As atitudes do senador Almeida Lima, PDT, e seu jeito arredio, atualmente, sinalizam para um caminho, mais que previsto, para quem entende minimamente de como funciona o jogo de bastidores da política. Ele pretende, após a eleição, iniciar uma carreira solo, ou seja, ficar independente, chutar o pau da barraca dos atuais aliados e partir para um trabalho que o coloque em condições de disputar a eleição para o Governo do Estado em 2006. Faz a linha daquele que não sabia que era impossível, foi lá e chegou. Mas neste caso, o buraco é mais embaixo. Todos sabem que campanha para governador necessita de uma estrutura muito grande e, principalmente, de adesões, de um grupo político forte, consistente e que vá a luta numa só voz. Almeida Lima não tem nem uma coisa, nem outra. O problema é que ele pode até estar achando que tem. Sozinho ele não representa uma força capaz de enfrentar os tratores de João Alves e Marcelo Déda e/ou Eduardo Dutra. Ele enxerga neste caso, a possibilidade de atrair em torno de sua órbita uma turma que vai estar insatisfeita com os dois adversários principais, devido ao próprio desgaste natural causado por quem ocupa o poder. É verdade que numa eleição, por motivos ideológicos ou financeiros, lideranças podem ir ou vir a sabor dos melhores ventos. Mas elas buscam, quando voam, um ninho seguro, que lhes dê afago e carinho. Se chegar lá, só tiver espinhos, calor e muriçoca, batem asas e vão embora. Aliados do senador vislumbram uma remota possibilidade de atrair o ex-governador Albano Franco para este projeto, o que daria um lastro maior às suas ambições. Nada é impossível, mas em primeiro lugar é preciso que o próprio Albano Franco sinalize positivamente para este entendimento, e, em segundo lugar, que ele sinalize também em relação aquilo que vai querer como projeto político para 2006. Isto ninguém acredita que vai acontecer agora, ainda mais vindo de Albano Franco, que sempre toma sua decisão aos 49 minutos do segundo tempo. Mas hoje, com um olhar distante, dentro de uma perspectiva histórica, pode-se notar que algumas pessoas influentes, dentro do governo estadual, já previam, com certa antecedência, este passo de Almeida Lima e começaram a cortar suas asas, na certeza de que ao alimentá-lo estariam criando uma cobra para morder o próprio calcanhar e aos poucos foram minando suas áreas de influência. Esta compreensão provocou um comportamento que acelerou o processo que Almeida Lima iria deflagrar em um outro ritmo, mais lento, praticamente em banho-maria, mas que não foi possível devido ao seu temperamento explosivo, que até demorou muito para se manifestar. Hoje, para alguns interlocutores, Almeida Lima passa a mensagem de que está rompido com o governador João Alves Filho, dizendo inclusive que foi o próprio governador que provocou esta situação no episódio da exoneração do secretário do Esporte, Lazer e Juventude. Pode ser, mas de qualquer maneira as sinalizações e o perfil do senador indicam, há um bom tempo, que sua história é outra, bem diferente desta que ele quer contar. Para o senador Albano Franco pode ser uma boa opção, a depender daquilo que ele pretende fazer nas próximas eleições. Já confidenciou que gostaria de disputar um cargo, só não sabe ainda se de deputado federal ou senador. Sente falta dos bastidores do poder que só dá vez a quem tem mandato, e até hoje o ex-governador se diz arrependido de não ter saído do governo para disputar o Senado da República. Não que falte absolutamente nada a Albano Franco, mas para quem se acostumou, a vida inteira, a estar nos centros das decisões, a frieza desta distância do poder incomoda. Ao lado de Almeida Lima, mesmo em partidos diferentes, ele teria o espaço necessário para se lançar candidato a senador, se for este seu desejo, já que o grupo petista não vai abrir mão de indicar o seu candidato, seja José Eduardo, Marcelo Déda, ou um outro alguém. Do lado do grupo de João Alves Filho a hipótese é nula, já que além de adversários, existe uma candidata natural ao cargo que é a atual senadora Maria do Carmo Alves, então restaria para ele esta opção, que já começa a ser chamada de terceira via. De qualquer forma, tudo ainda está na base das especulações mais rasas, que não chegam a incomodar ninguém. O ex-governador Albano Franco, por exemplo, não acha que seja bom se envolver nesse tipo de conversa do pouso do senador no ninho tucano e Almeida Lima também demonstra um certo distanciamento do ex-governador, tanto que estão a um palmo um do outro, em Aracaju, e não tiveram qualquer encontro, nem nada estar agendado. O certo é que há o movimento, comprova-se a intenção política de Almeida, sabe-se que ele deseja o Senado, mas não se tem certeza de que ele tenha a companhia do tucanato. Só para incendiar as hipóteses, um outro grupo, bastante consolidado politicamente, também está sendo procurado para assumir o PSDB. ESPERA Notícia divulgada em Plenário, ontem, sobre a demora para o presidente da Petrobrás atender a Jerônimo Reis e Zezé Rocha, de Lagarto, abriu discussão nas rádios. O ex-prefeito Jerônimo Reis também entrou no ar e desmentiu a informação, embora tenha reconhecido a seriedade da coluna. CONFIRMA Plenário confirma tudo o que foi divulgado ontem e dá detalhes. No carro, embaixo do prédio de José Eduardo Dutra, estavam Jerônimo Reis, Zezé Rocha e Juquinha. Juquinha, que é presidente do Diretório do PT em Lagarto, depois de muita insistência, conseguiu falar com o prefeito Marcelo Déda, que estava no apartamento de Dutra. REUNIÃO Já impaciente, Juquinha disse ao prefeito Marcelo Déda, por telefone, que o pessoal de Lagarto estava esperando embaixo e já demonstrava irritação. Marcelo Déda disse-lhe que estavam em reunião e marcou para que Jerônimo e Zezé Rocha se encontrassem com José Eduardo Dutra, às 17 horas, na sede da Petrobrás. AUDIÊNCIA Os três foram para o prédio da Petrobrás e passaram algumas horas para ser atendidos, até que o deputado Jackson Barreto (PTB) conseguiu abrir uma brecha para eles. O assunto da audiência era para tratar sobre latões de lixo para Lagarto e a implantação de gás natural na cidade, para atender às pequenas indústrias e automóveis. JORGE O candidato do PMDB à Prefeitura de Aracaju, Jorge Alberto, passou parte da manhã de ontem visitando órgão de comunicação. Jorge considerou que a campanha está se desenvolvendo bem em Aracaju e que vem obtendo uma boa receptividade do eleitorado. DÉDA O prefeito Marcelo Déda (PT), candidato à reeleição disse que respeitava o direito do deputado federal João Fontes (PSol) não votar nele, porque integra outro partido. Déda acrescentou que o PSol nasceu com o objetivo explícito de combater o Partido dos Trabalhadores. LIBEROU Marcelo Déda disse, ainda, que como o PSol liberou o pessoal para votar em qualquer um dos candidatos, “acho que a maioria deles votará no PT”. A dedução de Marcelo Déda é porque os membros do partido são de esquerda e não devem votar nos outros candidatos. OUTDOOR Os outdoors de candidatos a vereador pelo PT estão sendo pagos por cada um deles, que consideram ser mais eficientes do que cartazes. O prefeito Marcelo Déda explicou que a coordenação de campanha está bancando apenas o outdoor da chapa majoritária. VALADARES Em discurso, no Conjunto Costa e Silva, ao lado de Marcelo Déda, o senador Valadares disse que “às vezes tentam fazer especulações sobre minhas posições políticas”. E continuou: “quero reafirmar que aqui é meu palanque, agora e no futuro. Daqui não saio, daqui ninguém me tira”. VENTINHA Os documentos da camionete Cherokee, placa HZZ-3310-SE, utilizada pelo vereador Ventinha quando foi assassinado, eram do secretário de Segurança Luiz Mendonça. Havia informação de que o revolver que estava com o vereador era da Polícia, mas a delegada da Barra dos Coqueiros, Teresa Simoni, desmentiu. COMPRA Segundo uma fonte policial, Ventinha tinha comprado a camionete do secretário e ainda não havia transferido os documentos. Apesar da confissão do jovem que estava com ele, o assassinato do vereador pode levar a outras vertentes, em razão da vida nebulosa da vítima. ANALFABETO O vereador Ventinha era analfabeto absoluto. Sequer assinava o nome, mas chegou a presidente da Câmara Municipal de Nossa Senhora do Socorro. Mais do que isso: Ventinha foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Ele foi morto próximo a uma fazenda de sua propriedade. PROJETOS Na próxima terça-feira, a Assembléia Legislativa deve iniciar a discussão sobre as reformas do Estado. Será de grande polêmica. Os projetos retornaram às Comissões porque estava com a numeração trocada e poderia confundir os deputados na hora da votação. RENATO O candidato do PPR, José Renato, tem absoluta convicção que está no segundo turno. Diz apenas que não sabe com quem. Na realidade, José Renato tem trabalhado muito, freqüentando todas as feiras e andado nos bairros. Com seu jeito manso, pode ser uma surpresa. Notas RIVANDA A candidata à vereadora Rivanda Farias (PV) explicou ontem que não recebeu 23 santinhos do comitê geral da candidata Susana Azevedo (PPS), mas 23 adesivos. Justificou que isso não ocorreu de forma proposital, mas absolutamente casual, porque foi logo no início da campanha e lhe entregaram o que estava pronto. Rivanda diz que tem passado quase diariamente no comitê, que o tratamento está sendo regular e reconhece que se trata de uma campanha “do milhão contra o tostão”. Acha que está tudo ocorrendo bem. COBRANÇA A população de Brejo Grande está cobrando do prefeito Toninho os alimentos que ele comprou, no início deste ano – de janeiro a março – e que até o momento ainda não apareceu na mesa das pessoas mais carentes do município, embora a Prefeitura tenha pagado pelas mercadorias. A oposição ao prefeito acha um absurdo que Toninho tenha comprado, por exemplo, por R$ 6,90 o quilo de miúdos do boi. Na realidade, a preço da época, era dinheiro suficiente para comprar carne de primeira, inclusive filé. MUDANÇA Uma fonte bem avisada, que sugeriu a omissão do nome, disse que o ex-governador Albano Franco (PSDB) tem conversado muito com o vice-presidente da República, José Alencar, e recebido convite para ingressar no Partido Liberal. Albano Franco está conversando em política, mas exclusivamente nos bastidores. Segundo a mesma fonte, dentro de uma análise para as eleições de 2006, o ex-governador Albano Franco teria mais chance de chegar ao Senado Federal pelo Partido Liberal, dentro da hipótese de José Eduardo Dutra sair candidato a governador. É fogo A deputada Susana Azevedo, candidata à Prefeitura de Aracaju pelo PPS, reuniu-se ontem com a equipe técnica que elabora o seu plano de Governo. O prefeito Marcelo Déda (PT) fez campanha, ontem, no Calçadão. Distribuiu material publicitário e fez o corpo-a-corpo. Uma cavalgada, no povoado Ponta dos Mangues, em Pacatuba, marca a candidatura de Teca Lobo à Prefeitura daquela cidade. Todas as assessorias de comunicação mantêm em seus quadros pessoas que ligam para os programas de rádio, defendendo quem lhes paga. O senador Antônio Carlos Valadares está em Simão Dias e manteve reunião com os candidatos da coligação de Zé Valadares. Na próxima semana o deputado federal João Fontes fará um movimento para fechar a BR-101, trecho Aracaju-Pedra Branca. Alguns imóveis de propriedade do vereador Ventinha estavam em nome de outras pessoas, inclusive algumas importantes. Atualmente ele estava com uma fazenda na localidade Jatobá, na Barra dos Coqueiros, e queria fazer viveiro para camarões. Hoje, em Simão Dias, toda a cúpula da oposição vai a Boquim para participar do comício de Pedro Barbosa, candidato a prefeito daquela cidade. O deputado estadual Venâncio Fonseca disse que a candidatura do seu irmão vai bem em Boquim: “os grupos políticos se uniram contra a gente”, disse. As pessoas que procuram emprego devem tomar cuidado com as agências de recolocação profissional. Elas estão cobrando preços abusivos para isso. Depois da alta recorde de petróleo, atingindo durante o dia R$ 44,50 o barril, o risco Brasil apresentou alta de 3.01%, somando 615 pontos. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br