Ele já quer sorrir.

Eis que o prosseguir da vida me trouxe o segundo neto: João Marcelo, filho de Daniela e Mario Henrique, o amigo e irmãozinho de meu neto Pepo, Pedro Henrique.

 

Se a genética fosse o resultado de mera operação matemática, sem predominâncias ou recessividades de genes, diria que ¼ deste novo ser arrasta minha hereditariedade para gozo ou miséria.

 

Mas, por que falar em medos de verdades herdadas, se Joãozinho ou Marcelinho, Jon Jon ou Celinho, Têtêco para Pepo, ou João Marcelo simplesmente, enquanto um novo e único ser, já começa a esboçar o seu riso para a vida?

 

Ah, a vida! Como é belo viver! Ver a vida renascer como extensão do nosso ser!

 

Já com Pepo e agora com João Marcelo, que chegou mais alourado, e parece trazer nos olhos um pouco do anil, do meu olhar, do meu perfil?

 

Ah, nesta visão de riso mil, que Deus o abençoe e o proteja; que a boa sorte o agasalhe nos desabrigos e desafios do viver!

 

Que a exemplo de seus pais, e em desejo igual referido na chegada de Pepo, seja João Marcelo mais um gladiador combatente, um bom lutador, sem esmorecimento e sem medos às dificuldades inerentes ao viver!

 

Que nunca chegue para ambos, nem a glória imerecida, nem a conquista fraudulenta, muito menos uma vida inútil de dissolução e pouca utilidade!

 

Que lhes anime a bondade, a correção, a simpatia e a fidelidade nos seus atos, compromissos e missões!

 

Que no seu servir e conviver, sejam estudiosos como os de nossa linhagem; que amem e se apeguem aos livros, em busca incansável do saber, da capacitação, para poder criar, melhor promover o bem, se fazerem mestres no bem educar, e prosseguir!

 

Que nunca os anime o alucinógeno fugaz das coisas vãs e tolas, mesmo quando a sociedade estiver a aplaudir, por descaminho e erro, um modismo falso, por fugacidade e cegueira!

 

Que nunca se afastem dos valores eternos de ordem, disciplina, coerência e respeito a si próprios!

 

Que não busquem adversários, mas que deles jamais fujam, quando a ética e a seriedade estiverem em ameaças!

 

Que saibam até dar a vida ou sofrer as chagas da vida, se o viver em correção o exigir!

 

Que nunca ousem ser heróis, ou bancar heróis, nesta terra de ralos heróis!  Porque os verdadeiros heróis são aqueles que constroem suas próprias odes no viver, no prosseguir, no construir, no seguir sempre, infatigável, mesmo se contemplando finitos, limitados e superáveis.

 

Que sejam ilimitados campeões nas suas metas!

 

Que sejam verdadeiros atletas, mirando-se nos feitos e lutas de seus pais; do Tavares Martins, Mario Henrique, cearense, e de minha Dani, sergipana, a primeira Garcia Moreno campeã, dos Cabral Machado de minha ninhada.

 

Ah, João Marcelo! Como é belo o esboçar de seu sorriso, em reflexo do riso de seus pais e irmão no seu derredor!

 

Que o digam, o sorriso meu, aquele de todo avô, qualquer avô, em sonhos e esperanças! E as avós com melhor força de bem-aventuranças no afago de seus netos!

 

E como são tolas as minhas palavras, amparo-me em Victor Hugo, para em louvando o esboço do sorriso de João Marcelo, descrever um pouco do amor de mãe, de minha Dani, a sua mãe, de minha Tereza, a sua avó. Amor inesquecível de suas bisavós, Julia, uma quase lembrança, e de Lourdes, minha imorredoura saudade:

 

“Ô l’amour d’une mère! amour que nul n’oublie!

Pain merveilleux qu’um dieu partage et multiplie!

Table toujours servie au paternel foyer!

Chacun en a as part et tous l’ont tout entier!

 

Que em tradução com pouco brilho e pior rima, bem parece refletir:

 

“Ah, o amor de uma mãe! amor que ninguém o esquece!
Pão maravilhoso que só um deus partilha, e bem acresce!
Servido no lar paterno por todo e para sempre à mesa!
Cada um o tem na boa parte e auferem todos sua inteireza!”

 

Peço desculpas aos meus leitores por ousar confessar o que deveria ser só íntimo e pessoal. Mas,…“é meu novo neto, ora essa!”

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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