“O conjunto do povo de Sergipe optou pela mudança” O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira avalia que o povo sergipano optou pela mudança nas eleições deste ano. Sobre a administração municipal Edvaldo revela nesta entrevista que até o momento o Governo do Estado não repassou a Prefeitura de Aracaju os R$ 500 mil do convênio assinado para a construção da ponte Aracaju/Barra fruto da retirada do terminal de ônibus do bairro Industrial e de uma praça que existia no local. Cláudio Nunes – Qual a avaliação que o senhor faz destes cinco meses à frente da Prefeitura de Aracaju? Edvaldo Nogueira – É uma avaliação bastante positiva. Primeiro porque nós estamos dando continuidade às obras que foram iniciadas e se desenvolveram durante cinco anos e três meses. Nós entregamos o terminal Leonel Brizola, nós entregamos a ciclovia da Avenida Coelho e Campos, continuamos o projeto de recapeamento asfaltico. Nunca choveu tanto em Aracaju, e a cidade resistiu bem por conta das obras de preservação que foram feitas como limpeza de canais e desobstrução de bocas de lobo. Fizemos uma operação tapa buraco nas áreas mais atingidas e agora com o fim das chuvas, acabamos o recapeamento da Avenida Beira Mar e iniciamos na Avenida Rio Grande do Sul. Vamos colocar duas frentes de recapeamento a partir de agora. Retomamos a obra do viaduto e o bate estaca está funcionando a pleno vapor e vamos anunciar até o final deste mês algumas obras importantes. Assinamos esta semana o convênio para a identificação, através de placas de todas as ruas da cidade através de um convênio. E tudo funciona de forma efetiva, como a limpeza, os postos de saúde, a Fundat realizando cursos, assinamos mais um contrato para construção de 160 casas pelo PAR, mais um contrato de micro-crédito, ou seja, continuamos a administração a todo vapor com o projeto que iniciamos em janeiro de 2001, do qual sou participe como vice-prefeito, que visa melhorar cada vez mais a qualidade de vida em Aracaju. CN – Aproveitando que o prefeito falou do viaduto. Já foi resolvido o problema dos terrenos da Codise e do Teatro Tobias Barreto? EN – Infelizmente não. Resolvemos o problema com a Deso, a empresa não sabia onde passava os dutos, mas através da Petrobrás mapeamos a área. Já acertamos com a Deso quanto custará a obra, com a Sergás e a Telemar. Com a Igreja Universal do Reino de Deus e o supermercado Extra também está tudo resolvido. Infelizmente o problema passa por 10 vagas de estacionamento do teatro, em apenas quatro metros e fizemos a proposta que daremos setenta vagas embaixo do viaduto. Já a parte da Codise é um terreno baldio que não tem utilidade. Nós entendemos que é um complicador político, esperamos que o bom senso prevaleça no governo estadual de uma maneira geral, porque é uma obra útil que vai permitir a expansão da cidade. Não é uma obra de Edvaldo que vai melhorar o transito naquele local porque é um caos no horário de pique, e a longo prazo vai permitir a expansão da cidade como via expressa. CN – Se a polêmica continuar, juridicamente a Prefeitura pode fazer a desapropriação? EN – Pode. É o último recurso e não queremos chegar a este nível. Estamos dialogando o máximo com o governo estadual. Estamos dispostos a discutir preços da desapropriação, mas em último caso vamos recorrer a Justiça, porque temos a metade dos recursos da obra que custará R$ 15 milhões. Espero que tenham o mesmo bom senso que nós tivemos quando da construção da ponte. Vou revelar pela primeira vez. Quando estava na interinidade como prefeito, Deda tinha viajado, o governador ligou apressado para assinar o convênio para levar para o BNDES. Liguei para Deda que não fez objeção. Fui a Codise e assinei o convênio que autorizava entre outras coisas, que o governo estadual pudesse derrubar o terminal de ônibus do bairro Industrial e acabar com a praça que existia no local. O governo se comprometeu a repassar R$ 500 mil e até hoje não repassou. Mesmo assim, a Prefeitura não criou obstáculos, não protelou a obra com avaliações e estudos. Contra fatos não há argumentos. Espero agora que o governo estadual, através da Codise e da Secretaria de Cultura tenham a mesma grandeza como nós tivemos em relação a obra da ponte. CN – A oposição através dos meios de comunicação vem criticando a sua administração, afirmando que o senhor ainda não administra de fato. O senhor está preocupado em imprimir uma marca pessoal a esta administração? EN – Não tenho essa preocupação porque tenho a minha marca pessoal, que é todo esse projeto que foi desenvolvido durante os cinco anos e oito meses, que foi elaborado pelo ex-prefeito com a minha participação decisiva como vice-prefeito e como secretário de governo. O projeto é um só e dou a continuidade a ele, inclusive essa deveria ser a postura do administrador, principalmente no meu caso que era vice-prefeito durante dois mandatos e tive participação na construção dele. Não é um projeto pessoal de indivíduos, é um projeto de uma concepção política que deu muito certo em Aracaju e que estou dando continuidade. CN – É difícil compatibilizar o cargo de prefeito e ao mesmo tempo participar efetivamente da campanha eleitoral? EN – Do ponto de vista do trabalho é muito trabalho, mas do ponto de vista de separar as coisas consigo facilmente. A Prefeitura de Aracaju está funcionando perfeitamente, com a cidade funcionando de forma perfeita e correta. A Prefeitura não é utilizada para alavancar candidaturas, não permito da mesma forma que ocorreu com o ex-prefeito. Tanto é que não se tem nenhuma notícia que a máquina foi usada para fins eleitorais, numa demonstração de maturidade que os recursos devem ser usados apenas em benefício dos aracajuanos. Tenho continuado trabalhando neste sentido e tenho participado da campanha eleitoral. O que tenho feito é dormir menos e trabalhado muito mais, porque estou na coordenação da campanha em Aracaju e ajudando a coordenar a campanha no Estado inteiro. Estou trabalhando mais, mas estou separando bem as coisas e dá para compatibilizar na medida que você tem ética, honestidade e compromisso político você consegue fazer as duas coisas. É prazeroso poder tocar a administração e colaborar para que o nosso companheiro Marcelo Deda possa chegar ao governo estadual. ]CN – Qual a avaliação que o senhor faz da campanha de Marcelo Deda até este momento? EN – É algo extraordinário, porque nós temos sentido que o conjunto do povo de Sergipe optou pela mudança e quer a transformação, que combater a mesmice. A população tem claro esse objetivo de encerrar um ciclo político e começar um novo ciclo. Acabar com o ciclo da mesmice, com os mesmos interesses que vêm se repetindo há várias décadas e a população entendeu que isso não serve mais, que é preciso renovar. Nós temos sentido que a população quer mudanças, mas uma mudança que possa trazer efetivamente melhorias e benefícios e isso ela encontra na candidatura de Deda. Porque Deda é o novo, é um novo grupo político, com uma coligação nova, mas ao mesmo tempo não é uma mudança que as pessoas não sabem o que vai ocorrer. Elas têm em Aracaju o referencial da administração de Deda, que transformou Aracaju. As pessoas sabem que este grupo que é liderado por Marcelo Deda é capaz de realizar e isso nos dá uma solidez à candidatura, porque os sergipanos sabem que a mudança que vai ocorrer vai melhorar as vida deles. Sinto que existe uma receptividade imensa casando essa candidatura com a necessidade de mudança que está hoje presente nos corações dos sergipanos. CN – Esse desejo de mudanças que o senhor ressalta é o motivo pelo qual a candidatura de Deda tem conseguido a adesão de vários prefeitos? EN – Também, mas isso é anterior. Porém este projeto que culmina com a candidatura de Deda em 2006 e com a possibilidade de vitória, ele vem sendo trabalhado desde 2000. Em Sergipe tivemos quatro momentos reais de possibilidade de derrotar as elites. O primeiro foi em 1906 com Fausto Cardoso que tentou através de uma revolta derrotar os grupos oligárquicos e acabou assassinado no Palácio do governo. Depois em 1962, Seixas Doria, liderou uma dissidência e se associou a uma parcela dos partidos dominantes derrotando a maior liderança da época que era Leandro Maciel. O governo dele só durou um ano e três meses por conta do golpe militar e não podemos avaliar e compreender o que seria este governo, que na minha opinião seria grande. Depois tivemos outra tentativa concreta em 1994, onde ganhamos no primeiro turno e fomos derrotados no segundo. Agora estamos diante novamente desta possibilidade, de forma inovadora e diferente, fruto da eleição de 2002, que permitiu que a frente que existia apenas com o PT, PCdoB e PCB, pudesse ser ampliada com outros partidos como o PTB, PL e o PSB, fazendo que em 2004 ela fosse consolidada e chegou em 2006 com a possibilidade real de vitória. E a candidatura de Deda que representar essa mudança e os prefeitos observando como ele administrou Aracaju e o trabalho revolucionário que foi feito que serviu de parâmetro para esta candidatura. Existe hoje um sentimento no interior do Estado de abandono do atual governador que construiu apenas duas grandes obras em Aracaju tentando competir com a Prefeitura. São duas obras grandes, mas que não tem alcance social que não atinge diretamente o povo. A orla está bonita, mas principalmente a ponte Aracaju/Barra é uma obra que poderia ser adiada. Com isso os prefeitos sentiram o abandono do interior e que a vitória de Deda possibilitará um processo intensivo de desenvolvimento do interior. Por isso que os prefeitos que estavam desde o início conosco não migraram, com a exceção do prefeito de Lagarto. E olhe que eles foram tentados e o governo fez retaliação não realizando obras, mas eles continuaram e outros agora estão compreendendo a importância da transformação e estão somando-se a este projeto. Espero que até o meio de setembro mais prefeitos venham para o nosso lado para operar a mudança em Sergipe a partir de 2007. EN – Qual a avaliação que o prefeito faz do recurso da coligação do PFL de barrar na Justiça Eleitoral a divulgação das pesquisas dos institutos Ibope e Brasmarket? CN – É o desespero do fim de linha. Usaram da calúnia, da mentira, dos panfletos apócrifos, da agressão pessoal e da pressão política e tudo iss não deu certo. E cada vez mais a candidatura de Deda cresce. Eles próprios, segundo se comenta, fizeram uma pesquisa interna que deu números desfavoráveis e tentaram que a pesquisa do Ibope não fosse liberada. Foi um fato lamentável, foi o retorno da ditadura e a tentativa através do desespero, que atingiu frontalmente a liberdade e a democracia. Eles fizeram pesquisas que foram publicadas, porque não podem ser divulgadas todas. Nós temos o direito de contestar e responder, mas a imprensa tem o direito fundamental de publicar. Acho que foi a primeira que um instituto de repercussão nacional e internacional teve a tentativa de ter cerceado a divulgação de uma pesquisa por um partido que se diz democrático. Porém a Justiça Eleitoral compreendeu essa aberração que seria cometida e a pesquisa foi divulgada na última sexta-feira referendando o sentimento que estamos sentido nas ruas de crescimento da candidatura não só de Deda, com a vitória real no primeiro turno, mas de Dutra para o Senado. CN – Como fundador e militante do PcdoB em Sergipe, qual a perspectiva do partido para as eleições deste ano? EN – É uma perspectiva muito positiva. Estamos engajados de forma efetiva nas eleições de Deda e José Eduardo Dutra. Temos um projeto próprio de ter uma votação boa para deputado federal para ajudar o partido e nosso objetivo principal é a eleição de Tânia Soares para deputada estadual que é uma militante histórica do partido que em dois anos na Câmara dos Deputados, substituindo Deda, teve um destaque grande nacionalmente, com vários projetos. E agora retornou a Câmara de Aracaju e a eleição de Tânia é fundamental para contribuir com a administração de Deda e vai ajudar a melhorar a qualidade da Assembléia Legislativa que precisa de uma re-oxigenação com deputados que possam debater temas que defendam os interesses da sociedade. CN – Preocupa a possibilidade do PCdoB, que é um partido histórico, ser extinto por conta da clausula de barreira? EN – É uma preocupação e um fato lamentável. Sou defensor que o problema do Brasil não está na quantidade de partidos, mas na forma que a representação é feita. Você vota no individuo e conta a legenda isso tem permitido a infidelidade partidária e a interferência forte do poder econômico. A reforma política não é de clausula de barreira que deveria ser no máximo de 2%. Nem a ditadura militar conseguiu colocar 5% na lei. Defendo uma reforma política com fidelidade partidária, o voto em lista que fortaleceria os partidos políticos favorecendo que os militantes e candidatos se preocupassem com os partidos. É preciso instituir a fidelidade partidária e instituir o financiamento público de campanha, com valores bem definidos. Agora a clausula é uma realidade e temos esse desafio. Extinto não seremos, porque é uma partido que resistiu as ditaduras, mas é obvio que poderemos ser prejudicado porque se não atingimos os 5% ficaremos sem bancada e teremos que encontrar outro mecanismo. Lançamos candidatos ao Senado Federal e temos a meta de passarmos dos 12 atuais deputados federais para 20. Agora não é fácil e acho que a reforma política poderia ir por outro caminho.
Edvaldo espera bom senso do Governo do Estado para realização da obra do viaduto.(Foto César de Oliveira).
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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