FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA – 200 ANOS

Quando este artigo for publicado na INFONET estarei na “Boa Terra”. Cidade abençoada pelos deuses, miscigenação de raças e credos, um mar que é só seu, o mar da Bahia, o mar de Salvador, terra de Jorge Amado e Dorival Caymi, do elevador Lacerda e Mercado Modelo, da Lagoa do Abaeté, do acarajé e do abará, do corredor da folia Barra/Ondina, de ACM e Gilberto Gil, do Pelourinho e das 365 igrejas, uma para cada dia do ano, dizem…terra mística, de ogum e xangô, do BA-VI (mesmo que na terceira divisão) , do corredor da Vitória e da ladeira da Barra… Esta é “Salvador, cidade de São Salvador, do Nosso Senhor do Bomfim” que está sendo palco literalmente para o II Congresso Brasileiro de Medicina e Arte que acontece até domingo, 17, no Bahia Othon Pálace, em Ondina, com atividades também na vetusta Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus, a primeira faculdade de Medicina do Brasil.
Fachada da antiga Faculdade de Medicina da Bahia


O mundo médico brasileiro já começa a se arregimentar para as comemorações do bicentenário de fundação dessa escola, que acontece em 2008. A Escola de Cirurgia¸ implantada  em 18 de fevereiro de 1808 no Real Hospital Militar da Bahia, antigo prédio do Colégio dos Jesuítas, pelo Príncipe Regente de Portugal D. João VI, foi na verdade e primeira faculdade de Medicina do país.

O curso teve início com o estudo da anatomia e da arte obstétrica. O grande organizador e primeiro mestre foi o Dr. Correia Picanço, que era um dos médicos de destaque da Corte e teve como primeiro diretor o Dr. Manuel José Estrela, diplomado em Medicina em Lisboa, Portugal. Posteriormente passou a denominar-se Academia Médica Cirúrgica, em dezembro de 1815 e, em 1832, foi transformada em Faculdade de Medicina.


Mais tarde, sob a direção do diretor Dr. Alfredo Brito, foram organizados em seu edifício um grande laboratório  e um centro de estudos. No prédio vizinho funcionaram o Hospital Real e a Misericórdia, que deu início à Escola de Cirurgia.

A Faculdade de Medicina da Bahia, a primeira do país, esteve presente nos mais autênticos movimentos cívicos de grande relevância histórica, como a Independência,  a Guerra do Paraguai, a Sabinada, a Guerra dos Canudos e outros momentos relevantes. Grandes personalidades da medicina brasileira passaram pelos velhos bancos escolares da Faculdade da Bahia. Citamos alguns: Arthur Ramos, grande antropólogo alagoano, Oscar Freire, Nise da Silveira e Rita Lobato Velhos Lopes, a primeira mulher a diplomar-se em medicina no Brasil, sendo filha dos pampas gaúchos.

Os sergipanos que decidiram pela entronização na escola de Hipócrates, na sua maioria, foram estudantes da Faculdade de Medicina de Bahia, alguns poucos foram estudar no Rio de janeiro. Sergipe só veio a ter uma escola médica em 1961 formando a primeira turma em 1966.

Na história da Faculdade de Medicina de Bahia tivemos um sergipano como seu diretor, o Dr.Thomaz Rodrigues Porto da Cruz. Ainda nesta Faculdade foi graduada a primeira médica sergipana, a Dra.Ítala Silva.


Comemorar tão insigne data, reverenciando a  Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus, portal do Pelourinho na “Terra de Todos os Santos”, é dever de todos e obrigação do poder público estadual e nacional, que devem dar todo o apoio para que se preserve a memória e a história dessa instituição que honra as tradições educacionais , culturais e científicas do Brasil.

                                                                                            

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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