Necessitamos de Bons Exemplos

Com uma lanterna acesa,

em plena luz do dia, ele dizia:

– Procuro um homem honesto!

Diógenes (412 a 323 AC)

Todos nós deveríamos ter referenciais em nossas vidas. Na verdade, sempre os temos, queiramos ou não, pois obrigatoriamente somos forçados a seguir e a copiar conceitos, práticas e vivências. Ou seja, sempre imitamos os procedimentos uns dos outros. Talvez a afirmação acima devesse ser: todos nós deveríamos ter BONS REFERENCIAS: bons filhos que tratam bem seus pais, que servem de exemplos, bons profissionais que exercem suas profissões com dedicação e comprometimento, grandes empresários que, quase sempre, vieram de baixo e com muito trabalho e dedicação tiveram e, têm ainda, muito sucesso, artistas que primaram e primam, por sua arte e, vão em busca da sua melhor e mais perfeita possibilidade, do escritor que prima pela palavra que escreve e, se esmera em entregar para o seu leitor o que de melhor pode produzir… Infelizmente, sabemos, que não é bem assim. Miseravelmente somos mais atraídos pelas ações que nos dão mais conforto, alegrias e satisfação. Por quê? Devo acreditar, que isso acontece pelas escolhas que fazemos em seguir aquilo que desperta mais emoção, mais conforto e sentido ao nosso existir. Em suma, porque é mais FÁCIL e mais confortável e, como sabemos, a “FACILIDADE VICIA”, enquanto a “DIFICULDADE EDUDUCA”. Como se diz por aí: a estrada do errado é mais larga, mais bonita e pavimentada, por isso mais fácil de trilhar. Enquanto as VEREDAS do correto são sempre as mais estreitas e, entremeadas de obstáculos e sacrifícios: é bem mais cômodo brincar, se divertir, não produzir nada, do que estudar, pensar, trabalhar e fazer, sem dúvidas é muito mais fácil viver às custas dos outros do que prover a sua própria subsistência; é melhor ficar vendo televisão do que assistir uma aula, ir a um ofício religioso, ou assistir uma boa palestra. É muito mais agradável ficar num bar conversando e bebendo do que comparecer diariamente a local de trabalho para fazer, quase sempre, a mesma coisa e ganhar o próprio salário. E essas dificuldades residem também no valor que é dado aos bons e aos maus exemplos. Enquanto dos primeiros muito pouco se fala e, menos ainda se mostra, os segundos, no entanto, são alardeados às escancaras. O que é bom e adequado, as práticas saudáveis e ações afirmativas, as boas virtudes até existem, porém, são vistas sem o sentimento da “aventura”, sem a emoção que representa e, em alguns casos, chegam a ser demonstradas até como sendo certa falta de inteligência, coisa de gente boba, de CDF, de velhotes retrógrados, de indivíduos caretas. Enquanto o errado é mostrado com emoção e com a aparência de certo, o certo é tido como coisa de segunda, coisa de beato, de autoajuda, de otário. Para isso, basta abrir as páginas dos jornais e revistas ou ligar a televisão ou o computador para comprovar, até com certa facilidade, estas verdades. Mostrar os bons caminhos, os bons exemplos, ter boas atitudes, ser honesto, tudo isso parece não representar, o nosso melhor. Não chega a ser mais a melhor moeda de troca para o convencimento, sobretudo, daqueles que, por se encontrarem em formação, tanto necessitam da construção de um mundo melhor para viver. As imoralidades, as bandalheiras, as corrupções, as mentiras, os particularismos, a sonegações da boa ética e das boas virtudes são, miseravelmente, atrativos de divulgação ostentados como troféus, posto que impunes, enquanto a prática dos bons atos é banalizada, relegada ao segundo plano nas mídias, pois não atraem, infelizmente, a atenção. Não chegam a ser, é claro, boas mercadorias, não dão “ibope”. Esta maligna prática ultrapassa os simples meios de comunicação e penetra nos seios das famílias, das comunidades, da sociedade como um todo, fazendo com que as boas referências sejam vistas, como já afirmado, como coisas de tolos, de gente besta, metida a querer consertar o mundo com os seus exemplos e conselhos. Esta é uma história antiga, todos nós sabemos, nem Cristo conseguiu reverter esta triste prática da ignorância, mesmo porque nem a ignorância foi abolida. São poucos os bons referenciais que se nos apresentam para que sigamos. A começar nas famílias e seus gestores, nem sempre os próprios pais são bons neste quesito. Por mais que pareçam se esforçar não conseguem transmitir, apenas com palavras, protestos e dramatizações, conceitos que não praticaram para os seus – é quase impossível um pai querer que o filho não beba, se ele mesmo é um alcoólatra; não fume se ele é um viciado em cigarro; que ele não traia, se ele mesmo, mantém uma ou várias amantes… Aquela história de faça o que eu digo, mas não faça oque eu faça, não cola. Se não der um bom exemplo, não há como cobrar deles que os sigam fazendo melhor. Se ampliarmos esta visão, isto é, se sairmos do molde familiar, o que encontramos? Mais ante exemplos. E se verificarmos que não vamos encontrar, infelizmente, melhores referências: a começar por uma fatia bem representativa dos gestores públicos ou privados, políticos e, lamentavelmente, pelos nossos iguais, o povo em geral? É um sem-fim de maus exemplos e ficamos à mingua de boas e saudáveis práticas, que, quase sempre, nos convencem de que somos os que querem ser bons e os que estão errados. Os bons, porém, existem. Acreditem! Talvez tenhamos de usar com muita fé e boa vontade a LANTERNA DE DIÓGENES que, certamente, encontraremos entre tantos LIXOS do cotidiano, alguém em quem possamos confiar e nos espelhar e fazermos melhor. PENSE!

Domingos Pascoal

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais