Cachoeira (BA): Irmandade da Boa Morte

Continuando o “mochilão” por Cachoeira (BA), cidade localizada no Recôncavo Baiano, distante 340km de Aracaju, não poderia faltar a curiosa e intrigante Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte. A confraria reúne mais de 30 mulheres, que passam às tradições de geração em geração a mais de dois séculos.

Casa da Irmandade da Boa Morte hoje abriga uma exposição permanente. Foto: Sílvio Oliveira

Tradição de mais de 232 anos, a confraria chama atenção por seus cultos secretos, mitos quanto a sua origem e divergências sobre onde surgiu. Alguns estudiosos definem que a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte é uma confraria católica de mulheres negras e mestiças, que descendem e representam a ancestralidade dos povos africanos escravizados e libertos na região do Recôncavo Baiano.

Por ter sido Cachoeira a segunda cidade mais importante da Bahia durante dois séculos perdendo apenas para a capital Salvador, há indícios de que os primeiros ritos da Irmandade da Boa Morte tenham surgindo na Barroquinha, bairro de Salvador, e depois transferidos para Cachoeira, já que muitas pessoas partiram da capital para a cidade atraídas pela pujante economia da época.

O que se tem a certeza é que essa Irmandade, composta por mulheres negras acima dos 50 anos, até hoje permite conferir um pouco de muita tradição envolvida de formalidades, rituais, adorações e sincretismo religioso.

Cortejo ou procissão pelas ruas de Cachoeira para celebrar a assunção de Nossa Senhora. As vestes são brancas. Foto: Reprodução do acervo

Sabe-se que a confraria inicialmente era composta por mulheres oriundas das camadas mais populares. Com o tempo, tornou-se uma instituição de grande poder, e no imaginário das mulheres negras da época, fazer parte dela era tradição e símbolo de status. Muitas delas ofertaram joias com a finalidade de ter uma boa morte.

Inicialmente as mulheres pediam esmolas na primeira quinzena de agosto para causa própria e para realizar as festividades de Nossa Senhora da Boa Morte. Por ser uma confraria somente de mulheres, geralmente oriunda das senzalas, em uma sociedade patriarcal, pedir esmolas era algo tido como menosprezo, mas logo em seguida vinham às comemorações com muito samba de roda e comida em torno da igreja da santa. Essa tradição é até hoje mantida pelas irmãs. Há toda uma tradição de adoração a imagem do catolicismo, bem como os orixás, num uníssono misticismo quase que inexplicável, já que alguns cultos, ritos e hábitos são guardados as setes chaves.

Até hoje a tradição de sair pedindo esmolas acontece na primeira semana de agosto, e entre os dias 13 e 15 do mesmo mês, ocorre o cortejo, primeiramente com a imagem de Nossa Senhora em pé, ainda viva. Há

Capela de Nossa Senhora da Boa Morte. Foto: Sílvio Oliveira

rodas de samba em torno da igreja e comidas típicas. No segundo cortejo a imagem de Nossa Senhora está deitada, representando a morte. Os trajes e joias das integrantes são usados de acordo com cada ato, podendo ser apreciados em exposição na Casa da Irmandade ou no dia da festa.

Dicas de Viagem

• A festa de Nossa Senhora da Boa Morte é um exemplo vivo da força e influência marcantes da cultura africana, miscigenada às tradições católicas. A festa aconteceu de 13 a 15 de agosto de 2015. A Casa da Irmandade funciona em um conjunto de quatro sobrados do século XVIII, restaurados pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac). Sede e Capela da Irmandade da Boa Morte – Rua Treze de Maio, nº 32. (75) 3425-1468;

• Na sede há uma exposição permanente de vestes e objetos, incluindo a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte, que não pode ser visitada por questões de segurança;

Exposição permanente na Casa. Foto: Sílvio Oliveira

• Há boas instalações, principalmente de pousadas e aparts, porém a sugestão é se hospedar na Pousada Convento do Carmo. As instalações precisam de reforma e melhoria dos serviços, porém, continua sendo uma boa pedida para quem quer curtir a história. A pousada possui um bom restaurante com agradável vista da piscina;

• Caso tenha pouco tempo, pode-se fazer um bate e volta até a cidade, partindo de Feira de Santana, distante 47km. Há ônibus de uma em uma hora e o preço da passagem não chega a custar R$ 10. A passagem é comprada na hora do embarque na estação rodoviária de Feira de Santana;

• Partindo de Salvador, distante120km, o acesso rodoviário é feito através da BR-324 (Salvador-Feira de Santana) e BA-026. A empresa Santana (71) 3450-4951 tem linhas regulares de ônibus para Cachoeira diariamente, praticamente de hora em hora, entre 5h30 e 21h30;

Vestes pretas lembram a morte de Nossa Senhora. Foto: Reprodução do acervo

• Caso opte pelo ônibus partindo de Aracaju, distante 340km, a dica é ir até Feira de Santana. Há duas empresas principais que fazem o trajeto. Na rodoviária da cidade baiana, compra-se o ticket de passagem sem nenhum problema;

• Há inúmeros ateliês na cidade, a exemplo do casarão Hansen Bahia, que deverão ser visitados. Hansen, alemão, pintor, escultor, escolheu a Bahia como sua “Nação”. Na Praça da Aclamação, o sobrado-sede do Iphan abriga obras de artistas baianos. Há também bons restaurantes no entorno;

• O samba de roda é o ritmo tradicional do Recôncavo Baiano e Patrimônio Imaterial do Brasil. No mês de março acontece a emancipação política da cidade e apresentações são quase que diária.

Gastroterapia

Prato típico da região de Curitiba que nada tem a ver com o nome: carne de onça. Foto: Sílvio Oliveira

Você já ouviu falar em Carne de Onça? Prato típico da região de Curitiba (PR), não se sabe ao certo como ele surgiu, mas na contemporaneidade ele é servido nos principais restaurantes alemães da cidade. A carne crua moída na hora – que não é de onça – é servida com bastante cheiro verde ou cebolinha, em cima de uma broa. O prato acompanha, por vezes, um molho de gosto apurado preparado com mostarda, alho e pimenta do reino. Se for servida acompanhada de um caneco de chope, o sabor fica bem melhor.

Na Babagem 

Exercício Ilegal de Guia

A falta de guia de turismo oficial nos transportes de algumas empresas que saem de Aracaju para os pontos turísticos do interior do Estado tem causado reclamações de turistas. Na última semana, um grupo de São Paulo comprou um pacote para o Cânion do São Francisco com acompanhamento de um guia e o motorista tanto transportou como fez o guiamento. Foi solicitado o credenciamento no Mtur, mas o profissional fez ouvidos de mercador. No grupo estava um fiscal do Ministério do Trabalho. Será que agora a denúncia é formalizada e a fiscalização sai?

Delegacia do Turista ou Procon?

Os turistas que se sentirem lesados quanto ao atendimento de receptivos ou falta de profissionais registrados no Ministério do Turismo deverão recorrer à Delegacia do Turista ou ao Procon? A delegacia fica na orla da praia de Atalaia, nas proximidades dos principais hotéis da capital, mas faz registros por conta de problemas relacionados à integridade física do turista, a exemplo de roubos e furtos. Quando há falta de prestação de serviço, contrato ou afins, o melhor é procurar o Direito do Consumidor. Em caso de urgência, procure a Delegacia que será orientado.

Povoado Calumbi

O polo gastronômico que se instala na região do Povoado Calumbi, em Nossa Senhora do Socorro, ganha mais um aliado: a pavimentação asfáltica de acesso ao povoado. Restaurantes fazem do local um atrativo gastronôico a bom custo/benefício, o que tem atraido cada vez mais turistas, a exemplo do Polo de Massagueira, em Maceió (AL).

Orlinha do São Braz

No povoado São Braz, a orlinha foi totalmente reformada, restando agora receber incentivos para atrair melhor infraestrura privada, a exemplo de restaurantes e passeios pelo Rio do Sal, além de divulgação do local. Afinal, o que não é visto, não é lembrado.

Polo Gastronômico no Inácio Barbosa

O polo gastronômico do Povoado Calumbi é uma realidade que cada vez mais ganha novos estabelecimentos. No conjunto Inácio Barbosa, em Aracaju, três grandes estabelecimentos no setor de alimentos tem chamado atenção para a boa gastronomia. São eles: O Seu Inácio Bistrô, o Al’Bar e o Almeida, além do Boteco Almeida e o Estação 22.

Veja mais: WWW.facebook.com.br/tonomundo

Contato: silviooliveira@infonet.com.br

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