Profª. Gabriela Rezendes Silva
Graduada em História (UFS)
Mestranda em Ensino de História (UFS)
Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)
E-mail: gabriela@getempo.org
Orientador: Prof. Dr. Dilton Cândido Santos Maynard (UFS/DHI)
Diferente da maioria das capitais que já existiam como cidades, Aracaju foi elevada à categoria de cidade no mesmo instante em que se tornou a nova capital da Província de Sergipe. Conhecida como “cajueiro dos papagaios”, a atual capital sergipana foi criada em 17 de março de 1855, pela lei provincial nº 473.
A jovem cidade foi muito criticada em sua fundação, principalmente porque a capital anterior da província, a cidade de São Cristóvão, ocupou papel de destaque na história sergipana por mais de 250 anos. Mesmo que São Cristóvão não estivesse atendendo aos interesses econômicos por causa da impossibilidade de escoamento da produção açucareira – não existia condições para se ter um porto – possuía as características básicas para o bom funcionamento de uma cidade, diferente de Aracaju, a qual precisaria ser de fato criada, já que praticamente só havia mangues e pequenas povoações, como a do Santo Antônio do Aracaju.
Apesar das discussões acerca da mudança da capital (discussões que já viam ocorrendo há anos, pois os grandes produtores e políticos sergipanos não queriam continuar dando lucro à Bahia, desejavam produzir, pesar e vender o açúcar aqui) e das inúmeras candidatas ao posto – sim, as cidades de Laranjeiras, Estância, Itaporanga e Maruim ambicionavam tornar-se a nova capital – a grande vencedora da disputa foi Aracaju, pois sua proximidade com o mar e o fato de ser banhada pelo Rio Sergipe, foram fatores determinantes para que o então presidente da província, o jovem advogado Inácio Joaquim Barbosa, a escolhesse.
Joaquim Barbosa, que antes estava no governo do Ceará, foi mandado para Sergipe para resolver o problema da mudança da capital, pois por ser de fora estaria “isento” de influências dos dois grupos dominantes, os conservadores, chamados de “camundongos”, e os liberais, conhecidos como “rapinas”.
Após longas discussões, Inácio Barbosa tomou sua decisão: “Fica elevado à categoria de cidade, o povoado do Santo Antônio do Aracaju na barra do cotiguiba com a denominação de cidade do Aracaju”. A partir de então, iniciou-se o processo de criação da capital. Para tanto, o presidente da província contratou o engenheiro Sebastião José Basílio Pirro. De acordo com o projeto de Pirro, Aracaju foi construída formando quarteirões simétricos que lembravam um tabuleiro de xadrez.
Aos poucos, a cidade de mangues, considerada inóspita por alguns – e de fato nos anos iniciais foi difícil viver em Aracaju, visto que foram muitas as pessoas vítimas de febres intermitentes e doenças misteriosas, inclusive, naquele mesmo ano, em 06 de outubro de 1855, o próprio Inácio Joaquim Barbosa fora vítima de malária –, foi ganhando forma, ruas, moradores e tudo o mais que uma capital precisa. Apesar das décadas iniciais terem sido marcadas por desafios e grandes dificuldades, Aracaju cresceu e permaneceu sendo a capital de Sergipe. Hoje, muito amada pelos aracajuanos e demais moradores do estado.