Diabetes Mellitus decorrente de um estilo de vida equivocada!

Todo dia é uma ocasião especial. Guarde apenas o que tem que ser guardado: lembranças, sorrisos, poemas, cheiros, saudades, momentos (Martha Medeiros)

Há cerca de 3500 anos (século XV A.C.) teve início os primeiros sinais da existência de Diabetes. O papiro de Ebers encontrado por George Ebers (Tebas -1862) citava sintomas de poliúria (urinar muito) que pareciam com um quadro típico de diabetes.

A palavra “Diabetes” foi usada pela primeira vez por Areteus da Cappadocia (século II D. C.) e significa em grego “Passar através de”, o que chama a atenção em sua descrição é que ele diz que diabetes é uma doença “não muito frequente no homem” (ou seja, relativamente rara), o oposto do que ocorre no momento atual.

Entre aquela Descrição (há 1800 anos) e os tempos que vivemos, floresceu (!!!) uma civilização, popularmente conhecida como “Civilização Ocidental”. O importante é que de doença rara (ou pelo menos pouco frequente), passou a ser uma pandemia que ameaça aumentar em grande velocidade no próximo século (hoje 130 milhões, em 2025 serão 300 milhões de diabéticos no mundo).

Fatores Causais: Podem ser genéticos e/ou ambientais; mas pode-se dizer que o Diabetes Tipo II (90 % dos casos) é hoje fundamentalmente uma doença decorrente de modificações no comportamento no estilo de vida, com provas científicas bem significativas. Um bom exemplo disso é um trabalho desenvolvido, na Austrália pela Drª Kerin O’ Dea  que fez uma pesquisa interessante.

Preocupada com a elevada prevalência de diabetes na população aborígene, muito superior à observada no resto da população australiana, resolveu levar a cabo experiências interessantíssimas que consistiram no seguinte: pediu a aborígenes com diabetes, e com idade suficiente para terem observado a evolução do seu modo de vida, para regressarem aos hábitos tradicionais dos seus antepassados, fazendo-os recuar no tempo. Retirou-os assim das suas casas durante sete semanas e pediu-lhes que regressassem ao estilo de vida dos seus antepassados de há 10.000 anos, basicamente o mesmo que eles conheciam desde a juventude. Ao fim das sete semanas o diabetes havia praticamente desaparecido, tendo os diversos parâmetros metabólicos normalizados.

Isso foi descrito por ela há quase 15 anos atrás no Congresso da Federação Internacional de Diabetes (IDF) em Helsinque.

Foi nesse momento que alguém questionou se isso significava a necessidade de regressarmos às cavernas para debelarmos a doença. A resposta foi imediata: que não, obviamente, mas que há necessidade de mudarmos o nosso estilo de vida, passando a comer de outra maneira, regressando às dietas tradicionais e recusando o “fast-food”, encarando o exercício físico com naturalidade, praticando-o regularmente, combatendo o stress dos grandes centros urbanos, deve ser essencial. Se não o fizermos, a incidência e a prevalência do diabetes continuarão a crescer de forma assustadora. Em sua simplicidade ela diz que é no nosso passado mais antigo que reside a chave para a compreensão do diabetes com certeza .

É para esse estilo de vida primitivo que o homem está geneticamente programado, uma vez que a sua constituição genética pouco se alterou ao longo de 40.000 anos. Ou se resolve esta contradição ou o diabetes será seguramente uma pandemia do atual milênio.

A prevalência atual do diabetes em geral, notadamente o do Tipo II varia bastante de país para país, de Estado para Estado e até de Cidade para Cidade.

Independente desses índices variáveis o que se sabe é que metade dos portadores de Diabetes Tipo II, não se encontram diagnosticados; Por não ocorrer de forma aguda e sim muito pelo contrário, surgir de uma forma silenciosa, sub-reptícia e quando o diagnóstico é feito, já o diabetes tem alguns anos de evolução, existindo mesmo, muitas  vezes, complicações (muitas delas já bem grave).

Esses dados complicam ainda mais os Estudos Epidemiológicos do Diabetes Tipo II nos diversos países e mesmo dentro de cada país aonde as variações em geral são muito grandes.

Por exemplo:

• Nos Estados Unidos:

Branco não Hispânico: 3 a 8%

 Branco Hispânico: 12 a 20%  Negro Afro-Americano: 9 a 13 % • No Reino Unido:

 Brancos: 1 a 2%

Origem Indiana: 11%

Origem Caraíba: 9%

• Na China: 1,6 a 3,60 % nos residentes

Nas Ilhas Malvinas

Chineses residentes 10 a 16 % (10 vezes mais!)

São números que assustam e que comprovam claramente como o meio ambiente e o estilo de vida influenciam de forma decisiva ao aparecimento de Diabetes Tipo II.

Isso não significa que os fatores genéticos não tenham influência em sua patogenia, pelo contrário a predisposição genética é muito mais importante nesse tipo de Diabetes do que no Tipo I.

É, portanto, um problema de Saúde Pública que atinge populações em todo o mundo de forma globalizada e que cresce exponencialmente, acarreta custos sociais e econômicos elevadíssimos e que nossos gestores não devem nem podem ignorar.

Há uma palavra que no combate à diabetes tem uma importância crucial: Prevenção! Prevenção da doença e suas complicações ou manifestações tardias, o que passa também pelo diagnóstico precoce da doença. Educação do diabético, vigilância periódica e regular, máxima exigência no grau de compensação, são medidas essenciais para a prevenção eficaz das manifestações tardias. Mudança de estilo de vida, combate ao stress, prática de exercício físico regular, alimentação equilibrada, controle periódico do peso, combate ao sedentarismo e à obesidade, são medidas essenciais para uma prevenção eficaz do diabetes e das suas complicações.

Se as sociedades, as regiões, os Países, os Estados e os seus comandantes e/ou dirigentes não forem capazes de atitudes preventivas e eficazes, com certeza o Diabetes e as suas complicações continuarão a atingir cada vez mais pessoas, com prejuízos incalculáveis para os cidadãos de todo o mundo e para a sociedade em que vivemos.

Nessa Luta pela saúde a simplicidade pode significar o trunfo que precisamos para atingir a nossa tão desejada vitória pela qualidade de vida.

Um boa Semana para todos.

MAKTUB!!!

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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