Ensaio sobre o Ego

Ego. Eu. Centro. Meu. Podemos ser nosso maior veneno ou nossa cura. Cultivar o ego (o bom) é saber quem somos e assim permanecer inalterados como o centro do que somos. Pelo ego (o bom), construímos nossas intenções, nos livramos do mal que possam nos causar. O ego do “bem” é cativo. Não machuca. Agrega.

 

Sobre o ego já tive pensamentos nada promissores. Confesso minha forma primitiva de avaliar esse setor, antigamente. O amadurecimento que vem com o tempo nos dá essa base e precisamos saber o tempo certo para conquistar nosso ego e domá-lo. Nessa etapa da vida é como se não tivéssemos que provar mais nada. A nossa satisfação não cabe a quem não direcionamos esse direito.

 

Quando o ego é senhor de si traduz em calma o que antes era desequilíbrio. Para o ego, evoluir é preciso um afastamento obrigatório, onde a formação de nosso centro será calcada nas experiências que trazemos do que observamos. É preciso criar uma represa para acomodar o ego em suas águas volúpias e negras. O processo de decantação do ego é maravilhoso, pois dá de beber à sede é algo evolutivo.

 

Tive um processo de reencontro com meu ego esses últimos dias. Cheguei a essa conclusão após decidir que não precisava mais me curvar ao que não queria. Chegar aos 30 talvez proporcione isso de evitar o que antes parecia inevitável. Senti meu ego (que parecia adormecido), mais forte. Foi como se tivesse enxergando depois de um longo período de tristeza, de escuridão.

 

A constância do ego que renasce não me faz agoista, muito pelo contrário, não gosto muito desse termo, porque cega o que era pra trazer luz, o ego vem focar em algo que se parece com amor próprio, pois o não dá justificativas, nem pedir desculpas ou satisfação acaba sendo uma referência para que o silêncio (algo que não cultivamos muito), as palavras pulsassem de forma clara, pra mim.

 

Sem julgar, porque o ego nos faz ficar mais livres, fiquei sabendo verdades, vi coisas que me despertariam ciúmes, raiva, mas nada aconteceu, deixei pra lá porque meu ego gritava em alto e bom som que não precisava sentir o que não me proporcionasse prazer. “Eu era um enigma, uma interrogação…”. No caminho, de encontro ao meu ego, passei por BRs e vi muitos mandacarus. O percurso foi seco, mas valeu. Vi as paisagens de longe e mesmo centrado em meus sentimentos, pude notar que poucos minutos de chuva faz brotar um solo verde no sertão. Como o ego que basta um pouco de intenção e observação para surtir efeito.

Parafraseando James Joyce, encerro este ensaio: “Não servirei aquilo em que não acredito mais, chame-se isso o meu lar, a minha pátria, ou a minha igreja: e vou tentar exprimir-me por algum modo de vida ou de arte tão livremente quanto possa, e de modo tão completo quanto possa, empregando para a minha defesa apenas as armas que eu me permito usar: silêncio, exílio e sutileza”.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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