Educação, cidadania e a nova escola

Caros leitores acredito que educação é diálogo, troca de experiências. Assim, deixo as minhas impressões para que vocês possam analisar, criticar. Serão novas vozes, novos olhares e um novo aprendizado. Dessa forma, vamos, juntos, avançando na direção de uma educação libertadora. O HOMEM NO CENTRO DA QUESTÃO O grande desafio do homem contemporâneo é a educação. Mais que a fome, a guerra, o fanatismo e o fundamentalismo. Outro dia, a UNESCO debateu em Paris, com cientistas políticos do mundo todo, a questão do fundamentalismo ou fanatismo. Isto é, o radicalismo ou a intolerância. E concluiu que ele é o perigo imediato do futuro. Para evitar esse radicalismo desumano só há um recurso: A Educação – concluíram. O mundo contemporâneo é cada vez mais uno e plural. É o mundo da unidade e do respeito as diferenças. Outrora, o saber era propriedade de uma casta, uma elite reduzida, de um grupo fechado. Na idade média, o saber se encontrava na biblioteca dos mosteiros, nos scriptória dos monges copista. Era um saber fechado, a serviço de uma elite. Hoje, o saber é democrático, o saber se popularizou. Educação para todos. Educação não é privilégio, pregava Anísio Teixeira. Essa parceria entre cultura e povo é um dos dados fundamentais da realidade moderna. O Brasil como os países em desenvolvimento, vive um intenso contraste. De um lado a civilização moderna, com todo o seu requinte, com os recursos da modernidade, com o conforto mais exigente. De outro, bolsões de miséria intoleráveis, uma realidade infra-humana, uma civilização estática, parada no tempo. São dois “Brasis”, como notou Roger Bastide no seu livro clássico “Brasil País de Contrastes”. A educação poderá, sim, resolver este impasse, eliminar esta contradição. Não é apenas um contraste entre o litoral e o sertão, que Euclides da Cunha fixou tão bem em seu livro monumental “Os Sertões”. A educação ajudará a resolver essas antinomias dolorosas, flagrantes e insuportáveis que a nossa imprevidência não ousou enfrentar. Só através da educação levaremos a liberdade efetiva a esses homens aprisionados em si mesmos, sem perspectiva de realização humana. A educação será uma chave para o desenvolvimento. A grande vantagem da tecnologia é que ela permite ao homem, maior poder sobre o tempo. Assim amplia-se a liberdade humana. Parece que o sentido da nova civilização é precisamente este “libertar o homem do tempo”. Cremos que o homem voltará às suas raízes humanas, à unidade consigo mesmo e com os outros, à uma cosmo visão generosa e fraterna. E valores como a família, a paz, o amor, a harmonia pessoal serão restaurados. NOVA ESCOLA O principal objetivo de qualquer organização pública ou privada é o homem (consumidor). Ele é a razão de ser da sua existência. E é a partir desta célula que toda estrutura se organiza e se desenvolve. Mas quem é consumidor? O que pensa? Quais são seus valores morais, sociais, políticos ? São necessários anos de pesquisa para que novos produtos e inovações estejam disponíveis no mercado. Na outra ponta encontramos um consumidor cada vez mais exigente e seletivo. Então como satisfazer a esse personagem tão complexo? Sabemos que cada homem é único e que possui características próprias. No entanto, determinados valores se apresentam como universais. Necessidades primárias como dormir e comer são comuns a cada um de nós. O desejo de realização, de felicidade, mesmo que encarado de forma particular são parte integrante de nossos anseios. E aonde se encaixa a gestão educacional nisso tudo? Inicialmente, façamos um breve retrospecto daquilo que conhecemos como educação. De um lado sabemos o que significa educar – no sentido formal. A formação da consciência de um indivíduo. A cidadania, sua língua, sua cultura, sua herança política. Do outro lado à escola. O espaço aonde grande parte desses axiomas vão se desenvolver. Portanto acabamos de estabelecer uma ponte, aluno / escola. Agora vamos mergulhar nesse ambiente chamado escola, sua estrutura física e humana. Já vimos anteriormente a importância que as organizações dão ao consumidor e àquilo que pensam e desejam. Portanto seriam as escolas, que conhecemos, o ambiente ideal para o desenvolvimento das potencialidades de nossos alunos? Estariam as escolas, de fato, preocupadas em atender, a partir de uma visão holística e seguramente mais complexa, aos anseios e necessidades de nossos alunos? Estariam os alunos encarando as escolas com prazer? Essas questões sinalizam a existência de uma enorme distância entre o aluno e a escola. Durante décadas a escola se viu presa a modelos administrativos reprodutórios . As salas de aula eram idênticas, os pátios, a cantina, os banheiros e a indefectível austeridade de seus professores formavam o ambiente que acreditávamos ideal para a formação dos nossos filhos. Acontece que o mundo mudou, a sociedade se transformou e a consciência coletiva também. Hoje o que encontramos é uma sociedade muito mais competitiva, dinâmica e veloz. A informação é instantânea, as fronteiras caíram. É indiscutível que vivemos numa enorme rede aonde todos se comunicam e que parece não ter fim. Obviamente esse discurso possui aspectos positivos e negativos, mas alguns dados são evidentes. O aluno de hoje deseja uma nova escola. Ele cobra o respeito a sua individualidade, opina sobre o que fazer ou que profissão seguir, questiona o poder estabelecido e atua claramente em defesa daquilo que acredita ser a sua verdade. Enfim o aluno de hoje é partícipe não um mero espectador. E a escola, o que faz nessa direção? As salas de aula são as mesmas de 50 anos atrás.As cantinas, pátios, banheiros, todos têm as mesmas características, ou seja, um melancólico silêncio. Infelizmente ainda encontramos um número significativo de escolas que permanecem com os seus portões fechados e muros altos. Estão distantes do núcleo social aonde atuam. Limitam-se a receber os alunos e deixam do lado de fora pais, vizinhos, colegas e demais grupos que vivem naquele bairro, que diariamente constroem a história da nossa cidade. Pretendemos ensinar cidadania e não abrimos a nossa escola para campanhas sociais. Defendemos o pluralismo de idéias e a formação da consciência política, mas não aceitamos que nossos alunos nos avaliem ou avaliem nossa escola. Na verdade, disfarçamos o nosso medo com palavras fortes como disciplina e rigor. O que fazer? Como vencer velhos obstáculos? Essas são algumas das perguntas mais comuns que nos fazemos. De fato, as mudanças devem começar a partir de uma reflexão individual acerca do nosso papel na sociedade. O mesmo serve para os gestores escolares. É fundamental que o corpo diretor da escola entenda que a educação dos seus alunos representa a missão maior da sua escola, que o seu maior patrimônio são funcionários e professores. E, principalmente, na condição de gestores públicos ou privados precisam investir continuamente em recursos humanos, científicos e tecnológicos. Nenhuma organização seja ela política ou econômica pode fechar os olhos a essas mudanças. A organização de hoje não se limita mais ao seu tamanho físico ou poder econômico. A estrutura jurídica que quiser ultrapassar os próximos dez anos deve estar comprometida com a sua rua, o seu bairro, a sua cidade, o seu país. Enfim a nossa escola precisa despertar para essa nova realidade. Uma realidade muito mais dinâmica e participativa.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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