Foz do São Francisco (SE): espetáculo singular

Carranca abençoa o passeio. Foto: Sílvio Oliveira

Diz o dito popular que quem conhece a foz do rio São Francisco confirma que Deus é Brasileiro. Se a máxima é uma lenda e não pode ser confirmada, afirmar que o Divino foi caprichoso e generoso com a região não é difícil. O cenário é desenhado por mata ciliar, contrastando com vegetação litorânea e dunas em meio às águas esverdeadas do Velho Chico. O farol do Cabeço envolto pelas águas do Velho Chico mostra que a natureza cada vez mais toma o seu espaço. Um espetáculo natural singular de um dos principais destinos do turismo entre Sergipe e Alagoas.

O passeio começa partindo de Aracaju até a cidade de Brejo Grande (SE), distante 137km. No atracadouro do município, partem-se diariamente embarcações de todos os gostos e custos, desde catamarãs, veleiros e pequenas canoas. Ainda em solo, o visitante se depara com as lendárias lavadeiras do Velho Chico, cantadas em prosa e verso pelo folclore nordestino. A viagem ainda está por vir.  O veleiro embarca com a benção da carranca, e logo-logo o turista percebe que está na divisa entre os estados de Sergipe e Alagoas, ao avistar Piaçabuçu (AL).

Imagem de São Francisco é o presente mais vendido. Foto: Sílvio Oliveira

As águas esverdeadas do rio é um convite à contemplação. Do lado direito, mata ciliar; do lado esquerdo, dunas. E assim vai enchendo os olhos dos turistas. Entre uma plantação de coqueiro e outra, podem-se avistar pequenas barracas que servem de abrigo para os pescadores, o que confere um charme rústico ao passeio. A embarcação segue e de longe observa-se um oásis de areia do lado alagoano: o Pontal do Peba.

Do lado sergipano o povoado Saramém também é avistado, porém o foco principal passa a ser o farol do Cabeço em meio às águas. O guia avisa que ali já foi um povoado hoje completamente coberto pelo rio. Uma das causas para a inundação é o forte impacto do represamento do Velho Chico com a construção da Hidrelétrica de Xingó. As águas perderam a força na foz e o mar avançou cobrindo ruas, casas e igreja. Hoje alguns moradores resistem na parte não atingida e outros migraram para o povoado de Saramém. Mas as históricas, contos e lendas deixam o passeio mais agradável quando os turistas são tomadas por lendas da Mãe D’água, das carracas, das piranhas que comem um boi inteiro, do surubim e até mesmo da histórica luta do Velho Chico pela sobrevivência, com suas águas já salinizadas pelo mar.

Praias com águas esverdeadas. Foto: Sílvio Oliveira

O movimento do barco fica mais frenético e assim sabe-se que as águas do rio São Francisco vão dando adeus para se encontrar com o Oceano Atlântico. Da Serra da Canastra (MG), 2.800 km até ali, ele percorre e chega ao final de sua trajetória.

A parada obrigatória é no Pontal do Peba. Os nativos minimizam a falta de estrutura e montam uma feira de artesanato e venda de bebidas e comidas locais. Nada de grandes iguarias. As barraquinhas são móveis e rústicas e disponibilizam somente bebidas, doces e, por ventura, algum salgadinho, tipo pastel, mas vale à pena apreciar as cocadas e doces típicos.

Nas barraquinhas de artesanato móvel do Pontal do Peba, a estátua de São Francisco moldada no barro é o presente mais levada pelos turistas. Segundo os comerciantes, o visitante deve banhá-la no rio para “benzer e batizar” e fazer três pedidos. O santo agradece realizando todos eles.

Pôr do Sol em Saramém. Foto: Georioemar

Depois de comprar e pedir a benção do São Francisco, o banho de rio está garantido. É hora de apreciar ainda mais o que a natureza pode presentear. A embarcação deixa a terra firme e chega ao município de Piaçabuçu depois de subir a correnteza. A duração do trecho é mais demorada e chega até uma hora de percurso. Ao chegar, o visitante é recebido com um cardápio especial em restaurantes que servem desde comidas mais simples até as mais elaboradas. Mesmo assim é melhor fazer reserva com antecedência, caso não vá por uma agência especializada.

Do lado sergipano também há bares e restaurantes com boa estrutura e cardápio especial. Em alguns deles o sistema de alimentação combina com hospedagem. É só escolher um bate e volta ou dormir e apreciar também o pôr do sol? A opção é sua. A natureza garante o espetáculo.

Dicas de viagem

Lendário farol do Cabeço: rio toma conta. Foto: Georioemar

Há agências de viagem que fazem passeios de um dia para a localidade, os denominados “bate e volta”. É uma boa sugestão para quem não gosta de se preocupar em dirigir e procurar pontos de apoio. O preço custa em média R$ 100, incluído almoço e viagem.

Restaurantes e grandes embarcações ficam, em sua maioria, no lado alagoano. É bom contratar uma agência de viagem para fazer a reserva com antecedência e até mesmo verificar os restaurantes locais. Caso não contrate os serviços de uma agência, procure sempre embarcações com o visto da Capitania dos Portos. Segurança é essencial.

Para chegar a Foz do São Francisco partindo de Aracaju segue-se pela BR 101 até o posto da Polícia Rodoviária Federal. A pista passa por reformas, mas há um trecho que está completamente duplicado facilitando o trajeto. No trevo da PRF vira-se à direita pela SE 304, no sentido Neópolis. Continua percorrendo a estrada, passa por Japoatã e a estrada fica um pouco esburacada, mas logo vira à direita e segue a SE 202, sentido Pacatuba-Brejo Grande.

Gastroterapia

Arrumadinho de charque do Bar do Bel. Foto: Sílvio Oliveira

Arrumadinho de carne seca é um dos pratos mais tradicionais da culinária nordestina e pode ser apreciado nos melhores restaurantes de Sergipe. Em alguns deles, o prato é servido como refeição principal acompanhando de arroz e vinagrete. Feijão verde, carne seca, farinha de mandioca e bastante cheiro verde são os ingredientes principais, que também podem ser acompanhados de tomate, cebola e pimentão. Não tem segredo no preparo, mas conta-se que cozinhar o feijão na água do dessalgue do charque dá um sabor especial ao prato.

Na Bagagem

Centro Cultural de Aracaju

O prédio recém-reformado da antiga Alfândega, localizado na praça General Valadão, Centro de Aracaju, tem atraído um bom público nesta temporada do ano por conta da programação de exibição de filmes e exposições. Ao visitar o Centro, o público encontra a Biblioteca da Cultura Sergipana Escritor Mário Cabral, Sala da Cultura Popular Mestre Euclides, Museu Prefeito Viana de Assis. O horário de funcionamento é de segunda a sexta, das 9h às 17h. Telefone: (79) 8853-5424.

São João da Gente

O São João da Gente Sergipana 2015 começou dia 09 de junho e continuará até a véspera de São Pedro, dia 28. Trios de pé de serra, quadrilha juninas, exposições, gravação de programas televisivos. A programação é gratuita e aberta ao público de todas as idades, aos sergipanos e turistas. O Museu da Gente Sergipana está localizado na Avenida Ivo do Prado, 398, Centro, Aracaju.

Marinete do Forró

A Marinete do Forró anima turistas e sergipanos pelas ruas de Aracaju nos dias 22, 23, 25, 26 e 27 de junho. Saindo do primeiro ponto de ônibus da Orla de Atalaia, a Marinete fará um tour pelos principais pontos turísticos de Aracaju, até a Praça Olímpio Campos. Em cada parada, os turistas podem descer e conhecer os locais por aproximadamente 15 minutos. O veículo também passa pela Praça Tobias Barreto, os mercados centrais, o Centro de Artesanato Chica Chaves, Mirante da 13 de julho, e a Praça Olímpio Campos. O passeio dura em torno de quatro horas e deverá ser agendado gratuitamente através do número (79) 3222-1427.

Praia Formosa

Espelhos e túneis d'água, briquedos, equipamentos para atividade física e áreas para contemplação do rio Sergipe comporão o novo cartão postal, que deverá ser inaugurado até dezembro, no bairro 13 de Julho. A orla da Praia Formosa foi orçada em mais de R$ 4 milhões e deverá atrair turistas e sergipanos para a nova área de lazer.

In Box

"Achei bastante interessante o último tema da sua coluna sobre os jesuítas em Sergipe. Conheço já alguns destes lugares, mas é bom ver algo tão importante divulgado para uma população que pouco conhece (e dá valor) à nossa história. Sugestão? Falar no futuro sobre os engenhos de Sergipe, hoje em grande parte arruinados."
Wagner Lima 12/06/2015

"Tenho acompanhado as suas matérias na Infonet. Parabéns!! Tomar do Geru, encantada com Igreja levarei meus pequenos para conhecer."
Valdilene Vieira Santana 10/06/2015

"Digito da Pauliceia, saudoso da riqueza cultural de nosso Estado. Surpreendi-me com sua coluna  de 28/O5, em que você enfoca preciosidades jesuíticas em Sergipe, algo que precisa ser restaurado, divulgado, visitado, conhecido.
Pelas fotos que você incluiu em sua coluna, sem nenhuma dúvida, em minha própria visita à terrinha, devo conhecer tudo isso.
Na medida do possível, divulgue o que existe de riqueza cultural em nosso estado. Há preciosidades em Maruim, Itabaiana, Lagarto, Tobias Barreto, Propriá, Tomar de Geru, com sua igreja magnífica, Divina Pastora…
Resido em São Paulo, Capital, mas o lastro é nosso precioso estadinho (no sentido afetivo). Cumprimento-o por seu blog, que deve ser o melhor dessa série do Infonet, que vai perdendo os melhores blogueiros."
Abraço sergipense. M. Cardoso 31/05 (Professor e Escritor)

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silviooliveira@infonet.com.br

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