Conservador e Liberal, non tropo

Há um sonho, uma ilusão, ser “conservador” em costumes e um “liberal”, economicamente falando.

Na verdade ninguém é “liberal” em costumes, afinal a pauta liberal nesse campo, pressupõe o afastamento do Estado, limitando permissões de gosto e escolha ao comum cidadão.

O problema reside em como estabelecer regras e permissões.

Tem muita gente que gosta de impor seu gosto ao vizinho, e assim surgem os crimes tipificados; contra o aborto, contra o uso da química e da física na contracepção, contra a eutanásia, a eugenia, sem falar, nas infindáveis permutas de fluidos no sexo; incestos, pedofilias e até zoofilias, uma infinidade impensável, conforme a descabeça humana.

Nesse sexual contexto, há um texto que vale a pena percorrer: “La philosophie devenue folle” (Ëditions Grasset & Fasquelle, 2018), que eu traduziria como “A Filosofia se tornando maluca”(enlouquecida ou pior, amalucada), do pensador Jean-François Braunstein, Professor de Filosofia Contemporânea, da Universidade Paris 1 Pantheón-Sorbonne, onde leciona cursos de História das Ciências, Filosofia da Medicina e da Ética Médica.

Algumas vezes eu já citei esse texto, porém, nunca enveredei pelo tema.

Deixo-o para os especialistas, sobretudo porque, choca-me saber que haja defensores da pedofilia, do incesto e da zoofilia; considerar tudo nesse campo, natural e permissível, desde que não haja violência, sofrimento, em prévio consentimento dos parceiros.

No entanto, sem que seja desvio psiquiátrico ou degenero degradante, o Professor Braunstein relata trabalhos científicos de autores, como John Money, Judith Butler, Peter Singer, Donna Haraway e outros que não citarei aqui, defendendo e louvando suas práticas, enquanto mero tabu a ser discutido por uma sociedade que avança nas permissões amplas da liberdade.

Um livro polêmico.

Tais práticas reprováveis e delituosas agora, não o seriam apenas um tabu preconceituoso, cientificamente falando? – Perguntam esses autores.

A ciência aprovaria o que as religiões demonizam e proíbem?

Haveria limites à luz da ciência, ao gosto e ao mal gosto do homem, da mulher, da criança e até do animal, tudo sendo permitido entre todos, sem barreiras nem limites, intercambiáveis de gênero e sexo?

Não, não se trata de luta pelo gênero e pelo transgênico, com virou comum e corriqueiro, espécie de galardão de superioridade e valor, nesses tempos de louvação à virilidade macia e da feminilidade masculinizada.

Não, estes pensadores percorrem caminhos impensáveis, como casamentos de humanos com

Capa resumo e divulgação.

felinos e caninos de estimação, sem limites se a troca é hétero ou homossexual, valendo extensão campesina e pastoral, por interação com ovinos e caprinos, sem falar de outras preferências equinas, em troca de fluidos com primatas; chimpanzés, orangotangos e até de gorilas, para quem lida com estes em seus agrados.

E mais! Porque sonhar não prega deslize! Há quem tenha concebido um amplo cama sutra, compatível com tal acomodação, em prévias de câmbio e intercâmbio, com seres alienígenas e outros ET, a conhecer, quem o sabe, poder travar contatos em todos os graus, menos impensável que impossível, para gerar um cyborg, um humano hibridizado, por mais forte, resistente e mais estúpido, e sem gerar filhos em descendência, como os mulos.

Uma indecência jamais denunciada, porque os animais o consentiriam por prazer também, afinal não o fosse assim, bem usariam as próprias unhas, dentes afiados e cascos poderosos em rejeição.

Uma possibilidade não impossível, porque os adeptos destes encantos amorosos sem barreiras, eximem-se de culpas ou taras, alegando que na fruição do prazer tudo vale em intenção, preferência e consentimento, enquanto haja gozo e aceitação de ambas as partes.

Assim, para estes em extensão, não há razão para condenar o incesto, a pedofilia, e por aí vai, a literatura dissecando tais amores que nos choca a todos.

Se no campo sexual, há os que derrubam todas as barreiras, há os que defendem a franca disposição dos corpos, como a livre amputação de órgãos sadios, por não ser de agrado do homem e da mulher, hoje bem comum por estética, em simples correção, ou mesmo ablação total ou parcial, simplesmente.

São as tais cirurgias em mudança de sexo, o homem falsificando a natureza, na ânsia de construir a felicidade.

Ser feliz consigo próprio, para alguns, é difícil.

Felizmente, a maioria se felicita, e se realiza sem tais experiências.

A vida, porém, é difícil!

Alguns, por exemplo, amam tanto os animais que se exasperam em vendo tantos humanos carnívoros.

Recentemente, eu vi uma passeata de veganos em Buenos Ayres.

Os veganos recusam alimentar-se de ovos, laticínios ou carne de animais.

Que eles não queiram alimentar-se assim, ou que outros no seu além gostem de degustar insetos, lesmas ou vermes, isso não incomoda.

O problema é que estes veganos querem impedir que nós, comuns mortais, sejamos impedidos de morder uma picanha, justamente aquela portenha, por ser mais saborosa!

Além de querer matar a cacete os comedores de churrasco, os veganos sofrem terrivelmente com as experiências laboratoriais realizadas com roedores e outros mamíferos, em demanda da cura de doenças dos humanos, a ponto de invadir os laboratórios para libertar as cobaias.

Cobaias à parte, há os que defendam que em tais experimentos sejam usados humanos mal formados, doentes terminais, etc. etc. Nem é bom falar, porque há muitos defensores do aborto, da eugenia e da eutanásia, pelo mundo afora.

E onde estaria o limite?, perguntar-se-ia ao escritor de “O grito das cenouras”, pois até para estes o homem não deveria comer nenhuma erva da horta, sendo liberado para ingestão de lesmas e crustáceos, o porquê sendo incabível, a descerrar novas barreiras e proibições.

Assim, eis a filosofia se tornando amalucada, afinal os que defendem tais comportamentos deploráveis, têm suas explicações que não convencem.

Seria tudo isso, como dizem, um mero tabu a vencer na aceitação do outro?

Hoje eu falei do Conservador, só para dizer que somos todos assim; uns mais, outros não tanto, como supúnhamos.

Outro dia eu direi que nenhum de nós se quer liberal na economia, como virou moda, nesses tempos de olhares à direita.

Todos somos Conservadores e Liberais, ma non tropo!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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