Dois temas; todos equivocados!

 

1. Um pouco de quase nada!

 

De repente, eis que se passaram mais de quatorze anos. Estou aqui na Infonet desde 21 de junho de 2007, quase todas as semanas contribuindo com um texto.

Anima-me, sobremodo, mexer com os meus neurônios e o de meus leitores.

Se eu não agitar a massa cinzenta de meu cérebro, ela se degrada mais rapidamente, por essência natural da vida.

Falando um pouco de história, direi que na minha chegada ao Portal Infonet, recebeu-me gentilmente, Raquel Almeida, jornalista que até então não conhecia, mas que me abriu as portas dessa rede mundial de computadores, dizendo-me inclusive, que alguém indicara o meu nome, para uma eventual parceria, enquanto componente do elenco articulista do Portal.

Como dito, estou aqui desde 2007, até hoje não sabendo quem é sua direção, quem é o seu dono, seu proprietário, aquele que aqui me consente ainda.

Devo acrescentar que sinto a falta de alguns companheiros que partiram e outros que desistiram ao longo da caminhada.

Dos que partiram, restou a saudade de Luiz Antônio Barreto e sua produção notável de artigos.

Ninguém lhe poderia denunciar outros interesses senão a valorização da cultura universal, e em especial da sergipana, hoje tão carente de um opinar isento de interesses de siglas, ou de grupos políticos.

Poder-se-á dizer que não há ninguém isento quando opina, e, sobremodo, quando deseja ser formador de opinião, liderar uma corrente ideológica, transparecer assim e se esconder afim, para agradar ou ofender, angariar até mesmo um troco qualquer, com a pena incivil e servil, por necessidade da vida, na mercancia pela sobrevivência.

Nunca foi, nem seria, o meu caso. Fui lecionar Física e Cálculo Infinitesimal, porque gostava, e porque muitos deles fugiam.

Nem todo mundo ousa ainda, assentar os fundilhos por horas e dias sucessivos, só para desvendar as Ciências Exatas, tão belas, quão magnificas, em existências e unicidades de soluções.

Mas, viver é difícil! Bem mais difícil de que resolver um problema de Sturm Liouville, uma estrovenga qualquer em espaços vetoriais não euclidianos e fatais, coisas de “eigenvalues”, ou “eigenfunctions”, em muitos “bowndary values”, como se dizia então, sem precisar de tradução, porque não havia literatura em jargão nacional, purgatórios  nunca vistos, nem descritos na Divina Comédia de Dante, nem nos amores torpes e entorpecidos de Creonte, Jocasta, e de Édipo e Antígona, essa coisa comum do desejo, de Lady MacBeth na Escócia, ou Hamlet, na perfumada Dinamarca, de Coriolano, em cornuras desconfiado, com Iagos para todos os lados, sem falar das doces mulheres, de Desdêmona a Julieta, de Ofélia à Dulcineia, de Cervantes, porque nunca foi bom que o homem estivesse só, como já dizia o criador para consolo de Adão.

E porque “as mulheres (sempre) aumentam de tamanho com os homens”…

Que o digam diferente, aqueles de pensar divergente!

Porque viver é procurar se vitoriar nos desafios da vida: na vida do clube, na vida do templo, na rua como pedestre ou motorista, na sala de aula em formação de jovens, desvendando-lhes o mundo e incutindo neles a responsabilidade necessária.

E no lar; que é o templo maior, construído a dois com a mulher amada, com os filhos acontecidos, a serem burilados, polidos e educados, para brilharem o seu fulgor próprio. Brilho deles, e só deles único, em sendo missão do ser: aquela de continuar e prosseguir; sem arrefecer, nem desistir.

Porque viver é difícil! Sim!

Mas, não viver é pior! Bem pior!

Que o digam os cemitérios silenciosos, onde ali não vale, nem o canto do salmista, louvando o seu Senhor!

Se o nada fazer tem os seus encantos sepulcrais, uso esse mote como tema, porque tenho pensado se vale à pena: prosseguir, por aqui, a escrever, se o povo só gosta de ler aquilo que o ilude, melhor engana e o desilustra!

Da Matemática e da Física, contemplo minha biblioteca juntando poeira, sem me causar zoeiras, à espera de algum neto que a queira vadear, porque os filhos ousaram melhor, em destaque na área médica e nas artes jurídicas, garimpar melhor mercado de trabalho, e de salário!

Mas não é por reclames de salário que me vem o cansaço, a afasia, e até a apatia de escrever com regularidade, sem ser obrigado, mas ser assim compelido, por ter assumido, esse mister, sem missão!

Porque o mundo está difícil, justo agora com a morte das utopias, com o pós “Fim da História” de que falava Francis Fukuyama, hoje não mais referido, e até o já esquecido “Sapiens: uma breve história da humanidade”, o “Homo Deus: uma breve história do futuro”, e até as “21 Lições para o Século 21”, todos best-sellers de Yuval Noah Harari, o professor israelense que dissertando sobre os algoritmos, Big Data, alertava que estes “poderiam criar ditaduras digitais com o poder concentrado nas mãos de uma minúscula elite, enquanto as pessoas sofreriam, não a exploração, mas uma coisa bem pior: terem se tornado inúteis.”

Não, não falarei do fim das grandes batalhas ideológicas entre fascismo, comunismo e liberalismo, que se esperava estarem fusionadas e amalgamadas pela vitória do derradeiro pensamento, economicamente falando.

Nesse contexto, louve-se o livro “Pensadores da Liberdade”, recentemente lançado por Rodrigo Constantino, o admirável You Tuber, com milhões de seguidores, eu inclusive, só porque ando fugindo desse excesso formador de opinião, Globo, Folha, Estadão, que continuam sem ver o mal que fazem, o tanto que já fizeram e o que se propõem, ainda!

Uma coisa universal! Uma verdadeira pandemia! Começou com a demonização de Trump na America, atinge Marine Le Pen, na França, e alveja o Bolsonaro, enquanto fulcro rebotalho, do Brasil, e agora com o Presidente Macron embevecido no Eliseu, abraçando sorridente o Ex-Presidente Lula da Silva de discutível memória…

Ah, memória! “O tempora, o mores!” Até quando seremos forçados a viver tempos deploráveis?

Tempo em que não é bom falar, porque há um célere ataque às liberdades públicas, à livre expressão de opinião, em novo “magister dixit”, amedrontando os que divergem, aqueles que ousam pensar diferente ao achincalhe recomendado.

Cabendo mesmo uma pergunta: vale a pena escrever e pensar diferente, sem querer parar o mundo só para o apeio, sem esperneio?

E nesse não fora do contexto, afasto-me do tema para dizer que “Le Figaro Magazine”, revista da qual sou assinante, em sua edição de 05 de novembro, traz como capa a sempre bela Marilyn Monroe, destacando uma vasta reportagem sobre “Mulheres Lendárias”, ou mulheres que se fizeram lendas.

Capa da Revista Le Figaro de 5 de novembro de 2021.

Em fotografias famosas estão ali: Lady Di, em profunda tristeza na solidão extrema de um trampolim; Valentina Terechkova, a primeira russa no espaço, isso em 1963; Françoise Sagan autora de “Bonjour Tristesse”, com sua maquina de datilografia;  George Sand, o pseudônimo masculino de Amantine Aurore Lucile Dupin, o grande amor François Chopin, aquela que preferiu viver de sua pena em um tempo onde à mulher era só para ser do lar; Jackeline Kennedy, a inesquecível primeira dama americana; Rihana, o diamante bruto da música pop; Virginia Woolf, a romancista que suscitou um filme famoso: “Quem tem medo de Virginia Woolf”, em embriaguez notável de Elisabeth Taylor e Richard Burton, os mesmos Marco Antônio e Cleópatra, sem cobra, nem sobriedade, mas com brigas de sobra, por frustrações: conjugais!

E outras mulheres fenomenais, que bem vale rever o dito tema, por bendito, antes lembrando que a inveja será o eterno motor, da frustração herdada ao sonho inconcluso, de quem não restará herói, mas deixará a vã memória, até para a reconstrução de equívocos.

Ah, equívocos! Quem não os tem?

 

2. Sem falar das liberdades públicas tolhidas.

 

O plano era falar do ataque às liberdades públicas, à livre expressão de opinião, em novo “magister dixit”, amedrontando os que divergem, aqueles que ousam pensar diferente ao achincalhe recomendado.

Em termos de Brasil, Sergipe não posa diferente: só tem valor quem bate no Presidente Bolsonaro.

Para estes, o mercado é amplo, bem remunerado, amplamente requisitado pelos envergonhados torcedores de Lula.

Digo envergonhados porque, em maioria, não ousam confessar o alcaloide que consomem, desde que o muro de Berlim caiu, mas não foi visto ainda, parecendo igualmente às passadas de Armstrong na Lua.

Para quem não lembra, o homem pisou na Lua em 1969, quando eu não vira na televisão de Aracaju, porque naquele tempo o sinal da TV Jornal do Commércio de Recife-Pernambuco era captado por uma repetidora, localizada no morro do urubu, sinal que chegava eivado de distorções e pequenas bulhas, de forma que os passos do astronauta ficaram, por longo tempo, com a aura de um efeito cinematográfico americano.

Se, por longo tempo, as carradas de poeira lunar, resistiram à incredulidade do vulgo, invulgar é a renitência de heroicizar feitos do leste europeu, que nem um muro separando famílias e clãs em nome do cerceamento da liberdade, a título de uma fraternidade recusada até como credo, e uma igualdade desbastada e retalhada, na foice cega e em pancadas de marretas, na rédea por comédia e falsa mídia, nunca foi vista nem será reconhecida.

Com marreta, e só por veneta e invídia, espécie de vendeta, via perfídia em gozos de burleta, seria risível, por “gaitável”, não fosse terrível o disfarce rascunhado na inveja nutrida, que vingou, esporulada ainda, como se fosse bom e lírico, a louvação terna, sempiterna e saudosista, não de Trotsky, aquele cujo cérebro foi fendido na Cidade do México, à enxadeco, mas de Stalin, de Beria, et caterva,… “et idiotae, circa mundum”. Porque já repetiam os latinos: “Stultus fortasse, non rustica!”

Digo assim, porque se não houve tanto heroísmo, em atos, flautos e flatulências, faltou santidade àqueles que defendiam o ideal igualitário bolchevique, razão por que o pau cantou, sobrando pouco sangue em ralos hematomas de cascudo, como se dizia então: cocorote! E palmatoria!, como era comum, a título de pedagogia…

E nesse semear pouco pedagógico, haja falta de temperança e tolerância em excesso de violência e estupidez, porque o carrasco sempre tem boa serventia, para matar o rei e o padre, o avaro e até qualquer um que não seja caro ao sistema vigente e seus senhores.

Nunca falta utilidade e bom emprego aos que bem manejam manguais!

Agora mesmo, estou a ler que Brigitte Bardot, no cimo de sua provecta existência, 87 anos, “quatre-vingt-sept”, como dizem os franceses, está sendo condenada por ter ofendido os habitantes da ilha de Reunião, possessão francesa localizada no Oceano Indico, cerca de seiscentos e oitenta quilômetros à leste da Ilha de Madagascar.

Que teria feito Bardot em sua senectude merecida, ela que fizera tanto furor, quando aqui visitara Búzios, o litoral mais famoso do Rio de Janeiro, praia em que dela ficou uma escultura, não tão bela quanto bem o merecia, em retrato e elegia?

Quem não lembra dos idos dos anos sessenta, quando a bela Brigitte aqui chegou, com um galã a tiracolo, salivando os brasileiros, eu inclusive, adolescente, com os fluidos indóceis, querendo mais do que podia.., ver o filme de Roger Vadim, “E Deus criou a mulher”? Eu que não tinha idade, então!

A censura assim o exigia: ser “de maior”; estar acima dos dezoito anos!

Quem não lembra também que o Brasil gozava de um amor perdido dos Franceses, tempo da nouvelle vague, de François Truffaut, Jean Luc-Godard, Alain Resnais, Roger Vadim, de “Hiroshima mon Amour”, “Les Parapluies de Cherbourg” , “Un Homme et une Femme”, o cinema novo nacional, festejado em Cannes, com “O Pagador de Promessa”, de Anselmo Duarte, Dias Gomes e Leonardo Villar, “Terra em Transe”, “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, “Barravento”, “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”, todos de Glauber Rocha, cantados pela crítica do cinema, mundo a fora, dos “Cahiers du Cinéma”, aos textos magníficos dos redatores locais, destaque para José Carlos Monteiro (não sei se é vivo) e Ivã Valença, notável!

Brigitte Bardot, segundo o olhar de Roger Vadim, exibida em foto de duas capas da Revista LeFigaro de 5/11/21, em matéria que bem merece a visita.

Isso num tempo em que se primava, muito mais e melhor, pela qualidade e substância dos textos…

 

Tempo em que se podia falar de algo diferente da política, sob pena de não ser acusado de mentecapto, ou terraplanista, logo aquele que não é safado, nem desonesto, nem um mero escroque, por reqüestro.

 

Mas, eis que perco o estro, por sequestro das boas saudades dos textos de Ivã, que fazem falta a mim, enquanto leitor da Infonet, eu que aqui estou há 16 anos, salvo engano, estimulado, sobremodo por tão boas companhia, como a dele Ivã, o Valença!

Ressalto assim, porque antes dele houve um outro Ivã, o Terrível!, que, na Rússia, não comia caviar, mas cozia os seus indigestos no óleo de esturjão, na frigideira.

Frituras diferentes, como é comum em tantos espíritos sensíveis da modernidade, como estes que estão a frigir Brigitte Bardot em Saint Denis, nessa ilha francesa perdida no fim do mundo.

Ilha, diga-se de passagem, que é um Distrito da República de De Gaulle, com cinco Deputados Federais e três Senadores, parlapateando na Rive Gauche, ou será na Rive Droite, todas à margem do Sena?

Um gauchismo exagerado, porque a França não é mais a mesma, nem na cultura, nem na política, nem por seus homens! Lamentável!

Ela é apenas um império que se fez mignon, hexagonal na forma e na limitação, e em pigmeísmo, mas que se crê assaz gigante e extravagante, como Gargantua e Pantagruel, mas que, por insolvência cruel, virou um simples Estado da União Europeia, um entre 27 Estados, com com suas rédeas sendo geridas em Bruxelas, na Bélgica, pequenina, as finanças gestadas em Frankfurt, na Alemanha, grandona, cantando por Hino os versos de Shiller, na Ode à Alegria de Beethoven, no lugar da Marselhesa, que restou por saudosismo, quase um mero canto de consumo interno.

Se estou sendo injusto, imprudente e até imponderado, que dizer da derrotas francesas, verdadeiros “debâcles”, frente a Bismarck em 1870, ao Kaiser Guilherme em repetição em 1914, e ao próprio Adolfo Hitler em 1939, com o colaboracionismo envergonhado do Herói Marechal, Filipe Petain, e do ladino político, Pierre Laval, o hexágono só vingando liberto com os esforços das forças aliadas, do além Galiae: dos americanos e ingleses, no além-mar, e dos russos continentais, sem falar que até os brasileiros contribuíram, sentando-à-pua e com a cobra fumando na Itália?

Mas a França gosta de parada, do “mis-em-scène” que empolga e engana, mesmo que para isso a multidão não se envergonhe ao seguir De Gaulle em sua parada memorável na “Avenue Champs Élysées”, a mesma Avenida, por onde os nazistas desfilaram, pouco antes, sob o aplauso de Petain e Laval, depois caídos em desgraça.

Tais lembranças de Petain e Laval cabem agora, porque vige atualmente um processo revisionista a respeito do seu colaboracionismo, afinal o velho Herói-Marechal morreu cumprindo pena, na cadeia, enquanto o politico foi fuzilado por pena igual, não comutada pela nova República restaurada, a 4ª, e hoje estão a reconhecer que tal rendição e colaboracionismo com Hitler, se não poupou a fibra e os dedos franceses, sobraram íntegros a sua cultura, sua arquitetura e a sua pusilanimidade, que jamais deve ser referida, para ser melhor esquecida.

Só não pode ser remido o excesso de contracultura que se vê em boa questura, possuir um Estado no além-mar distante, cerca de seiscentos e oitenta quilômetros a leste da ilha de Madagascar, e 9.386 km de avião a Paris, com direito a manter e remunerar cinco Deputados Federais e Três Senadores, poisando na “Rive Gauche da Sena”.

Ilha de Reunião, quase perdida no Oceano Índico, à Leste da Ilha de Madagascar, mas um Departamento da República Francesa.

O tema me surgindo porque foi com excesso de gauchismo ou ampla consciência ao sofrimento dos animais, que Brigitte Bardot fez mal em denotar os mal tratos dos animais em Reunião de Saint Denis, dizendo que tudo era razão de formação humana dos ilhéus, e isso os ofendeu, enquanto selvagens, quiçá, canibais, nada menos, por demais, em modismo antigo e costume antanho, dos nativos, em variada plaga, no caribe, nas Molucas, muitas modas malucas, hoje marginais e criminais.

Como o que foi não ousa mais, Brigitte foi condenada, não por posar nua, que ninguém mais quer, afinal há tempo para tudo, até de se despir e se cobrir; E se esconder! A impudência sendo cassada pelo ciúme e pela insolência.

11,5 Horas de vôo, de Paris à Ilha de Reunião, no Oceano Índico, tendo duas hipóteses de navio: uma contornando o Cabo da Boa Esperança, no Sul da África, e a outra singrando o Canal de Suez. Todas, uma loucura francesa, só para possuir uma Micronésia, de manutenção caríssima, só para chamar de sua.

Assim, eis Brigitte Bardot, aquela que todos queriam beijar, sendo multada por amar demais os animais e ousar ferir os humanos nos erros que os tornam desumanos.

Alguém já disse, e não foi Bardot, que o homem não nasce humano, humaniza-se.

A velha estrela usou, e não devia, a pedagogia que não perdoa o erro e quem o comete, sobremodo.

Feriu, portanto, os pruridos dessa ilha no fim do mundo, isolada, e perdida, … mas francesa!

E porque a lei francesa é dura ali também, eis Brigitte Bardot, cansada de muitas lutas, sendo multada em muitos Euros, vinte e sete mil, salvo engano, um delírio para  “les avocats et parkets, ici, et a la bas”. Sem confundir com eventuais abacates ou parques de estacionamento.

Se dos abacates há quem deles se engasguem com o caroço, o tribunal de Saint Denis ferrou Brigitte, com seus 143 km2, um pouco maior que Caititu, terra de um amigo meu, às margens do Rio Ganhamoroba, mas com cinco Deputados Federais e Três Senadores, não da República bananeira do Brasil de Bolsonaro, mas da Augusta República Francesa de Macron.

Quem manda Bardot largar o cinema e denunciar por carta  a “barbárie dos habitantes de Reunião com os animais”, e dizer por cima que: “Os nativos (dali) mantiveram seus genes selvagens”, comparando Reunião com “a ilha do diabo”, cuja “população degenerada” ainda está “imbuída” de “tradições bárbaras”?

Tais declarações provocaram uma onda tamanha de indignação que a ministra das Relações Exteriores, Annick Girardin, lhe escreveu uma carta aberta para dizer que “o racismo não é uma opinião, é um crime”, seguida por vários deputados de esquerda, grupos antirracistas e de defesa dos direitos humanos que criticaram Bardot, anteriormente condenada por ódio racial.

Leio na imprensa, que embora a ex-artista  tenha se desculpado com os habitantes de Reunião, ela justificou suas palavras pelo “destino trágico” dos animais da ilha, um “absurdo”, para Axel Vardin, um dos advogados dos demandantes.

“Fala de reminiscências de canibalismo. Na verdade, é uma reminiscência de um pensamento colonialista”, destacou Vardin durante o julgamento, afirmando serem as palavras de Brigitte: “dolorosas!”

Para a advogada de defesa, Catherine Moissonier, defender animais “é a vida de Brigitte Bardot”, o que não convenceu, nem suscitou perdão.

Curioso é que na mesma semana a Revista  “Le Figaro Magazine”, da qual sou assinante, em sua edição de 05 de novembro, traz como capa a sempre bela Marilyn Monroe, destacando uma vasta reportagem sobre “Mulheres Lendárias”, ou mulheres que se fizeram lendas. E ali está Bardot, em pagina dupla, em longa reportagem onde pontuam lendárias mulheres em fotografias notáveis.

Entre essas legendárias mulheres estão Lady Di, em profunda tristeza na solidão extrema de um trampolim; Valentina Terechkova, a primeira russa no espaço, isso em 1963; Françoise Sagan autora de “Bonjour Tristesse”, com sua maquina de datilografia;  George Sand, o pseudônimo masculino de Amantine Aurore Lucile Dupin, o grande amor de François Chopin, aquela que preferiu viver de sua pena em um tempo onde à mulher era só para ser a dona do lar; Jackeline Kennedy, a inesquecível primeira dama americana; Rihana, o diamante bruto da música pop; Virginia Woolf, a romancista de quem sobrou um filme de brigas e bebidas, como título: “Quem tem medo de Virginia Wolf?”, com  Richard Burton e Elizabeth Taylor; a Rainha Elizabeth II, longeva e definitiva; a pintora mexicana Frida Kahlo, Catherine Deneuve, belíssima, ainda; a escultora Camille Claudel; “Dadik Nora”, símbolo de uma Armênia sufocada; Florence Owens Thompson, como insígnia de migrantes; Angela Merkel, o cérebro de uma Europa mantida unida; Madre Tereza de Calcutá, a Santa moderna dos pobres; as desconhecidas com seus véus, escondidas, no Afeganistão, Marie Curie, cientista genial da Radioatividade; Alexandra David-Néel, a exploradora do Himalaia, no teto do mundo; Coco Chanel, símbolo da elegância francesa; Amelia Earhart, a aviadora indomável; Soeur Emmanuelle, a “pequena irmã dos pobres; Édith Piaf , com sua voz inesquecível; Marguerite Yourcenar, de “Memórias de Adriano” e a “Obra em Negro”; Jane Goodall e seus chimpanzés; Melinda Gates, bela e filantropa; Rose Zehner, ícone da luta operária; Simone de Beauvoir e o seu “Segundo Sexo”; Marie-José Pérec, tri campeã olímpica gauadalupiana; Simone Weil, a mulher exemplar; Yuko Sugimoto, sobrevivente em meio aos escombros do tsunami japonês; Sylvie Guillem, estrela da Ópera Nacional de Paris e do Royal Ballet de Londres; Colette, a Comediante e Romancista, Sidônia Gabrielle Colette; Sharbat Gula, a belíssima Gioconda do Afeganistão, refugiada no Paquistão, uma das fotografias mais celebradas no mundo; Jessye Norman, a soprano americana; Inès de la Fressange par Abbas, a manequim francesa notável de Chanel; Joséphine Baker, a artista negra que encarnou a resistência francesa; e tantas mulheres coragem como Veronica de Viguerie, talentosa fotógrafa de guerra, e lady sapiens, uma mulher pré-histórica descoberta nos vestígios arqueológicos a destacar seu valor perante a evolução da espécie.

Mas, à parte tudo isso, a  inveja será também o eterno motor de alguns, a frustração sendo herdada, em sonho inconcluso, do avô que restou herói, só para o neto repetir o erro. E até punir o que não é do seu agrado.

Mas, o quê fazer?

Viver, ora essa!

E pagar até a multa de Brigite, imposta por aqueles que nada constroem, mas destroem!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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