“Todos têm a consciência e sabem da importância de reeleger Lula” No quarto mandato de deputado estadual, Belivaldo Chagas foi eleito vice-governador do Estado. Nesta entrevista ele faz uma avaliação do processo eleitoral, do fortalecimento do PSB com a eleição dele e do deputado federal Valadares Filho e diz que as lideranças já estão nas ruas para reeleger Lula presidente da República. Confira a entrevista. Cláudio Nunes – Qual a avaliação final que você faz da campanha para o governo do Estado em Belivaldo: interior estava decepcionado.(foto divulgação). Belivaldo Chagas – Uma avaliação extremamente positiva. Não apenas pelo resultado em si, mas pelo que pensávamos. Eu dizia sempre desde o início da campanha que esta seria uma eleição diferente, esta seria uma eleição do povo, em que pese a importância fundamental do apoio das lideranças do Estado de Sergipe. Nunca o grupo de oposição teve tanto apoio de prefeitos e de lideranças fortes, como Marcelo Deda teve nesta eleição. Quando disse que esta foi uma eleição diferente, foi uma eleição do povo é que ele se sentia extremamente cansado com a administração atual, com a maneira de governar. E temos como exemplo concreto o resultado em vários municípios. Em Ribeiropolis onde existe uma liderança fortíssima do grupo Passos a população acabou virando o jogo e quem ganhou lá foi Deda, em que pese também a liderança do deputado Bosco Costa. Em outros municípios, como na região do sertão, onde se dizia antigamente que o rei do sertão era João Alves, ficou mais do que claro que a população cansou de João Alves e automaticamente passou a votar em Marcelo Deda. Já na região Centro-Sul, ganhamos praticamente em todos os municípios. Então, foi comprovado que o interior estava decepcionado e era algo que sempre discutíamos porque o governador voltou a administração para a capital, se preocupou em construir uma ponte, que nunca fui contra, mas sempre dizia que era temeroso pegar R$ 150 milhões de recursos próprios em uma única obra e automaticamente deixar o interior abandonado como ele deixou sem estrada, sem saúde, sem educação e principalmente segurança. Fala-se da ponte por conta do turismo, mas lembro que quem conhece Porto Seguro um dos maiores destinos turísticos do pais e vai ao Arraial D`Ajuda sabe que para chegar lá, vai de balsa. E no local você tem grupos de categoria internacional na área de hotelaria e turismo praticamente todos os dias do ano, sem precisar de uma ponte para chegar lá. Talvez tivesse sido melhor para o governador ter concluído a ponte do Mosqueiro em Aracaju ligando a Caueira em Itaporanga desenvolvendo uma atividade turística que já foi iniciada naquela área. Com isso ele gastaria apenas a metade dos recursos e a outra metade gastaria nas rodovias estaduais que estão abandonadas, nos hospitais que ficaram fechados e na segurança pública. Não, ele preferiu fazer uma política mesquinha de combate direto a figura do líder Marcelo Deda dentro de Aracaju, porque todos sabiam que a região metropolitana era a área mais forte dele e investiu pesado. Porém, falando eleitoralmente ele trocou um montante de 330 mil eleitores por um milhão de eleitores no interior que se sentiram abandonados. Daí a resposta chegou pelas urnas. CN – O deputado avalia que esta ação de João Alves em Aracaju com a construção da ponte e a nova orla surtiu efeito com a diferença favorável a Marcelo Deda de apenas 37 mil votos na capital? BC – Pode até ter surtido efeito, mas é como disse anteriormente, como é que você troca um milhão de eleitores por 330 mil eleitores. Claro que todo governante, seja ele quem for tem que olhar para a capital que não pode nem deve ser esquecida. Porém as coisas acontecem sempre na capital, por exemplo, se um cidadão no interior tem dificuldade na área da saúde ele acaba vindo para Aracaju por tudo está aqui. Por isso defendo que os governos comecem a olhar para o interior do Estado, como Marcelo Deda deixou claro o tempo todo na campanha que é preciso regionalizar a saúde para que tudo não fique acontecendo apenas em Aracaju. Se colocar os hospitais regionais para funcionar bem, em condições dignas de atendimento a população o sofrimento é menor, já que o cidadão não vai precisar se deslocar de tão longe para a capital. Acho que aconteceu realmente foi um cansaço da mesmice e tinha chegado o momento de ocorrer a mudança e ela só podia acontecer realmente com Marcelo Deda. Não podia ser outra pessoa. Ele nasceu e estava marcado para mostrar esta mudança para o povo de Sergipe. CN – Na sua avaliação o município de Simão Dias correspondeu as suas expectativas? BC – Claro. Não poderia ser diferente, afinal de contas é a terra do candidato a governador e do candidato a vice-governador. Lá nós tivemos 62% da votação, foram 5.502 votos a mais. É bom lembrar que na eleição passada, há quatro anos, o governador João Alves Filho ganhou a eleição no segundo turno em Simão Dias para José Eduardo Dutra, por quase três mil votos. Agora nós conseguimos tirar essa diferença e colocar 5.502 votos à frente. E a gente só tem que agradecer a população de Simão Dias. CN – O senhor faz parte do PSB comandado pelo senador Valadares. A eleição de Valadares Filho para a Câmara dos Deputados foi dentro do esperado? BC – Confesso que surpreendeu a todos, muito embora ninguém duvide da liderança do senador Valadares. Apesar das dificuldades financeiras, o senador Valadares tem um nome respeitado no Estado de Sergipe e Valadares Filho mostrou que surge como uma nova liderança. Na primeira eleição obteve 85 mil votos, realmente foi uma grata surpresa, muito embora a gente já esperava tranqüilamente a vitória não com essa quantidade toda de votos. Isso é fruto do respeito que a população tem para com o senador Valadares e do respeito que ele tem com a população de Sergipe, onde foi governador, é senador, foi deputado estadual, foi deputado federal, foi prefeito de Simão Dias sempre voltando suas atividades políticas para os sergipanos e sempre preocupado com o desenvolvimento e com os interesses de todo o Estado. CN – Na disputa particular entre Valadares Filho e Pedro Valadares o deputado entende que o eleitorado soube entender e deu a resposta nas urnas? BC – Acho que o povo acabou entendendo o seguinte, que o líder do nosso grupo é o senador Valadares. O Pedrinho Valadares tem a parcela eleitoral dele, é um jovem competente, é um cidadão que é capaz, é de maior e teve todo direito de seguir o caminho político dele. Porém, entendo que ele errou quando deixou este grupo que é sólido e que automaticamente jamais deixaria o Pedrinho Valadares de lado. O que aconteceu há quatro anos não foi por culpa de nenhum integrante do grupo do PSB, a questão foi da legislação, onde ele obteve 67 mil votos e acabou não entrando. Nesta eleição agora não chegou aos 50 mil votos, mas obteve uma boa votação. De qualquer maneira ele é novo ainda, é um jovem político e tem condições de corrigir os erros que porventura ele entenda que tenha cometido. A gente entende de um lado, mas quem tem que compreender é ele, porque se ele não compreender que cometeu erros ele vai cometer a vida toda. Tem que analisar o passo que deu, se foi bom ou ruim. Quero desejar boa sorte a ele, não radicalizamos na campanha, nem em Simão Dias ou em outro local, apenas foi mostrado que o candidato do senador Antônio Carlos Valadares e do grupo dele era Valadares Filho. E isso não poderia ser diferente. Em alguns municípios você ainda encontrava pessoas que perguntava a Valadares pelo sobrinho dele e ele dizia que o mesmo estava cuidando da vida dele e informava que o candidato do grupo era Valadares Filho. Porque muitas pessoas há quatro anos votaram em Pedrinho pensando no senado Valadares a partir do momento que observaram que ele tomou outro rumo, totalmente contrário ao que Valadares pensava que era a eleição de Deda estas pessoas compreenderam que não tinham como votar em Pedrinho e ele acabou perdendo a eleição. CN – Como deputado experiente como o senhor analisou o orçamento que chegou na Assembléia para o próximo ano que será administrado pelo novo governador? BC – O governo tem a obrigação de cumprir o calendário. O orçamento já foi encaminhado, estou com ele em mãos, já conversei com o presidente Antônio Passos e com o líder do governo, Venâncio Fonseca e ouvir dos dois que nada será feito sem conversar com a equipe de transição. É preciso lembrar que depois de aprovado você pode fazer remanejamento no orçamento, mas não encontrei até o presente momento nenhuma dificuldade por parte de qualquer membro do governo estadual. O próprio governador já disse que qualquer alteração que a equipe de transição desejar é só apresentar as emendas que serão encaminhadas para a Assembléia Legislativa e automaticamente ocorrerão as modificações necessárias. O primeiro ato que fiz na terça-feira, foi procurar o presidente da Assembléia e o líder do governo que colocaram-se à disposição para as possíveis modificações. CN – O PSB em Sergipe já arregaçou as mangas para ajudar na reeleição do presidente Lula? BC – Já estamos na luta. Todos os que fazem o PSB já foram convocados. Já vamos participar ativamente desta grande carreata da vitória que será realizada neste domingo em Aracaju, saindo do Santo Antonio. Vamos ganhar em Sergipe e em Aracaju. Na eleição do primeiro turno as pessoas estavam comprometidas com o processo, porém as disputas para os cargos proporcionais muitas vezes acaba fazendo com que em determinado momento você centralize mais suas forças em função da sua própria eleição mesmo sabendo que tem a eleição de senador, governador e presidente. Agora estão todos mais tranqüilos, porque a pressão maior já passou, mas todos têm a consciência e sabem da importância de reeleger Lula presidente do Brasil.
Sergipe?
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