, música do professor Alfeu Menezes, e foi gravado por Ernani Dantas, na face b do disco (Nº P-002). Ambas as gravações contaram com a orquestra e coro Tamandaré, dirigidos pelo maestro Nelson Ferreira. A divulgação ficou a cargo da Radiolux, como uma homenagem da sua seção de discos, ao Centenário de Aracaju. O disco, hoje uma raridade, foi muito tocado, à época, nas duas emissoras de rádio existentes, a Difusora e a Liberdade. Outro disco, este em acetato, feito nos estúdios de José Orico, tinha nos dois lados um dobrado composto e cantado por Vilermando Orico, de 11 anos, o mais popular dos artistas mirins de Sergipe, no ano do Centenário. Bem vestido, de paletó cortado, gravata borboleta, lenço, Vilermando Orico freqüentava os auditórios e seus números eram, invariavelmente, gravados pelo seu pai, que tinha um sistema rudimentar de gravação, com o qual iniciou a propaganda com jingles nas emissoras de rádio. Nascido em Viçosa, Alagoas, em 1944, Vilermando Orico iniciou bem cedo a sua carreira de cantor, compositor e instrumentista, com apresentações em festas e como artista dos programas de Santos Mendonça, Nelson Souza e outros animadores. Ao mudar a voz, Vilermando Orico deixou de cantar e formou um conjunto para tocar bossa nova, passando a animar os finais de semana da Associação Atlética de Sergipe. Depois, fazendo, carreira solo, Vilermando Orico mudou-se para Salvador e para São Luiz, no Maranhão, onde passou algum tempo como piano bar no Hotel do Grupo Quatro Rodas. Em 1986, aos 42 anos, Vilermando Orico morreu, na capital maranhense. Aracaju sempre inspirou artistas, independentemente dos eventos que a colocaram no centro do interesse. Vários jornalistas e escritores trataram da cidade, músicos, intérpretes, imortalizaram a vida aracajuana. Porque, no dizer do saudoso médico e intelectual Antonio Garcia Filho: “Deitada na praia, da doce Atalaia, Aracaju é um postal.”
Aracaju, de José Calasans, tese de 1942, é o título inaugural e principal da bibliografia aracajuana, muito embora o Álbum de Sergipe, de Clodomir Silva, editado nos festejos do Centenário da Emancipação Política de Sergipe tenha capítulo de precedência. Os trabalhos de Mário Cabral, a começar pelo Roteiro de Aracaju, que teve 1ª edição em 1948, seguindo-se o ensaio de folclore infantil e a crônica Aracaju By By tornaram-se, também, contribuições originais, que balizam ainda hoje as pesquisas e os estudos sobre Aracaju, tanto no enfoque histórico da mudança da capital, como na visão próxima da evolução da cidade. Brasão de Aracaju feito especialmente no centenário da capital, em 1955
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