CENTENÁRIOS EM 2013 – O EXEMPLO DE ROOSEVELT MENEZES

         A Academia Sergipana de Medicina cumprindo suas determinações estatutárias, vai celebrar, em 2013, o centenário de cinco médicos,  todos

Dr. Roosevelt (ao centro, em primeiro plano), acompanha doadores no Hospital Cirurgia.

  patronos da entidade, pelos relevantes serviços prestados à medicina  e à sociedade sergipanas. Não é de agora que a entidade promove essas efemérides, demonstrando assim fôlego invejável. 
         Queixava-se com razão o saudoso jornalista e historiador Luiz Antonio Barreto, do pouco caso que as autoridades de Sergipe demonstravam com os vultos sergipanos, simplesmente apagando-os da memória.  De fato, se não fosse por suas arrojadas e memoráveis  intervenções, muita gente importante teria ficado no esquecimento.
       Felizmente esse não é o caso da Academia de Medicina que, desde a sua fundação em 1994, resgata fatos e homens da história médica de Sergipe, individualmente, como é o caso das celebrações dos centenários e sessões de homenagens póstumas, e da  realização de sessões especiais para  homenagens coletivas, como foi o caso das celebrações  “Noite dos Cirurgiões” e  “Noite dos Obstetras” e agora para   2013, inclusive, está programando a realização de uma sessão especial que homenageará os notáveis pediatras sergipanos.
      A iniciativa  da elaboração e publicação do Dicionário Biográfico de Médicos  de Sergipe, de autoria de Antonio  Samarone,  Petrônio Andrade Gomes e Lucio Prado Dias, em 2010, também foi um acontecimento auspicioso, resgatando para a posteridade mais de 500 biografias de médicos sergipanos dos séculos XIX e XX, trabalho inédito no Brasil.
       Cumprindo  a sua saga, a Academia agora vai celebrar em 2013 os centenários dos médicos Roosevelt Menezes, Aloysio Andrade, Maria do Céu, Clovis Conceição e Costa Pinto. É oportuno,  pois, conhecer um pouco da vida de cada um. As homenagens começarão em março, com a celebração do centenário do médico e político Roosevelt Dantas Cardoso de Menezes.
      Nascido em 16 de março de 1913, na cidade de  Laranjeiras e filho de João Cardoso de Menezes e Raquel Dantas de Menezes,  Roosevelt se tornou médico pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1939. Após a formatura passou a exercer a profissão em Itaporanga d’Ajuda,  onde conheceu  a  jovem Josefina Garcez, filha de José Sobral Garcez e Beatriz Sobral Garcez, esta última conhecida como  Dona Pombinha. Dr. Roosevelt chamava a sua futura esposa de “Fininha”, também sobrinha do todo poderoso chefe político local Sílvio Sobral Garcez.  Nessa época, o pai de Roosevelt  morava na Fazenda  Camuculé,  em Itaporanga, local onde ele costumava passar rotineiramente  as férias da faculdade.    
       O casamento se deu em 1940, tendo seu primeiro filho José Carlos Garcez de Menezes, nascido em 1941 em Itaporanga. A segunda filha, Maria Clara Garcez de Menezes nasceu em Aracaju, na Rua Santa Luzia, 200, entre Maruim e Estância, na casa de seus avós Zezé e Pombinha, sendo registrada em Itaporanga. Nessa casa da Rua Santa Luzia faleceu o meu avô Valentim Vasconcelos Prado, casado com Maria Sobral do Prado, conhecida como Maricas e irmã de Pombinha, que emprestara a casa para o tratamento de saúde do meu avô em Aracaju.
       Em 1940, Roosevelt  passou a atuar no Hospital de Cirurgia, onde criou o primeiro banco de sangue do Estado. Em 1941 ingressou na política e se elegeu prefeito de Itaporanga. Exerceu diversos cargos, destacando-se na presidência do SAMDU.  Foi  Prefeito de Aracaju  de 1955 a 1959 e conduziu as festividades alusivas ao centenário de fundação da cidade (1955). Católico convicto e praticante comparecia à missa religiosamente todos os domingos. Seu lar tinha  a proteção da “Santinha de Lisieux”, Santa Terezinha do Menino Jesus, santa de devoção de “tia” Josefina. Por isso foi um dos organizadores do Congresso Eucarístico ocorrido em Aracaju e que obteve repercussão nacional. Faleceu em 1995, com 82 anos.  Pelo conjunto da obra, foi escolhido para ser Patrono  da cadeira trinta e três da Academia Sergipana de Medicina.
      Para  Manoel  Hermínio de Aguiar Oliveira, que ocupa a cadeira que tem como patrono o Dr. Roosevelt, o médico foi uma pessoa carismática, humilde e competente. “Ele dedicou sua vida ao sacerdócio de salvar vidas, artista da bela medicina, cientista fecundo, o pioneiro das transfusões de sangue no nosso Estado.  Embora ele, como outros brilhantes médicos da época, não utilizasse o método científico como o concebemos atualmente, sua competência técnica, seu escrúpulo com os procedimentos ligados à coleta, estoque e ministração de sangue, seu zelo com a formação dos seus auxiliadores, são todos inerentes à boa ciência. Seu trabalho, humanístico por excelência, foi fundamental para a consolidação da moderna medicina no nosso Estado. Seu exemplo jamais ficará caduco, especialmente nos dias de hoje, onde as pressões mercadológicas de toda ordem tendem a aviltar o papel do médico na sociedade”.
      Na sua posse na Academia de Medicina, Manoel Hermínio proferiu um belíssimo discurso enaltecendo a vida do nosso homenageado. Para ele, o exemplo do Dr. Roosevelt  Dantas Cardoso de Menezes, o mais caridoso dos médicos sergipanos, nunca acabará. Sua lembrança será refrigério para todos os médicos que se compadecem do sofrimento alheio e vivem para aliviá-lo.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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