Cartas do Apolônio
Eleição ou Seleção? Eis a questão!
Apolônio entra em crise sobre a sua candidatura.
Lisboa, 9 de junho de 2006
Caros amigos de Sergipe:
Lembram da loura que agarrou o Ronaldinho no treino da seleção brasileira? Era a prima Vera Lucia D”Alencastro Sant”Anna, que como eu lhes disse na última carta, está aqui em casa à guisa de fazer o seu exame procto-odontológico anual.
Veio direto da Suíça onde tentou, sem sucesso, passar em revista todo o escrete canarinho, mas passou a mão na bunda do Parreira, o que já foi uma vitória. Creio também que disse-lhes que a prima é uma exímia apreciadora das artes impudicas sob todas as suas mais variadas formas, desde a inocente prática do devaneio solitário à exótica modalidade do sexo com anões besuntados.
Pois bem, desta feita a danada veio com o esposo, o jovem Deocleciano Bocaiúva (“Boca” para os íntimos), um conhecido procurador de justiça aqui de Portugal. Aliás, bom procurador, diga-se de passagem. Pois de tanto procurar por mim, não é que o danado me achou dentro do armário do quarto de hóspedes certa noite?
Não tive alternativa, a não ser sair do móvel e constrangido, confessar-lhe – pasmem os senhores – tudo o que se passara entre eu e minha querida prima Vera. Saí do armário e assumi tudo sem maiores rodeios numa inequívoca demonstração de completa insanidade mental.
Boca, homem moderno e despido de preconceitos, surpreendeu-me. Não só nos incentivou a
continuar com as experiências falo-proctovaginianas de clara inspiração oriental, como também garantiu assessoria advocatícia, no caso da Zenóbia, a minha patroa sexagenária, ajuizar uma ação de infidelidade conjugal contra este pobre aprendiz das artes impudicas. Animado com a liberação do jovem procurador, continuo dando um tempo naqueles compromissos chatérrimos da campanha eleitoral. É o chamado charme da prima Vera quebrando tabus e virando o jogo da velha moral portuguesa.
Por falar em virar o jogo, estou pensando em dar um tempo na campanha eleitoral e curtir a Copa na Alemanha, afinal o campeonato mundial de futebol é muito mais animado e cheio de mulheres maravilhosas, que essas reuniões intoleráveis com conselhos políticos, equipes de marketing e coisas do gênero.
Aliás, depois que recebi Rôla em minha casa, tenho pensado muito sobre se quero mesmo participar dessa campanha eleitoral. Creio que precisarei receber Rôla novamente (no bom sentido é claro, pois sou espada convicto) para ver se mudo mesmo alguns conceitos.
Evidentemente, não estou desistindo da minha candidatura,. Apenas refletindo de coração aberto sobre a minha vocação política e pesando os prós e contras da guinada radical que representaria a minha mudança para a barbosópolis. Totó Penteado acha que eu posso governar pela Internet. É uma possibilidade.
Mas não quero decidir isso agora, é tempo de assistir aos jogos e tomar muito chopp com chucrutes. Além do mais, não vou à Alemanha, desde que fui pego em flagrante num amasso
histórico com uma belíssima alemã acidental, do lado oposto do Muro de Berlim. Só mais tarde é que me foi revelada a sua verdadeira identidade, chamava-se José Porfírio, uma autêntica traveca brazuca. Preciso restaurar minha imagem.
Até semana que vem.
Um abraço do
Apolônio Lisboa.