“Fiat justitiae, et pereat mundus”…,

“Fiat justitiae, et pereat mundus”…,
                           et emmerdez ces Apps enculés!

Sergipe foi notícia mundial. Toda imprensa escrita, falada, televisada, mal-falada ou malfadada, aí incluída a vasta opiniática via onda distribuída sem peias mundo afora.

Na verdade o nosso pequenino Estado só apareceu porque um feito no Lagarto se fez maior do que o Romero Sílvio, o seu filho mais ilustre.

E veio dali, uma terra de gente trabalhadora, sobretudo no setor de serviços, do boi gordo, da boa alimária, negócios bem feitos em geral, lugar em que nunca a situação está precária, podendo estar “pecuária”, por melhor pronúncia e amplo entendimento.

Lagarto, terra de fumo, quando o fumo não gerava enfisema.

Fumo que nunca foi criminalizado nem proibido, mas que ficou amaldiçoado por nocividade e atentado à vida.

Lagarto, terra de gente firme, corta jaca, algo que ninguém fala mais, porque a jaca nunca ensejara uma jaça, um desdouro, algo que não reluzisse ao ouro sertanejo, tão desprestigiado no pensar litoral.

Os Mil Olhos do Dr Mabuse de Fritz Lang

Lagarto, cidade maior do interior de Sergipe, este pequenino Estado, limitado entre o Rio São Francisco e o Rio Real, cem quilômetro pra cima, outros cem pra baixo, um pouco mais do mar às nossas lonjuras do mesmo salgado mar, acabando na imensidão baiana, cantada em muitas loas, broas e acarajés.

Sergipe terra de fé, imensa sergipanidade; festejada aliás em duas datas; 8 de julho e 24 de outubro. Efemérides inesquecíveis a relembrar nossas lutas de independência, em prol do Rey e contra a República de Frei Caneca do Recife, isso em 1817, e antes contra os Holandeses.

E principalmente na lida contra os del Conde, os suseranos e sucessores da Casa da Torre; daí existirem dois Sergipes; um Del Rey, o nosso, e outro o do Conde, aquele que se perdeu na Bahia, sendo-nos garfado toda terra que se estende entre os Rios Itapicuru e Real, subindo até o São Francisco, enquanto limite original, em controversas mal reversas travadas por Ivo do Prado e Braz do Amaral.

Sergipe Del Rey que fora cortado menor ainda porque era para se estender até o Vaza Barris somente, quando a Estância seria baiana.

Dr. Mabuse observando tudo.

Sergipe, que jamais se apequenou, virando torrão aurífero, por apolínea e respeitosa gente Cotinguiba, terá de Cajueiros e Papagaios, nação de Serigy, Suruby e Aperipê, pregação de João Salônio e Gaspar Lourenço, nos entre-vales do Piauí-Real dadivoso, e do velho Chico caudaloso.

Mas, com tanta coisa boa para divulgar, Sergipe de vez em quando desanda; sai do trilho. Ousa ser a cauda que abana o cachorro, e aí cai no ridículo. Dá chance ao tripudiar solerte do medíocre.

Se em nossa capital discute-se o BRT de cartolina, ou de purpurina, por melhor compatibilidade ao colorido sonho da realidade digital, com o dinheiro público usado sem incúria, afinal tudo se desfará em disúria, já que lamúria não voga nem fede.

Feder mesmo é aquilo que sempre se esconde e nunca aparece num visual de TV, sempre bem remunerado em conta indesejada.

Mas,… isso é outra história; e sempre haverá de haver, e a ver com boas garfadas, pedaladas bem retalhadas em cimitarras bem afiadas e piadas gozosas nos próximos embates eleitorais.

Porque se é possível com uma leve pintura de faixa azul criar uma linha dura por crime novo, mesmo que “Nullum crimen nulla poena si non lege”, em Lagarto o feito foi pior porque descobriu-se que por ali o crime campeia em tráfico incontrolável de drogas alucinógenas.

Contra as drogas somente, e intoxicadas com a perplexidade ambiental, única e só de Lagarto, Polícia, Ministério Público e Juizado de grandes causas dali se juntaram para dar um golpe na nação, quiçá para o mundo.

Tudo porque num caso único universal descobriu-se em terras lagartenses que havia por ali farta comercialização via WhatsApp, especialização nova no varejo e no atacado de alguns cigarros de maconha, ou alguns quilos, ou toneladas, milhares delas ou milhões, em caminhões, carretas, navios ali aportando no Rio Jacaré, no Oiti ou no Pombo, e aviões até pousando, taxiando e empeçonhando, às margens do Urubutinga e do Caiçá,  deixando a inteligência policial dali agônica e atônita, por impedida de coibir tal criminalidade crescente.

E aí alguém teve uma ideia! Sinistra, como toda ideia gestada nestes ambientes autoritários onde o poder temporal, alia-se ao espiritual, desde o tresantontem das eras medievais trevosas, ao ontem das minudências iluministas com decapitações cirúrgicas, rápidas e pouco doridas dos enciclopedistas, e também no hoje e no agora, neste nosso tempo das ondas digitais, com Hertz já esquecido, sempre com legislação bem constituída e bem gerida, com bata, estola e capelo.

Do miolo de Sergipe, e em seu desmiolo por descabelo, sairia a ação decisória, decidida e definitiva, a ser bem empregada pelas polícias europeias e norte americanas na elucidação, quem o sabe, dos crimes atribuídos ao estado islâmico, na Bélgica, na Filadélfia, no Chalie Hebdo e no escambau.

Bastava-se, e ninguém o sabia, bastaria censurar as comunicações, e o WhatsApp seria o primeiro, para que o Estado se empoderasse, palavra tumoral por moda perigosa canceral, adquirindo onisciência impensável, ampla visão sem barreiras e opacidades, algo só visto até então na ficção noir de “Farhenhait 451”, ou em “Os Mil Olhos do Dr. Mabuse”, filmes aterrorizantes da minha mocidade.

Como os fins justificam os meios e os abusos, por decisão judicial proibiu-se o uso do WhatsApp, não no Lagarto somente, ou no aquém restrito do seu limite paroquial, nem também no Estado de Sergipe do São Francisco ao Real, somenos; vedação que se alongou “erga omnes”, por todo o território nacional.

Fahrenheit 451 de François Truffaut; o Estado sempre querendo controlar o cidadão comum.

E o App só não foi bloqueado internacionalmente porque o satélite não era de criação Boliboleana  ou Saramandainense.

E também porque o vezo e o desejo foram emasculados pelas liberdades intrínsecas da internet, que teima em seguir livre e gratuita!.

Gratuita!!!, ó espíritos vulgares!, como suprema liberalidade aos homens de boa ou má vontade, varando longitudes, vencendo latitudes, desafiando altitudes e baixitudes geográficas, grotas, vales e monções, depressões geomórficas, e até as grotescas atitudes do humano proceder.

Todavia, no âmago da má via do “decisum”, por “description” ou desencriptação mesmo, o desejo de verdade, por melhor eficiência e contundência, era rumar o cacete mundo afora; “fiat justitiae, et pereat mundus!”… et emmerdez ces apps enculés.  Até para consumo ladino, latino e baixo gaulês.

“Que a justiça seja feita, e que o mundo pereça!” Pareceu assim o grito que se ouviu.

O que não se escutou mais restou bem sentido, é que o mundo estava sendo mandado,… à merda. “Invité à prendre dans le cul”, também e sobremodo.

O resultado foi o mundo querendo bombardear Lagarto com todo tipo de petardo; uma guerra fora-lhe mal declarada, só por quatro cigarros de maconha, quarenta ou quatro mil, toneladas de alcaloides a granel, navios de tóxico ali aportando no Rio dos Pombos, aos milhares e aos milhões, quando a toxidez era outra, é sempre outra, com o mundo girando qual peru, em grandezas e mediocridades. E os pombos, por fim, sujando a casa.

Várias versões de Fahrenheit 451 do bestseller distópico de Ray Bradbury.

Felizmente o feito malfeito foi desfeito. Louve-se quem o desfez a tempo, porque era para vigorar por apenas 72 horas, um prenúncio de quarentena ameaçada.

Açoitada por chicotada geral, a ingesta e indigesta proibição vigeu por 24 ou 36 horas, ampla e irrestritamente além fronteiras e sem estribeiras Brasil afora, em desfeita mais-que-bem feita contra a minha, a sua, a nossa, a de todos nós, sergipanidade, um episódio a lembrar para lamentar e não repetir.

Ou não? Devemos insistir nesta estultice distópica mal cabida e mandar à merda não só o WhatsApp como todos estes Apps filhos bastardos?

Para uma amiga, escrava de 31 grupos de discussão no WhatsApp; Sim!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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