Cisão à vista

No momento, a situação entre o governador João Alves Filho (PFL) e do senador Almeida Lima (PDT) é de ressentimentos. Mas, se não houver uma conversa franca, onde cada um dê alguma recuada em seus pontos de vistas, evitando a arrogância e esquecendo a força da representatividade, o incidente tende para um rompimento. Na política, quando existe um início de crise, o melhor remédio é exatamente a tolerância e a humildade. Sem a utilização de boas doses desses medicamentos, dificilmente se administra esse sintoma de dispersão. O senador Almeida Lima, por exemplo, vai manter a postura de quem foi vítima de uma ação que atingiu o seu partido. E deseja que a sociedade perceba isso e lhe dê razão. A questão maior continua sendo a demissão do secretário da Juventude, Esporte e Lazer, Genecíldo Pereira, que Almeida Lima considera injusta e fruto de “intrigas palacianas”. Garante que desfez todos os três argumentos que levaram à exoneração do auxiliar e lamenta que em nenhum momento foi ouvido ou comunicado e só tomou conhecimento do ato através da imprensa: “não é assim que se trata um aliado”. Da parte do Governo, as queixas do senador é que o seu partido fez publicar uma nota, em que se declara contra uma posição do Palácio dos Despachos, no que dizia respeito à questão dos professores. Aliado é para ter ônus e bônus. Não se pode deduzir que houve retaliação, mas se existe uma discussão desse tipo em jogo, percebe-se claramente que há um desentendimento forte, que precisa ser tratado com a participação das partes afetadas e que tenham poderes para recomposição ou racha. O senador José Almeida Lima também reclama que não houve interesse político pelo PDT em 2004 e admitiu que “é possível que também não haja em 2006”. O senador reclamou de uma manchete, estampada na terceira página do Jornal da Cidade, em que dizia: “PDT não quer se aliar com o PFL”. Almeida Lima garante que aconteceu exatamente o contrário: “o PDT foi recusado pelo partido do Governo, em todas as tentativas de composição”. Setores vinculados ao governador João Alves Filho não desmentem, mas revelam que Almeida defendia um chapão, onde tinha dezenas de nomes e só ficariam 32. Ninguém quis isso. Além disso, ele foi sempre contra o surgimento de outras candidaturas porque defendia um único nome para a disputa e definir tudo no primeiro turno. Almeida Lima entende que um Governo de coalizão não pode agir sozinho, tem que consultar os seus aliados. Lamenta que em nenhum momento o PDT teve acesso aos projetos do Executivo, para opinar, sugerir e incluir o pensamento do partido: “muito políticos confundem dinâmica com safadeza, com fisiologismo”. E acrescentou: “Na Assembléia, o PDT vai se comportar dentro do que pensa”. Aliás, vem fazendo isso de forma clara, embora integre o bloco de apoio ao Governo do Estado, entretanto nunca tinha feito declarações do tipo, o que demonstra a disposição de continuar tomando posições que contrarie o Governo ao qual está politicamente integrado. O senador disse, ainda, que não sabe como vai ficar daqui para frente. A questão da Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer, no seu entendimento, ficou mal resolvida no campo da ação e da comunicação. Ele já decidiu que não vai indicar um outro nome e já disse que o PDT não se apega a cargo. Considera que o PDT foi o elemento passivo e a única posição foi não querer indicar o sucessor do secretário demitido. Esse é um retrato do relacionamento entre o governador João Alves Filho (PFL) e o senador José Almeida Lima (PDT), que vem preocupando áreas do Governo e segmentos do partido, preocupado com essa situação, que não é confortável, embora o senador insista que está tudo bem, que se mantém aliado do Governo e que vai continuar seguindo a orientação do Palácio dos Despachos. Na visão de qualquer leigo, há um princípio de afastamento, que o senador garante que não é da parte do PDT, mas só o fato de Almeida Lima declarar que em 2006 não sabe como vai ficar, é o suficiente para se perceber que há possibilidade de seguir outro caminho. SUBVENÇÕES Todo o dinheiro das subvenções de parte dos deputados, endereçada a uma associação de utilidade pública, fica todo nas mãos de um conhecido agiota. Os nomes dos deputados serão publicados posteriormente, segundo um advogado, para uso do Ministério Público. NOTAS Essa transação, que lesa os cofres públicos, tem até um sujeito cujo papel é fornecer notas frias pra lavar o dinheiro repassado. É jogo muito sujo que desvia o dinheiro da instituição para os bolsos de um cidadão, hoje riquíssimo, proveniente de transações de empréstimos. OFÍCIO Prevendo as mudanças que ocorrerão no Estado, o secretário de Turismo, Pedrinho Valadares, já enviou ofício ao Governo do Estado. Diz que com a extinção da Emsetur solicita novos cargos para a Sectur, como também o aumento de custeio. REUNIÃO Ontem pela manhã, o secretário Pedrinho Valadares teve uma reunião com funcionários da Emsetur, para explicar como ficará a situação. Acreditava que a Sectur não teria condições de aproveitamento do pessoal e que, certamente, haveria remanejamento para outros setores. CAMPANHA A campanha deu uma arrancada pelas ruas de Aracaju, domingo pela manhã, principalmente na orla de Atalaia, apesar do período chuvoso. Nos lugares mais movimentados, o PT colocou gente distribuindo adesivos e entregando os “santinhos” dos candidatos, inclusive do majoritário, Marcelo Déda. SUSANA A candidata do PPS à Prefeitura de Aracaju, deputada Susana Azevedo, reuniu-se ontem com candidatos a vereador pelo Partido Verde. O presidente regional do PV, Gilmar Carvalho, compareceu o encontro e teve conversa reservada com a candidata, como foi marcado anteriormente por telefone. ACHA DIFÍCIL O deputado Gilmar Carvalho declarou que acha difícil participar das eleições majoritárias, mas deve ouvir a deputada e trocar argumentos. Gilmar deixa claro que não vai ajudar a uma candidata que, dois anos depois, estará concorrendo com ela a uma vaga na Assembléia Legislativa. LAGARTO Em Lagarto, o prefeito Zezé Rocha (PTB) ainda não deu início à campanha para a reeleição. O seu primeiro ato será na sexta-feira com a abertura do comitê. No sábado, um encontro com os grupos que o apóiam e no domingo uma carreata, com a participação de dois trios elétricos e apresentação da cantora Gil. JORGE O candidato do PMDB à Prefeitura de Aracaju, deputado Jorge Alberto, vai fazer sua campanha através do programa de televisão. Quer tempo para também cuidar de alguns candidatos a prefeito no interior. Em Aracaju fará poucas mobilizações. CONVERSA José Almeida Lima (PDT) está marcando uma conversa com o deputado Bosco Costa (PSDB) para conversar sobre a questão de sua ida para os tucanos, já em fase adiantada. A conversa já deveria ter acontecido no início da semana, mas não foi possível. Pode ocorrer ainda hoje. NÃO INDICA Dois secretários de Estado – Flávio Conceição e José Alves Neto – conversaram com o senador Almeida Lima, para que ele indicasse o novo secretário da Juventude. Almeida Lima manteve sua posição da não nomear ninguém para o cargo já deu o caso por encerrado. COMITÊ A candidata à prefeita pelo PPS, deputada Susana Azevedo, inaugura o seu comitê central, na avenida Ivo do Prado e no dia 30 realiza a primeira carreata. No momento, Susana Azevedo está participando de reuniões com vereadores, circulando pelas feiras e ontem à noite conversou com a pastoral da juventude. PAIXÃO “Fazer oposição a Lula, por quê?” Pergunta o deputado Ivan Paixão (PPS) e acrescenta que o partido tem o ministro Ciro Gomes, que pode ajudar Sergipe. Paixão diz que vai aprofundar o relacionamento com Ciro Gomes, para conseguir mais recursos para Sergipe. FLORO Ontem, um importante membro do setor área de segurança disse que ninguém se lembra mais do foragido Floro Calheiros. É como se o problema tivesse solucionado. Acrescentou que Floro vive normalmente exercendo sua atividade de empresário, na região Sul da Bahia, sem ser molestado. Notas DISPUTA Traduzindo a posição de Gilmar sobre a competitividade com Susana Azevedo para a Assembléia, o deputado verde não acredita que ela possa vencer as eleições, se já a imagina na disputa por uma vaga na Assembléia Legislativa, é porque acha que Susana está nessa eleição, com o objetivo de se fortalecer para a próxima. O deputado esquece que Susana já está no terceiro mandato parlamentar, sem nunca ter utilizado desses artifícios. Além disso, como um elemento do bloco que apóia a candidata à prefeita, deveria seguir a rota do partido. ESCALA MAIOR É possível que essa posição de Gilmar seja um problema para Susana Azevedo, que deveria levar para uma escala maior. Evidente que há ressentimentos do parlamentar, que lutou para ser o candidato à Prefeitura, mas não chegou lá. E preciso, então, que o parlamentar reveja bem essa sua posição. Que também analise as causas de sua desistência e veja se não seria ético entrar em uma campanha, que interessa diretamente a seu bloco. Um comandante não abandona o barco, mesmo em caso de naufrágio e o PV é passageiro dessa embarcação. RECURSOS Sem querer se intrometer na decisão dos demais parlamentares em relação ao recebimento de um salário extra que vão receber este mês, o deputado Belivaldo Chagas (PSB) diz que cada um tem que decidir o que fará com o dinheiro da convocação, porque se trata de um ato legal e regimental. Belivaldo avalia que o deputado não pede para ser convocado durante o recesso e quem tomou essa decisão foi o Governo do Estado, que também tem instrumento legal para isso, mesmo que o chamado não seja imperativo. É fogo Os vereadores de vários partidos estão lançando suas candidaturas em grandes festas, para convocar o eleitoral em relação aos seus nomes. O deputado Fabiano Oliveira se mostra contrário à convocação extraordinária, mas não deixará de receber o salário equivalente. O deputado que entregar o salário extra a qualquer instituição é bom que comprove isso, para que o gesto não fique apenas na retórica. Funcionários das empresas em extinção ou que podem se transformar em autarquias estão com os nervos à flor da pele. O prefeito de Poço Redondo, frei Enoque, está com dificuldade de locomoção em razão de uma cirurgia no joelho. Os deputados estaduais voltaram ontem ao batente para discutir a votação e aprovação dos projetos encaminhados pelo Governo do Estado, dentro da convocação extra. O deputado Belivaldo Chagas (PSB) teme que o Governo demita os servidores da Codise, Emdagro e Emsetur depois que aprovar a reforma administrativa. O deputado Francisco Gualberto (PT) acha que o Governo do Estado está em acelerado processo de desestruturação do setor público. José Raimundo Ribeiro está trabalhando a todo vapor, com a sua campanha na rua. A polarização será entre ele e Zezé Rocha. O Governo Federal fechou acordo para promover a revisão de erros no cálculo dos benefícios de quem se aposentou entre março de 1994 e fevereiro de 1997. A renda média recebida pelos empregados da indústria subiu 6,3% em maio, comparado, com o mesmo mês do ano passado. A informação é do IBGE. O deputado estadual Mardoqueu Bodano está preocupado com o crescimento da violência em Sergipe. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br

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